As cotações do milho em Chicago também recuaram nesta semana. O bushel do cereal chegou a atingir US$ 6,29, algo que não era visto desde o início de dezembro passado. Posteriormente, o mercado se recuperou um pouco e o fechamento desta quinta-feira (02) ficou em US$ 6,37/bushel, contra US$ 6,60 uma semana antes. Lembrando que a média de fevereiro fechou em US$ 6,71/bushel, com um aumento de 0,15% sobre janeiro. Em fevereiro do ano passado a média havia sido de US$ 6,50.
Portanto, estamos diante de um mercado bastante estável nos últimos meses. Dito isso, os embarques de milho pelos EUA, na semana encerrada em 23/02, atingiram a 572.622 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. Com isso, o total embarcado pelo país norte-americano, neste ano comercial, atinge a 14,3 milhões de toneladas, o que representa 38% a menos do que o embarcado no mesmo período do ano anterior.
E no Brasil, os preços do milho recuaram um pouco. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 83,75/saco, porém, as principais praças compradoras estiveram pagando R$ 81,00. Um ano atrás, a média gaúcha era de R$ 92,65/saco. Nas demais regiões do país, os preços médios oscilaram entre R$ 65,00 e R$ 82,00/saco.
Apesar das dificuldades de oferta no Rio Grande do Sul, devido a mais uma quebra da safra de verão, a possibilidade de uma colheita cheia no Brasil, puxada pela expectativa de um recorde na safrinha, tem reduzido os preços no mercado nacional.
Neste sentido, a Conab informou, nesta semana, que 16,7% da área de verão havia sido colhida no país, sendo no Rio Grande do Sul 50%, Santa Catarina 20%, São Paulo e Bahia 15%, Paraná 10% e Minas Gerais 5%. No mesmo período da safra passada, a colheita de verão estava em 57%.
Quanto a segunda safra, a Conab apontou que 48,7% da área prevista estava semeada, sendo que o Mato Grosso atingia a 76,7%, Tocantins 60%, Goiás 50%, Maranhão 38%, Minas Gerais 24%, Mato Grosso do Sul 23%, Paraná 15%, Piauí e São Paulo 10%. No mesmo período do ano passado, o plantio da safrinha estava em 59,6%.
Tomando por referência apenas o Centro-Sul brasileiro, o plantio da safrinha atingia, até o dia 24/02, a 39,1% da área esperada, que é de 14,95 milhões de hectares. No mesmo período do ano passado o cultivo atingia a 52,4% da área, que foi de 14,81 milhões de hectares, enquanto a média histórica de plantio é de 48,7%. Já na região do Matopiba, os trabalhos atingiam a 10% da área estimada, de 1,24 milhão de hectares, em 24/02. No mesmo período do ano passado, o plantio era de 4,6% de 1,2 milhão de hectares cultivados. Já a média histórica de plantio é de 2,8%. O plantio atingia a 22,3% da área prevista de 348.000 hectares no Tocantins e de 4,6% dos 194.000 hectares esperados na Bahia. A semeadura atinge 5,6% no Maranhão e 4,9% no Piauí. (cf. Safras & Mercado)
Especificamente no caso do Mato Grosso do Sul, que tem previsão de colheita de 11,2 milhões de toneladas nesta nova safrinha do milho, espera-se uma área semeada de 2,32 milhões de hectares, ou seja, 5,4% acima do registrado no ano anterior. A produtividade média esperada é de 80,3 sacos/hectare. (cf. Famasul)
Enquanto isso, no Mato Grosso, o Imea informa que o custeio da cultura de milho safrinha 2023/24 ficou em R$ 3.475,11/hectare, com um aumento de 14,1% sobre o ano anterior. Assim, para que o produtor mato-grossense consiga cobrir seus custos operacionais, a uma produtividade média de 104,3 sacos/hectare, precisará que o preço do produto atinja a, pelo menos, R$ 45,47/saco. Lembrando que, segundo os dados mais atualizados do Instituto, o plantio local atingia a 72,7% da área esperada naquele Estado, contra 82,7% no ano anterior. O Mato Grosso espera colher uma safrinha de milho ao redor de 46,4 milhões de toneladas, especialmente devido ao aumento da área semeada, que foi de 3,8%, levando a mesma a 7,42 milhões de hectares. Isso, com 20% das lavouras sendo plantadas fora da janela ideal.
E no Paraná, o plantio do milho safrinha alcançava 26% da área esperada, no início de março. (cf. Deral)
Enfim, segundo a Secex, as exportações brasileiras de milho, em fevereiro do corrente ano, somaram a 2,28 milhões de toneladas, contra 768.397 toneladas vendidas em fevereiro de 2022. Lembrando que a Anec esperava um total exportado menor, ou seja, algo em torno de 1,95 milhão de toneladas. Se este movimento de vendas continuar, o Brasil poderá atingir a um total de 50 milhões de toneladas de milho exportadas no atual ano comecial.
E novas estimativas para a safrinha dão conta de um volume total, se o clima ajudar, de 102,9 milhões de toneladas para este ano. Isso representa 7,8% acima do registrado no ano anterior. Isso se confirmando, a produção total de milho no país, neste ano comercial, atingirá o recorde de 128,6 milhões de toneladas, contra 120,8 milhões colhidas no ano anterior. (cf. Datagro)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).