Para a cultura do milho, já houve um período em que os percevejos eram considerados pragas secundárias. No entanto, esta realidade não é mais a mesma. Hoje em dia, estes insetos são pragas importantes do cultivo e podem causar danos expressivos.

Uma das razões pela qual eles se tornaram pragas principais em milho, é pelo fato de, na maioria das vezes, esta cultura ser cultivada na sequência de outro cultivo que também é hospedeira da praga. Assim, sempre existem em campo as condições adequadas para que os percevejos mantenham sua população alta.

É preciso impedir que este ciclo se reproduza na lavoura, por isso, no artigo de hoje nós vamos te apresentar as 5 principais dicas para você adotar em sua propriedade e manter essas pragas longe de suas plantas.

Danos causados pelos percevejos em milho

Os percevejos podem atacar as raízes, o colmo e o grão na espiga de milho. As diferentes espécies que ocasionam tais danos em cada região da planta, ao se alimentarem, injetam sua saliva que facilita a ingestão de seiva, mas é toxica para a planta.

O nível dos danos causados por esta alimentação dependerá do número de insetos presentes na planta, assim como o estádio de desenvolvimento em que ela se encontra. Em níveis populacionais altos de insetos, o ataque das pragas pode levar a planta a morte.

Percevejo em planta de milho. (Fonte: Dekalb)

Quando não ocorre a morte da planta, os sintomas ocasionados podem ser de atraso no desenvolvimento, deformações, furos simétricos nas folhas que prejudicam a fotossíntese, amarelecimento da planta e comprometimento das espigas.

Redução de perfilhos e atraso no desenvolvimento de plantas de milho atacadas por percevejo. (Fonte: André Shimohiro para Adama)

Percevejo atacando planta de milho. (Fonte: André Shimohiro para Adama)

Você viu que os danos pelo ataque de percevejos são significativos para a produção de milho, certo? Para evitar que os ataques se agravem e reduzam a produção ou a qualidade dos grãos, é preciso adotar medidas preventivas contra estes insetos-praga desde o estabelecimento da cultura no campo.

Algumas destas medidas são fundamentais para que se mantenha a população de percevejos abaixo do nível de dano econômico. Veja a seguir.

  1. A dessecação antecipada

Com o objetivo de eliminar as plantas hospedeiras de percevejos, a dessecação antecipada ajuda a diminuir a população de insetos antes de implantar a lavoura de milho.

Frequentemente, o ataque de percevejos já começa no cultivo de soja quando esta é a cultura que antecede o milho. No final do ciclo da soja, os danos causados pelos percevejos não são facilmente observados, mas é comum que a população de insetos esteja alta.

Quando a colheita de soja é realizada, os insetos buscam plantas alternativas para se instalarem, como as plantas daninhas, e desta forma, mantém a população presente na área e pronta para atacar o milho que será cultivado em seguida.

É por conta deste fato que a dessecação é tão importante e deve ser realizada o mais cedo possível, antes de o milho ser semeado.

  1. Impedir ponte verde para o percevejo

Os percevejos são insetos polífagos, o que quer dizer que são capazes de se alimentar em uma série de plantas. Milho, soja, feijão e trigo são algumas das culturas que são fonte de alimento para estes insetos. Quando estas culturas são plantadas em sucessão, além das plantas daninhas já presentes na área, o ambiente acaba sendo sempre favorável para o estabelecimento da praga.

Percevejo barriga-verde. (Fonte: Atua Agro).

Isto deve ser evitado. É preciso interromper o ciclo da praga deixando de oferecer as condições de sobrevivência que eles precisam; e você consegue fazer isso com rotação de culturas que não são hospedeiras de percevejos.

Se você introduz um cultivo que não é fonte de alimento para os percevejos, eles não conseguirão se manter na cultura e se reproduzir. Desta forma, quando você voltar a cultivar o milho, certamente a população de percevejos será menor.

  1. Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma tática que em conjunto com as demais, protege as plântulas de insetos que possam estar presentes na lavoura desde o cultivo anterior.

Um bom tratamento de sementes, com os inseticidas recomendados para esta finalidade, com a dose correta e aplicados de maneira homogênea, conferem uma excelente proteção para as sementes que irão para o campo.

Você pode verificar os inseticidas que são registrados para tratamento de sementes de milho no portal Agrofit do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.

  1. Associar os métodos de controle químico e biológico

Combinar os métodos de controle resulta em uma grande redução dos percevejos.

Quando o monitoramento indicar que é necessário controlar os insetos, você deve entrar com o controle químico. No entanto, você pode se prevenir e adotar o controle biológico com inimigos naturais, como as vespas parasitoides de adultos ou ovos, e fungos entomopatogênicos, para que os inseticidas químicos sejam utilizados em pouquíssimas ocasiões.

Além da liberação de insetos benéficos ou aplicação de produtos biológicos, naturalmente no ambiente existem também os organismos que controlam uma parte das pragas. Por isso, como forma de proteger estes controladores biológicos de pragas, utilize os inseticidas de acordo com as recomendações de aplicação.

Percevejo-marrom Euschistos heros controlado pelo fungo Beauveria bassiana. (Fonte: Zambiazzi et al. 2011)

Caso aplique inseticidas químicos, lembre-se de rotacionar os princípios ativos dos produtos, com modos de ação diferentes para evitar a seleção de insetos resistentes.

  1. Monitoramento da lavoura

O monitoramento constante disponibiliza ao produtor as informações que são base para conhecer o nível de dano causado pela praga, assim como o momento ideal de entrar com o controle.

Se você monitora a lavoura, é capaz de identificar o nível de dano que pode ser tolerado em cada estádio de desenvolvimento do milho, assim como o custo da aplicação de um produto naquele momento e se é viável e/ou necessário realizar este controle.

As lavouras de milho com finalidades de produção diferentes irão tolerar mais ou menos o ataque de pragas. Do mesmo modo é no que diz respeito ao número de insetos encontrados no monitoramento e a espécie do percevejo que está atacando a planta em cada estádio. Via de regra, quanto menor o estádio de desenvolvimento da planta, maior o prejuízo causado pela praga.

Portanto, monitore frequentemente a sua lavoura!



Conclusão

Em resumo, estas são as principais dicas para você que precisa lidar com as infestações de percevejos na lavoura de milho.

Adote estas práticas antes mesmo de iniciar o plantio e verá que os resultados alcançados serão muito mais eficientes. Mas, não deixe de monitorar até o final do ciclo, pois há percevejos que causam danos até mesmo nas espigas já formadas.

Use também as estratégias que integrem todas as táticas de manejo, além de semear na época indicada, com o estande de plantas adequado, escolha o híbrido que é recomendado para as suas condições e, como falamos no artigo, monitore frequentemente a lavoura.

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