A brusone, (Magnaporthe oryzae/Pyricularia oryzae), tem sido considerada uma doença importante, especialmente pelas altas perdas produtivas em culturas no centro-sul brasileiro (Santana et al., 2020). Rocha et al. (2014) destacam que a brusone do trigo constitui-se num dos principais entraves à expansão da produção tritícola no Brasil Central.
A brusone é considerada uma doença de espiga, caracterizada pela coloração das espiguetas acima do local de infecção do patógeno no raquis, onde é possível observar um ponto de escurecimento (Santana et al., 2012). Como principais consequências da doença temos a má formação dos grãos, resultando em grãos menores e enrugados, afetando diretamente a produtividade da cultura.
Figura 1. Sintomas típicos de brusone em trigo.
Segundo Goulart; Sousa; Urashima (2007), a perda de produtividade média do trigo em função da ocorrência de brusone é de aproximadamente 10%, sendo que componentes de produtividade como o peso por espiga são os mais afetados. Entretanto, cabe destacar que em condições favoráveis ao desenvolvimento da doença (anos chuvosos e com temperatura em torno de 25°C), perdas de produtividade de até 100% podem ser observadas, comprometendo a viabilidade da lavoura.
Embora o controle eficiente da brusone exija uma séria de medidas integradas, tais como uso de sementes sadias, tratamento de sementes, e uso de diferentes cultivares, entre outras (Santana et al., 2012), Rocha et al. (2014) destacam que em virtude de fatores como a disponibilidade limitada de cultivares resistente à brusone e adaptadas às distintas condições de cultivo de trigo no Brasil, o controle químico ainda é a principal ferramenta utilizada no manejo da cultura por parte dos produtores.
Conforme observado por Santana et al. (2020), os danos ocasionados pela brusone estão diretamente relacionados a incidência da doença, uma vez que uma alta pressão da doença acarreta uma perda significativa no rendimento de grãos. Os autores avaliaram a eficiência de fungicidas para controle da brusone na safra 2019, e observaram que conforme o nível de infestação e severidade da doença, o controle químico com o uso de fungicidas pode ser ineficiente.
No estudo conduzido por Santana et al. (2020), os autores avaliaram fungicidas de diferentes grupos químicos, com variados princípios ativos (azoxistrobina, bixafem, clorotalonil, epoxiconazol, mancozebe, piraclostrobina, protioconazol, tebuconazol, trifloxistrobina) e distintos modos de ação: inibição da respiração, inibição da biossíntese do esterol em membranas e com atividade de contato multissítio (Santana et al., 2020).
Veja mais: Brusone no Trigo – Ciclo da doença, sintomatologia e manejo
Tabela 1. Incidência, severidade e índice de doença de brusone, peso do hectolitro (PH) e rendimento de grãos de trigo em Guarapuava, PR, ensaio E1. Ensaios Cooperativos para controle de brusone – safra 2019.
Infelizmente, os resultados obtidos por Santana et al. (2020) evidenciam que em anos e locais favoráveis à brusone, o nível elevado da doença faz com que nenhum tratamento fungicida seja capaz de reduzir os danos à produção de grãos de trigo, mesmo que minimizem os danos, a obtenção de elevados índices de controle na maioria dos casos não se obtém.
Confira o trabalho completo de Santana et al. (2020) clicando aqui!
Referências:
GOULART, A. C. P.; SOUSA, P. G.; URASHIMA, A. S. DANOS EM TRIGO CAUSADOS PELA INFECÇÃO DE Pyricularia grisei. Summa Phytopathol., Botucatu, v. 33, n. 4, p. 358-363, 2007. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/sp/a/3NjJdFNFYR5JY
XRnytGCBdf/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 15/09/2021.
ROCHA, J. R. A. S. C. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA BRUSONE EM TRIGO. Summa Phytopathol., Botucatu, v. 40, n. 4, p. 347-352, 2014. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/sp/a/bpmTSVr9xBD3WfJZdgGm3TF/?lang=pt&format=pdf >, acesso em: 15/09/2021.
SANTANA, F. M. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE BRUSONE DE TRIGO: RESULTADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS, SAFRA 2019. Embrapa, Circular Técnica, n. 55, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/221153/1/CircTec-Online-55-2021.pdf >, acesso em: 15/09/2021.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 15/09/2021.
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