As cotações do milho, em Chicago, subiram um pouco nesta semana, voltando a superar os US$ 6,00/bushel, na esteira da expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, a ser divulgado no dia 09/06 e que será comentado em detalhes em nosso próximo boletim.
Com isso, o fechamento desta quinta-feira (08) ficou em US$ 6,10/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 5,92 uma semana antes. A média de maio fechou em US$ 6,09/bushel, ou seja, igualmente 6,9% abaixo da média registrada em abril. Já em maio do ano passado, a média havia sido de US$ 7,88/bushel. Ou seja, o bushel de milho, hoje, está US$ 1,79 abaixo do valor médio obtido um ano antes.
Dito isso, o plantio do cereal, nos EUA, está praticamente concluído, tendo alcançado 96% da área até o dia 04/06, contra 91% na média histórica para a data. Do que está semeado, 85% já germinou, contra 77% na média histórica, confirmando um clima favorável até o momento. Mesmo assim, as lavouras em condições entre boas a excelentes recuaram para 64%, contra 73% um ano atrás nesta data. Outras 30% estavam em condições regulares e 6% em condições entre ruins a muito ruins. A redução no percentual entre boas a excelentes, e a expectativa do relatório de oferta e demanda, fez com que o mercado subisse um pouco nesta semana.
Por outro lado, as exportações de milho, por parte dos EUA, na safra 2022/23, atingiram a 186.700 toneladas na semana encerrada em 01/06, volume que ficou próximo do limite inferior esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial os EUA já exportaram 38,2 milhões de toneladas, contra mais de 59 milhões no mesmo período do ano anterior. Segundo o USDA, espera-se que as vendas de milho fechem o atual ano comercial em 45,1 milhões de toneladas. Portanto, bem aquém do registrado no ano anterior.
E no Brasil, o milho continua assistindo a uma baixa de preços. A média gaúcha fechou a semana em R$ 53,00/saco, enquanto as principais praças locais negociaram o produto a R$ 51,00. Já no restante do país, os preços oscilaram entre R$ 37,00 e R$ 50,00/saco. No ano passado, nesta mesma época, a média gaúcha era de R$ 84,11/saco, enquanto nas demais praças nacionais o milho girava entre R$ 68,00 e R$ 85,00/saco. Ou seja, nos últimos 12 meses o preço do cereal, aos produtores gaúchos, recuou 37%, enquanto nas demais praças nacionais o recuo varia entre 41% e 46%.
A pressão de uma safrinha recorde continua influenciando sobre os preços internos. Neste sentido, até o dia 1º de junho, apenas 1% da mesma estava colhido, contra 3% no mesmo período do ano anterior. (cf. AgRural)
É no Mato Grosso que a mesma se desenvolve no momento. Segundo o Imea, a colheita de milho 2022/23 havia atingido 1,26% da área total até o dia 02/06. Segundo o Instituto, a safrinha de milho daquele Estado, com a colheita recém iniciada, deverá atingir a 49 milhões de toneladas, contra a previsão de 47 milhões feita em maio. Ou seja, um aumento de 11,7% em relação ao ano anterior. Isso se deve a um aumento na produtividade média esperada, em 4,2%, que levará a mesma para 110 sacos/hectare. Aumento de área semeada e clima positivo estão na base deste resultado esperado.
Enquanto isso, a Conab aponta que 83,2% da área total do milho de verão já foi colhida. Sobre a safrinha, a Companhia indica que a colheita ainda está lenta, nos níveis indicados anteriormente, sendo que 34,3% das lavouras estão em fase de maturação.
Enfim, segundo a EarthDaily Agro, empresa que realiza o monitoramento das lavouras por satélite, via sensoriamento remoto, o fenômeno climático El Niño já está atuando nas áreas de produção de milho da segunda safra. Nas áreas que semearam mais tardiamente, como Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, as temperaturas mais altas diminuem a chance de geadas, que seria prejudicial para as lavouras, mas podem aumentar a evapotranspiração provocando a redução da umidade do solo. No Paraná, o índice de vegetação apresentou evolução muito ruim no ciclo atual, indicando comprometimento de produtividade em áreas das regiões leste e central do Estado. A seca registrada em março teve pouco impacto sobre as lavouras, uma vez que as plantações daquele Estado foram semeadas mais tarde neste ano, mas a seca ocorrida em maio parece ter limitado o potencial produtivo do milho. A deterioração do índice de vegetação nas últimas semanas reforça essa teoria. No entanto, o índice de vegetação permanece melhor, se comparado às safras de 2021 e 2020, quando houve forte quebra de safra nas duas regiões.
Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui. Clique na imagem e confira.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).