Durante o desenvolvimento da cultura da soja, uma das pragas economicamente mais significativas são os percevejos. Existem, na Argentina, principalmente quatro espécies que causam os maiores danos a cultura no final do ciclo (as espécies predominantes diferem entre os países): Nezara viridula (percevejo-verde), Piezodorus guildinii (percevejo-verde-pequeno), Dichelops furcatus (barriga-verde) e Edessa meditaunda (percevejo da soja).

Foto 1: Ninfas. Saber identificar a espécie é essencial para a correta tomada de decisão.

No levantamento anual que o REM realiza à Aapresid Partners, o complexo de percevejos  na safra 2020/21 ficou em segundo lugar em importância como praga da cultura da soja com 20%, atrás apenas da lagarta Helicoverpa (Helicoverpa gelotopoeon) (37%).

Por que é importante manejar percevejos?

Sem dúvida, pelos danos que causam. Estas se iniciam nas fases reprodutivas da lavoura, quando se alimentam das vagens e grãos em desenvolvimento, afetando diretamente a produtividade em quantidade, peso e qualidade dos grãos, ainda mais se o destino da produção for a semente.

O dano é causado pela sucção do conteúdo celular dos tecidos vegetais através de suas peças bucais sugadoras, secretando enzimas tóxicas que ajudam a liquefazê-los para facilitar a deglutição. O período de maior sensibilidade a esses insetos é aquele que vai do início da formação das vagens (R3) até o início do enchimento dos grãos (R5), onde os danos costumam ser mais severos.

As principais consequências causadas são:

  • Parada do desenvolvimento de grãos;
  • Aborto de pequenas vagens;
  • Deformação e descoloração do grão;
  • Modificação na quantidade de carboidratos e lipídios nas sementes;
  • Atraso na maturação da planta (retenção foliar devido à abscisão do fruto);
  • Facilitação da entrada de patógenos causadores de doenças (bacteriose e fungos).

Dentro do complexo, todos os percevejos são iguais?

Para o cultivo da soja, P. guildinii apresenta maior potencial de dano do que as outras três espécies que compõem o complexo na Argentina, enquanto  D. furcatus pode ser considerada a espécie menos danosa. Por isso é de extrema importância a correta identificação e diferenciação dos indivíduos presentes em um lote.

Tabela 1: Descrição dos adultos de acordo com a espécie

Outra característica desta praga é que ela tem a capacidade de produzir grandes danos em baixas densidades, razão pela qual é fundamental quantificar a presença de indivíduos por meio do monitoramento com o uso do pano vertical.

É aconselhável NÃO fazê-lo em horários de temperatura mais altas, pois os percevejos se refugiam e são obtidas menos quedas no pano. O mesmo acontece em dias com vento forte. Outra dica, devido à forma de migração dessas espécies, é iniciar a amostragem nas bordas dos lotes. Adultos e ninfas de estádios superiores (com mais de 0,5 cm de comprimento) são contados.

Para elucidar a questão de decisão de aplicação, utiliza-se o Economic Damage Threshold (EDU), esclarecendo que esse valor, longe de ser estático, é variável ao longo do tempo, pois deve considerar fatores importantes na equação como o preço da soja, ativo a ser utilizado e seu custo.

Abaixo está uma tabela de limiares feita por pesquisadores do INTA que servem como guia para estabelecer o limiar do sistema:

a) no caso de mistura de espécies, valores prorateados b) no caso de semente de soja, os limites R6-R7 são os de R5 c) valores estimados. Fonte: N. Iannone (2007) – Pergaminho INTA

Manejo e controle de pragas

Existem vários inseticidas registrados para o controle específico de percevejos, todos eles afetam os sistemas nervoso e muscular do inseto e estão localizados dentro dos seguintes grupos químicos:

  • 1A Carbamatos;
  • 1B Organofosforados;
  • 3A Piretróides e Piretrinas;
  • 4A Neonicotinóides;
  • 4C Sulfoximidas.

O uso de misturas de ingredientes ativos, principalmente neonicotinóides + piretróides, são os mais difundidos, conferindo a cada grupo características diferentes. Os piretróides conferem poder de giro, atuando principalmente em adultos, e os neonicotinóides oferecem residualidade, atuando principalmente em ninfas ou indivíduos incubados.

Para uma correta aplicação neste tipo de praga, deve-se buscar a aplicação de gotas finas de forma a atingir o terço médio ou inferior, que é onde os indivíduos se encontram mais. Mas esse tamanho de gotícula, por sua vez, tem maior probabilidade de evaporar e causar deriva. Portanto, cuidados especiais devem ser tomados na qualidade da aplicação e no uso, quando necessário, de adjuvantes que protejam as referidas gotas.

Não podemos deixar de ressaltar que um aliado especial para essa praga é o controle biológico, proporcionado por parasitóides e predadores que podem reduzir significativamente a população dependendo das características do ano. Esse controle ocorre de forma espontânea e permanente.

Fonte: Adaptado de Aapresid Rem



 

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