Durante praticamente todo o mês, os preços do arroz em casca operaram acima dos R$ 49,00/sc – patamar significativamente alto para este período de colheita. Na última dezena de março, houve ainda uma forte valorização, elevando o Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros (média ponderada), para R$ 51,92/sc de 50 kg no dia 31, recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 2005.
Esse movimento foi favorecido pela postura mais ativa de agentes, que anteciparam suas compras para atenderem à demanda dos setores varejistas e supermercadistas, que estão preocupação com questões de saúde pública, devido à pandemia do coronavírus. Além disso, a restrição de oferta e a significativa valorização do dólar contribuíram para as altas.
Com o dólar forte ao Real, houve maior interesse externo pelo cereal brasileiro, a preços mais atrativos para o produtor. Assim, a comercialização para o mercado internacional teve grande interesse para agentes de praticamente todas as praças acompanhadas pelo Cepea, em detrimento das vendas para o mercado doméstico, com valores menos competitivos. Os embarques favorecerem a procura do arroz do RS por estados como São Paulo, Paraná e Santa Catarina, segundo colaboradores do Cepea.
Em um contexto atípico para a comercialização arrozeira, com condições desfavoráveis para a logística e a indefinição do mercado, algumas indústrias gaúchas optaram até por suspender novas vendas do arroz beneficiado. Segundo colaboradores, houve dificuldade de encontrar caminhoneiros disponíveis para realizar o transporte para outros estados.
Em relação às lavouras, o clima seco e as variações de temperatura no último mês resultaram em maior incidência de grãos quebrados em algumas regiões. Nesse cenário, o produtor, preocupado com a qualidade do cereal colhido, intensificou os trabalhos de campo – cenário que influenciou a ausência das ofertas de venda.
No Rio Grande do Sul, a colheita do arroz já está em 56% da área total implantada, segundo a Emater/RS, volume 51% maior frente ao último relatório, divulgado em fevereiro. Das lavouras que ainda estão no campo, 8% estão em enchimento de grãos e 36% estão maduros para colher.
Mercado Externo
Em março, as exportações brasileiras de arroz ficaram estáveis (-0,2%) em relação ao mês anterior, somando 83,44 mil toneladas, mas recuaram 47,5% no comparativo com o mesmo mês de 2019, segundo a Secex. Já as importações nacionais de arroz cresceram expressivos 40,5% no mês, totalizando 115,22 mil toneladas, 48,6% superior ao registrado em mar/19.
Quanto aos preços, o Índice da FAO (composto por 16 preços de referência de exportação de arroz) referente a março registrou avanço pelo terceiro mês consecutivo, indo para 232 pontos, alta de 1,75% em relação a fevereiro.
Secex
Especificamente em março, envios do grão ao mercado internacional somaram 83,44 mil t, em linha com o registrado em fevereiro (-0,2%). O preço médio do produto enviado ao exterior foi de R$ 1.410,11/tonelada (R$ 70,51/sc de 50 kg), FOB (Free on Board, origem), valor 17,7% superior, em termos nominais.
Já as importações totalizaram 115,28 mil t – volume 40,5% superior ao observado em fevereiro deste ano. O preço médio do arroz importado foi de R$ 1.215,58/tonelada (R$ 60,78/sc de 50 kg), FOB, 10% superior ao de fevereiro de 2020, também em termos nominais. As exportações não superaram as aquisições no acumulado de março, resultando em balança comercial deficitária em 31,78 mil toneladas.
Fonte: Cepea