ANÁLISE CLIMÁTICA DE DEZEMBRO
Em dezembro de 2022, os maiores acumulados de chuva foram registrados em grande parte do país, com volumes que ultrapassaram 300 mm, principalmente nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, causados pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), contribuindo para a elevação dos níveis de água no solo e o desenvolvimento das culturas de primeira safra. Já no sudoeste de Mato Grosso do Sul, oeste do Paraná e de Santa Catarina e em grande parte do Rio Grande do Sul, os volumes de chuva foram inferiores a 120 mm, e impactaram negativamente o armazenamento de água no solo e o potencial produtivo das culturas nessas áreas.
Além disso, em áreas da costa leste do Nordeste, entre Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, os acumulados de chuva não chegaram a 50 mm. Na Região Norte foram observados grandes acumulados de chuva, superiores a 200 mm, chegando a mais de 300 mm em áreas do leste do Acre, sudeste do Amazonas e em Tocantins, mantendo os níveis de água no solo elevados. Já em áreas de Roraima, os volumes foram inferiores a 150 mm, entretanto, mantiveram-se bons níveis de armazenamento do solo.
Na Região Nordeste, os grandes volumes de chuva continuaram em áreas do Matopiba e sul da Bahia, com acumulados que ultrapassaram 200 mm, o que contribuiu para a manutenção dos níveis de água no solo e favoreceu o desenvolvimento dos cultivos de verão. Já em áreas do Norte e na costa leste, os volumes foram inferiores a 90 mm, causando uma redução do
armazenamento no solo.
Na Região Centro-Oeste, com exceção de áreas do sudoeste de Mato Grosso do Sul, onde os volumes de chuva foram inferiores a 150 mm, foram registrados acumulados de chuva maiores que 200 mm, mantendo o armazenamento de água no solo em grande parte das áreas produtivas e favorecendo as fases inicias e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra.
Na Região Sudeste, foram observados volumes de chuva acima de 200 mm, ultrapassando 300 mm em Minas Gerais e Espírito Santo. Essas condições foram importantes para a manutenção dos níveis de água no solo, sendo suficientes para o desenvolvimento, floração e enchimento de grãos dos cultivos nas áreas produtoras.
Na Região Sul, por sua vez, com exceção de áreas centrais e leste de Santa Catarina e do Paraná, os acumulados de chuva não ultrapassaram 150 mm, sendo ainda menores em grande parte do Rio Grande do Sul, com volumes inferiores a 120 mm. A redução das chuvas impactou negativamente os níveis de água no solo, aumentando o deficit hídrico em regiões produtoras importantes e causando restrição hídrica às lavouras, principalmente no Rio Grande do Sul.
Os volumes de chuva observados em praticamente todo o país durante dezembro, associados à alta nebulosidade, fizeram com que as temperaturas ficassem dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente na Região Sudeste e em áreas do Matopiba. Já no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul, a redução das chuvas e dias mais ensolarados ocasionaram aumento da temperatura em praticamente todo o estado.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 16 e 31 de dezembro de 2022. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias negativas, chegando a valores de até -2°C, indicando ainda a persistência de temperaturas mais frias nessa região. Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante dezembro também permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca à moderada e valores de anomalia ligeiramente menores que -1°C. Entretanto, nos últimos dias do mês houve uma ligeira tendência de aumento das temperaturas, chegando a uma anomalia de -0,95°C.
A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que as condições de La Niña ainda devem continuar até meados de fevereiro de 2023, com probabilidade de 67%. A partir de março, os modelos indicam uma possível transição para condições de neutralidade, com probabilidade de 82%.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO JANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO DE 2023
Segundo o modelo do Inmet, as previsões climáticas para os próximos três meses são mostradas na figura abaixo. Em grande parte da Região Norte e em áreas do norte da Região Nordeste, há previsões de chuva dentro ou acima da média climatológica. Na maior parte do Matopiba, o modelo também indica chuvas acima da média na região, o que pode auxiliar a manutenção da umidade no solo e favorecer as culturas na região, como a soja, o milho primeira safra e o algodão. Já no sul de Tocantins e na região do Sealba são previstas chuvas abaixo da média.
Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, o retorno das chuvas observado nos últimos meses contribuiu para um aumento dos níveis de água no solo e foi importante para o estabelecimento das culturas de primeira safra no campo.
Além disso, a previsão trimestral indica chuvas irregulares, podendo ficar acima da média em áreas do Mato Grosso, centro de Goiás, norte de Mato Grosso do Sul, além de áreas centrais de Minas Gerais e no Espírito Santo, mantendo os níveis de água no solo e beneficiando o desenvolvimento das culturas como soja, milho, feijão e algodão. No entanto, as chuvas irregulares previstas para os próximos meses, além de um possível veranico com chuvas dentro ou abaixo da média, principalmente em janeiro de 2023 em áreas de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, podem impactar negativamente o armazenamento de água no solo e as culturas que se encontrarem em estágios fenológicos mais sensíveis.
Já na Região Sul, a redução das chuvas em grande parte da região causada principalmente pela persistência do fenômeno La Niña, em especial no Rio Grande do Sul, causou restrição hídrica nas fases iniciais dos cultivos de primeira safra. Além disso, as chuvas previstas dentro ou abaixo da média podem reduzir ainda mais os níveis de água no solo, principalmente
em áreas do centro-sul do Rio Grande do Sul e Oeste de Santa Catarina, e impactar negativamente as culturas agrícolas que se encontrarem em estádios fenológicos mais sensíveis, como a soja, o milho primeira safra e o feijão primeira safra.
Em relação à temperatura média do ar, há previsão de temperaturas dentro da média climatológica em grande parte da Região Norte e Nordeste, além de áreas do leste da Região Sudeste e sul da Região Sul. Já no Brasil Central, o modelo indica temperaturas ligeiramente mais quentes, acima da média, principalmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Já no norte da Região Nordeste, há previsão de temperaturas dentro ou ligeiramente abaixo da média que podem ser causadas principalmente devido à alta nebulosidade e aos acumulados de chuva acima da média previstos pelo modelo.
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet, https://portal.inmet.gov.br.
Fonte: 4° Levantamento Safra 2022/23 – Conab