Uma das principais plantas daninhas causadoras de danos na cultura da soja é a Buva, (Conyza sp.), as principais espécies e mais comuns de serem encontradas são a Conyza bonariensis e a Conyza canadensis.
Figura 1. Conyza bonariensis em estádio inicial do seu desenvolvimento.
Figura 2. Conyza canadensis em estádio inicial do seu desenvolvimento.
Note que ambas são muito semelhantes, no estádio inicial do desenvolvimento, as diferenças ficam por conta principalmente do recorte das folhas.
Se não controlada, a Conyza pode prejudicar consideravelmente o cultivo da soja, seus danos chagam a afetar significativamente a produtividade da cultura, tendo perdas estimadas de até 14% na produtividade da soja quando constatada a presença de uma planta de Buva por metro quadrado (SUPRA PESQUISAS). Além da diminuição na produtividade, GAZZIERO et al. (2010) destaca que a presença da Buva nas lavouras de soja pode interferir negativamente também na qualidade do produto, sendo que os autores identificaram aumento de impureza nos grãos de soja variando de 1,8 a 6% dependendo do nível de infestação da lavoura.
Figura 3. Interferência de diferentes populações de Buva na Produtividade da soja.
Mas como diminuir a interferência da Buva na produtividade da soja?
Uma fator dificultoso do manejo e controle da Buva é o fato da daninha apresentar resistência conhecida ao glifosato, herbicida mais utilizado para controle de plantas daninhas na cultura da soja com tecnologia RR. Entretanto, é possível trabalhar com estratégias de manejo que possibilitam uma maior eficiência no controle da buva.
Uma delas é o controle da buva na entressafra da soja, prática que segundo GAZZIERO; ADEGAS; VOLL. (2013) possibilita um controle mais eficiente da buva, além de proporcionar redução na produção de sementes das plantas daninhas e com isso diminuir o incremento no banco de sementes do solo, além de diminuir a infestação das daninhas nas culturas de verão, principalmente na soja.
Os autores ainda enfatizam que a entressafra da soja é o momento ideal para realização do manejo e controle de plantas daninhas, aumentando a eficiência do controle e diminuindo a interferência das daninhas na cultura da soja.
Além disso, é fundamental atentar para o estádio de controle da buva. Avaliando a eficiência de controle da buva com glyfosate + 2,4-D e amônio-glufosinate em diferentes estádios do desenvolvimento da planta daninha, OLIVEIRA NETO et al. (2010) observaram que quanto maior o porte da Buva, mais difícil e ineficiente o controle, destacando a importância de se controlar a cultura nos estádios iniciais do seu desenvolvimento.
Veja também: Controle de Conyza summatrensis em diferentes estádios de desenvolvimento pelo herbicida Diclosulam+Halauxifen-methyl
Figura 4. Porcentagem de controle de Conyza bonariensis em diferentes estádios do desenvolvimento aos 7 dias após a aplicação de glifosato + 2,4-D e amônio-glufosinate. Linhas em vermelho representam 95% do controle e linha azuis representam 80% do controle.
Os resultados encontrados por OLIVEIRA NETO et al. (2010) vem a complementar as informações fornecidas por Juliano Bortoluzzi Lorenzetti, Doutorando da Universidade Federal do Paraná e integrante do Grupo Supra Pesquisas. No vídeo, Juliano destaca a importância do controle das plantas daninhas no período de entressafra, com a utilização de herbicidas pré-emergentes.
Juliano chama atenção para a notória emergência de plantas daninhas, em especial da Buva, proveniente do banco de sementes do solo (figura 5).
Figura 5. Emergência de plantas daninhas provenientes do banco de sementes do solo.
Segundo o Pesquisador, “tão importante quando fazer o manejo pré-emergente é fazer o manejo antecipado da Buva” para se aumentar a taxa de eficiência no controle da buva, priorizando seu controle nos estádios iniciais do desenvolvimento da planta daninha, onde o controle é mais facilitado.
Juliano ainda comenta que o controle ineficiente da Buva acarreta “escapes” da planta daninha para as próximas safras, resultando em plantas daninhas bem desenvolvidas e de difícil controle causando impactos negativos no cultivo da soja.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do pesquisador.
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Referências:
GAZZIERO, D. L. P. et al. INTERFERÊNCIA DA BUVA EM ÁREAS CULTIVADAS COM SOJA. XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas. Jul. 2010.
GAZZIERO, D. L. P; ADEGAS, F. S; VOLL, E. A IMPORTÂNCIA DO MANEJO DE ENTRESSAFRA NO CONTROLE DE BUVA E CAPIM-AMARGOSO. Resumos da XXXIII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Londrina, ago. 2013.
LORENZI, H. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS – PLANTIO DIRETO E CONVENSIONAL. Instituto Plantarum, ed. 7, 2014.
OLIVEIRA NETO, A. M. et al. MANEJO DE Conyza bonariensis COM GLYFOSATE + 2,4-D E AMÔNIO-GLUSOFINATE EM FUNÇÃO DO ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO. Rev. Bras. Herb., v.9, n.3, p.73-80, 2010.
Sobre o autor: Maurício Siqueira dos Santos, Engenheiro Agrônomo formado pela UFSM. Atualmente Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM e Integrante da Equipe Mais Soja.