O Trigo (Triticum aestivum L.) é uma gramínea de ciclo anual, que está presente diariamente nas mesas dos brasileiros, sendo a farinha e sua utilização na confecção de pães, massas, biscoitos etc.., sua principal forma de consumo ou até mesmo fornecido nas rações animais. No Brasil, a produção anual varia entre 5 e 6 milhões de toneladas, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde cerca de 90% dessa produção total está concentrada no Sul do Brasil. Existem diversos fatores que afetam a produção de trigo no Brasil, sendo as plantas daninhas um destes fatores.
O manejo para controle de plantas daninhas é essencial e auxilia os produtores para que estes atinjam as produtividades desejadas. Em termos de produtividade, em situações extremas as plantas daninhas podem reduzir mais de 80% da produtividade de uma lavoura de trigo, porém essa perda de produtividade pode variar conforme as espécies infestantes, a densidade populacional, a duração da competição e com as condições do ambiente.
Existem diversas espécies que afetam a cultura do trigo em todo país. No Sul do Brasil, as gramíneas com maior incidência são o Azevém (Lolium multiflorum), a Aveia-preta (Avena strigosa) e a Aveia-branca (Avena sàtiva). Já as espécies de folhas largas com maior importância são a Nabiça (Raphanus raphanistrum é R. sativus), o Cipóde-veado (Polygonum convolvulus), a Erva-salsa (Bowlesia incana) e a Buva (Conyza bonariensis e C. canadensis). Nos anos em que as temperaturas médias são mais elevadas (acima de 15-20OC), ocorrem também outras invasoras de folhas largas, comuns no verão, mas que podem surgir nessa época do ano, como por exemplo, o Picão-preto (Bidens pilosa), a Corriola (lpomoea spp.), a Guanxuma (Sida spp.) e a Poaia (Richardia brasiliensis). O controle de plantas daninhas, no trigo, pode ser dividido em duas etapas principais: antes da implantação da cultura, no manejo pré-semeadura (dessecação pré-semeadura) e após a implantação da cultura no manejo em pós-emergência da cultura.
Se tratando do manejo pré-semeadura, podemos fazer um controle mais intenso e especifico, selecionando plantas de folha larga ou de folha estreita, com herbicidas de maior espectro de ação, como 2,4-D, Metsulfurom, Glifosato,
sendo assim mais assertivo no controle. Do contrário, não vale quando a cultura já está implantada, o fluxo de plantas invasoras como nabo tende a ser maior, desse modo devemos realizar aplicação de herbicida seletivo ao Trigo e com espectro de folha larga.
Na pós emergência pode se ter ocorrência de plantas invasoras e nocivas como Azevém e Aveia, onde se deve fazer o acompanhamento do estágio fenológico dessas invasoras , para que possamos realizar aplicações de herbicidas com ingrediente ativo específico (Iodosulfurom-metílico), buscando uma maior eficiência no controle reduzindo assim, a competição com o trigo e não impactando a produtividade. Nos primeiros 35 dias pós emergência é onde devemos ter uma maior atenção e acompanhamento do fluxo de folhas largas e folhas estreitas, para que possamos fazer seu controle mais efetivo.
Resumindo, o manejo de plantas daninhas na cultura do trigo passa por uma dessecação pré semeadura bem feita e estabelecimento da cultura no limpo bem como, uma atenção e acompanhamento especial da lavoura nos 35 primeiros dias após a emergência do trigo, buscando a melhor tomada de decisão quando ao momento e herbicida a ser utilizado.
Autores: Filipe Belchor Barcelos e Gabriel Alencar Pasinatto – ET Ciências Agrárias – UFSM/FW