A soja (Glycine max), é a principal oleaginosa cultivada e consumida globalmente, representando uma das principais commodities agrícolas. Sua importância é evidenciada por sua ampla aplicação na alimentação humana e animal, bem como em setores industriais e na produção de biocombustíveis (Hirakuri & Lazzatotto, 2014). O Brasil destaca-se como um dos maiores produtores de soja a nível mundial, de acordo com o levantamento da safra 2022/23 da CONAB, a produtividade média foi de 3.537 Kg ha-1 na safra 22/23, resultando em uma produção de 155.736,5 milhões de toneladas de grãos.

Segundo Crispino et al. (2001), o interesse mundial pela soja é atribuído ao teor elevado de proteína presente em seus grãos, contendo cerca de 40%. Um dos componentes essenciais das proteínas é o Nitrogênio (N), o que implica na necessidade de grandes quantidades desse nutriente para o crescimento e desenvolvimento adequado da cultura. Essa demanda por N destaca-se como um dos fatores cruciais na produção de soja.

Borkert et al. (1994) afirmam que, para alcançar uma produção de 3.000 Kg ha-1, é necessário o suprimento de 246 Kg de Nitrogênio. Desse total, uma pequena parte é obtida através do solo (25 a 35%) e, a maior parte, pela fixação simbiótica de nitrogênio (65 a 85%). Com base nessas informações, torna-se evidente a relevância de realizar uma inoculação adequada, utilizando um inoculante de qualidade, a fim de obter eficiência na fixação biológica de nitrogênio por meio da simbiose entre planta e bactérias.



De acordo com Prando et al. (2022), a fixação biológica do nitrogênio (FBN) representa um dos principais pilares de sustentabilidade do sistema de produção de soja no Brasil. Esse processo é resultado de uma simbiose entre as bactérias do gênero Bradyrhizobium e as plantas de soja, que culmina na formação de nódulos radiculares. Esses nódulos não apenas abrigam e protegem as bactérias, mas também as nutrem. Em contrapartida, as bactérias são responsáveis por capturar o nitrogênio atmosférico (N2), o qual é reduzido a amônia por meio da enzima nitrogenase. Posteriormente, a amônia é convertida em compostos nitrogenados que são exportados para a planta hospedeira.

Pesquisas mostram ganhos médios na ordem de 8% em produtividade, resultante da inoculação anual da soja com Bradyrhizobium, em áreas tradicionais de cultivo (Prando et al., 2022). Estudos realizados pela Embrapa (2022), indicam que a associação de duas bactérias benéficas Bradyrhizobium + Azospirilllum (coinoculação) pode resultar em um incremento na produtividade na cultura da soja de até 16%. A ação do Azospirillum, é fundamental tanto para a fixação de nitrogênio quanto na produção de fitormônios que estimulam o crescimento vegetal, principalmente do sistema radicular, proporcionando melhor absorção de nutrientes e água pela planta. Além disso, o Azospirillum também desempenha um papel importante ao estimular e favorecer a nodulação e a FBN realizada pelo Bradyrhizobium.

Figura 1. Raízes de uma planta de soja com nódulos da FBN.

Para que a inoculação dê retorno econômico ao produtor, o inoculante precisa ser de boa qualidade e alguns aspectos são importantes. Gitti; Roscoe; Rizzato (2019), destaca a importância de lembrar que os inoculantes são bactérias vivas, logo, o manejo deve ser rigoroso para que não haja perda de viabilidade, assim, os inoculantes devem ser adquiridos de empresas idôneas, devidamente registradas no MAPA e estarem dentro do prazo de validade. Além disso, o armazenamento e transporte devem ser realizados em condições adequadas de temperatura e arejamento, pois altas temperaturas e exposição solar prejudicam significativamente as bactérias.

Os autores lembram ainda, que, a inoculação deve ser realizada à sombra e deve-se manter protegido de calor e da luz solar e a semeadura deve ser o mais breve possível após a inoculação. O tipo de inoculante também influencia em seu manejo para inoculação, devendo-se respeitar algumas orientações técnicas (tabela 1). Logo, visando uma fixação biológica de nitrogênio eficiente deve-se destinar atenção especial a inoculação.

Tabela 1. Tipos de inoculantes (líquido e turfa) e formas de aplicação na cultura da soja.

Fonte: Embrapa (2013), apud. Gitti; Roscoe; Rizzato (2019).

Veja mais: Métodos de inoculação da soja


Referências:

BORKERT, CLÓVIS MANUEL et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA Informações Agronômicas, n° 66 – Junho de 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 11/07/2023.

CONAB. ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA GRÃOS Safra 2022/23, 9° levantamento. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos/item/download/47720_642c6cc3d60e063c21c87a3094e7f5f7 >, acesso em: 11/07/2023.

CRISPINO, CARLA CRIPA et al. ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa Soja, Comunicado Técnico 75, ISSN 1517-1752, Londrina – PR, 2001. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/460181/1/comTec075.pdf >, acesso em: 11/07/2023.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019 Fundação MS, Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 11/07/2023.

HIRAKURI, MARCELO HIROSHI; LAZZAROTTO, JOELSIO JOSÉ. O AGRONEGÓCIO DA SOJA NOS CONTEXTOS MUNDIAL E BRASILEIRO Embrapa Soja, Londrina – PR, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/104753/1/O-agronegocio-da-soja-nos-contextos-mundial-e-brasileiro.pdf >, acesso em: 11/07/2023.

PRANDO, ANDRÉ MATEUS et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2021/2022 NO PARANÁ Embrapa Soja, Circular Técnica 190, ISSN 2176-2864, Londrina – PR, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1150565/1/Circ-Tec-190.pdf >, acesso em: 11/07/2023.

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Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.

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