Quando analisamos os fatores que influenciam o potencial produtivo de qualquer cultura agrícola, o clima se destaca como um dos elementos mais determinantes. No caso do arroz, essa influência é ainda mais evidente, uma vez que a cultura é cultivada em uma ampla faixa geográfica desde 50° de latitude norte até 35° sul e em altitudes que vão do nível do mar até mais de 2.000 metros. Essa amplitude demonstra a notável capacidade de adaptação do arroz a diferentes condições edafoclimáticas.

Dentre os elementos meteorológicos que mais impactam o desenvolvimento, o crescimento e a produtividade do arroz, a temperatura (do ar, da água e do solo) ocupa lugar central. Ela determina a velocidade das reações biofísicas e bioquímicas das plantas de arroz, podendo atuar como catalisador (altas temperaturas) ou desacelerador (baixas temperaturas).

Se sabe que cada espécie vegetal possui faixas de temperatura mínima, ótima e máxima para o seu desenvolvimento, e são chamadas de temperaturas cardinais (Pascale & Damario, 2004). No arroz, essas faixas variam em função da fase de desenvolvimento, onde as temperaturas máximas e ótimas tendem a decrescer ao longo do ciclo da cultura, enquanto a mínima apresenta um comportamento inverso (tende a aumentar ao longo do ciclo da cultura).

Na prática, isso significa que, durante a fase vegetativa a planta de arroz é mais TOLERANTE às altas e baixas temperaturas e já na fase reprodutiva a planta é mais SENSÍVEL às altas e baixas temperaturas (Figura 1).

Figura 1. Temperaturas cardinais mínima (Tmin), ótima (Tót) e máxima (Tmax) em diferentes fases do desenvolvimento (GER/EM = Germinação – Emergência, PERFILH = Perfilhamento, DIFER = Diferenciação, FLORE = Florescimento, Ench. Graõs = Enchimento de grãos) da planta de arroz.
Fonte: Adaptado de Sánchez et al. (2014).

Na fase reprodutiva, e mais especificamente durante a floração ocorre o período de maior sensibilidade do arroz, onde temperaturas acima de 35 °C ou abaixo de 17 °C, por um período de três dias ou mais, podem causar esterilidade nas espiguetas, comprometendo severamente a produtividade. Em regiões subtropicais, as perdas por frio são mais frequentes, enquanto nas áreas tropicais a ocorrência de perdas por temperaturas extremas é menos comum.

Referências Bibliográficas

MEUS, L. D. et al. Ecofisiologia do arroz visando altas produtividades. ed. 1, Santa Maria, 2021. 312p

PASCALE, A. J.; DAMARIO, E. A. Bioclimatologia agrícola y agroclimatologia. Buenos Aires: Universidade de Buenos Aires, 2004. 550p

SÁNCHEZ, B.; RASMUSSEN, A.; PORTER, J. Temperatures and the growth and development of maize and rice: a review. Global Change Biology, v. 20, p. 408-417, 2014. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/256613346_Temperatures_and_the_Growth_and_Development_of_Maize_and_Rice_A_Review >, Acesso: 12/06/2025



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