O objetivo deste trabalho foi identificar a composição química e avaliar a atividade inseticida do óleo essencial de E. globulus sobre A. gemmatalis

Autores: Rahyssa C. Hahn1; Verônica T. da Silva1; Camila B. Vicenço1; Neiva M. Barros1

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização e inserção de informações dos autores

Introdução 

O Brasil é o segundo maior produtor de soja (CONAB, 2018). Esta monocultura, da germinação do grão à colheita, está sujeita ao ataque de insetos. Logo após a germinação, a partir do início do estádio vegetativo, vários insetos danificam a cultura (Hoffman-Campo, et al. 2000). Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Erebidae), conhecida como lagarta-da-soja, é um dos principais insetos-praga desta cultura, alimenta-se da parte vegetativa, causando deficiências no mecanismo fotossintético da planta e futuros danos econômicos.

A supressão da lagarta é realizada por meio de agrotóxicos, prática que causa danos ao meio ambiente, ao homem e desequilibra o ecossistema. Como forma alternativa a este controle, pode-se citar a utilização de óleos essenciais ou extratos botânicos. O óleo essencial de eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.), possui em sua estrutura química, compostos com atividade inseticida.

Visando alternativas ao Manejo Integrado de Pragas, o objetivo deste trabalho foi identificar a composição química e avaliar a atividade inseticida do óleo essencial de E. globulus sobre A. gemmatalis.

Material e Métodos

Folhas de eucalipto foram coletadas dos arredores do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul e submetidas à secagem em secador de fluxo de ar, em temperatura constante de 40oC, por 72 horas.O material vegetal foi submetido a extração por hidrodestilação, utilizando-se um aparelho do tipo Clevenger, para obtenção do óleo essencial. O óleo foi acondicionado em frasco âmbar e armazenado a uma temperatura de 4°C até a realização do bioensaio.

A análise fitoquímica do óleo essencial foi feita por meio de CG/MS e CG/DIC. Para o bioensaio foram utilizadas 30 lagartas de 3º ínstar para cada tratamento e grupos controles, provenientes da criação mantida no Laboratório de Controle de Pragas a 26°C ± 1 e umidade relativa de 75% ±1 em dieta artificial (Greene et al., 1976). As lagartas foram individualizadas em copos plásticos, com dieta artificial contendo o óleo essencial em cinco alíquotas (0,1%, 0,5%, 1,0%, 1,5% e 2,0%) diluídos em Tween®-80 (0,5%) para que houvesse diluição completa na dieta artificial.

Como controle positivo, foi utilizado o inseticida químico Rimon® SUPRA, cujo princípio ativo é novaluron, na concentração 0,075% e como controles negativos água e Tween® -80 (0,5%).

Resultados e discussão

Na análise fitoquímica do material vegetal identificou-se como composto majoritário o 1,8- cineol (78,94%), seguido de acetato de terpinila (5,48%) e a-tujeno (5,27%). As taxas de mortalidade foram avaliadas em 24, 48 e 72 horas após o início do experimento. Em 24 horas observou-se 100% de mortalidade das lagartas em contato com o óleo essencial a partir da concentração de 0,5% (Gráfico 1).

Figura 1: Foto da lagarta morta pelo óleo na concentração 0,5% e foto da lagarta viva no controle em 24 horas.

Gráfico 1: Mortalidade de Anticarsia gemmatalis quando exposta aos tratamentos em 24 e 48 horas após o início do experimento.

Em 72 horas verificou-se 100% de mortalidade dos insetos no controle positivo. E na concentração 0,1% as lagartas não apresentaram mortalidade significativa dentro do período avaliado, As lagartas expostas apenas ao controle negativo não apresentaram mortalidade (Gráfico 2).

Gráfico 2: Mortalidade de Anticarsia gemmatalis quando exposta aos tratamentos em 72 horas após o início do experimento.

Conclusão 

O estudo evidencia que as lagartas-da-soja expostas ao óleo essencial de eucalipto apresentaram resultados satisfatórios de mortalidade, mesmo quando comparado ao inseticida químico. Isso confirma o potencial inseticida do óleo essencial de E. globulus contra a lagarta-da-soja.

Referências

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. 2018. Acompanhamento da safra brasileira grãos. V. 5. N. 9. [(Acessado em 20 de junho de 2018)]. Disponível (online): https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos.

Greene, G.L.; Leppla, N.C.; Dickerson, W.A. (1976). Velvetbean Caterpillar: a rearing produce and antificial médium. Journal of Economic Entomology. 69: 487-488.

Hoffmann-Campo, C.B. et al (2000). Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Embrapa Soja. Circular Técnica, p 30.

Informações dos autores   

Instituto de Biotecnologia-Universidade de Caxias do Sul-Rio Grande do Sul,Brasil.

Disponível em: Anais do XXVII Congresso Brasileiro de Entomologia,  2018. Gramado, RS.

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