Os preços da soja subiram no mercado doméstico em agosto, refletindo a forte disputa entre indústrias esmagadoras brasileiras e a demanda internacional, em especial da China. A redução dos custos de frete ao longo do mês também favoreceu as cotações, ampliando a competitividade nos portos e no interior do País. Nesse contexto, os prêmios de exportação avançaram e os Indicadores do Cepea atingiram as máximas do ano, evidenciando a firmeza do complexo soja no Brasil. Com base no porto de Paranaguá (PR) e primeiro embarque, os prêmios alcançaram US$ 2,25/bushel em 8 de agosto, o maior valor desde 14 de outubro de 2022, ainda com base no contrato de primeiro embarque.
Com isso, os Indicadores CEPEA/ESALQ – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná registraram os maiores patamares deste ano, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de julho/25), de R$ 140,50/saca de 60 kg e R$ 134,07/sc de 60 kg, na média de agosto. Em relação a julho/25, as altas foram de 2,6% e de 2,8% e, frente ao mesmo período de 2024, de expressivos 5,5% e 3,7%.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre julho e agosto, os preços da oleaginosa subiram 2,1% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 3% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, os aumentos foram de 2,1% no balcão e de 3,2% no de lotes.
Na última semana do mês, entretanto, o ritmo das negociações perdeu força, diante da menor demanda externa e da proximidade da colheita da safra 2025/26 no Hemisfério Norte. Além disso, as expectativas de avanço em um acordo comercial entre Estados Unidos e China e a desvalorização cambial reduziram a atratividade pela soja brasileira, afastando parte dos compradores internacionais. O dólar foi cotado à média de R$ 5,45 em agosto, quedas de 1,5% relação a julho e de 1,9% frente a ago/24.
DERIVADOS – O óleo de soja atingiu em agosto a maior média mensal do ano. A demanda pelo derivado brasileiro esteve aquecida, sobretudo para a produção de biodiesel. Vale lembrar que, desde o dia 1º de agosto, a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel passou para 15%, de acordo com o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Levantamento do Cepea mostra que o óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, se valorizou 6,4% de julho para agosto e 11,9% de ago/24 a ago/25, indo para R$ 7.070,92/t – esta é a maior média desde novembro/24, em termos reais.
O preço do farelo de soja também subiu, sustentado pela demanda dos setores de aves e suínos e pela procura externa firme. Por outro lado, acautela de parte dos consumidores, que aguardam uma maior oferta com a intensificação do esmagamento para atender à demanda por óleo, limitou o movimento de alta.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o farelo de soja se valorizou 0,6% de julho para agosto; no comparativo anual, porém, caiu expressivos 23,1%, em termos reais.
FRONT EXTERNO – Nos Estados Unidos, os preços da soja em grão recuaram em agosto, refletindo a fraca demanda pelas commodities norte-americanas. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques dos EUA nesta temporada (de setembro/24 a28 de agosto deste ano) estavam 11,8% acima do volume escoado em igual período do ano passado.
Com isso, na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja cedeu 0,38% de julho para agosto, a US$10,0579/bushel (US$ 22,17/sc de 60 kg), o menor valor desde mar/25.De agosto/24 a agosto/25, no entanto, observa-se avanço de 2,1%.
Ao mesmo tempo, as baixas foram limitadas pelo clima quente e seco no Meio-Oeste dos EUA, tendo em vista que esse contexto pode prejudicar a produção das lavouras de soja da safra 2025/26, que, vale lembrar, já é projetada pelo USDA para ser 1,7% menor que a 2024/25. No mercado externo do óleo de soja, os preços caíram, em meio a expectativas de maior oferta de óleo de palma da Indonésia. O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja teve média de US$ 0,5313/lp(US$ 1.171,22/t) em agosto, queda de 3,9% frente a julho. Já no comparativo anual, houve alta de 28,3%.
Já o farelo de soja se valorizou no mercado internacional no último mês, influenciado pela maior demanda global. O contrato de primeiro vencimento do derivado subiu 5,6% de julho para agosto, a US$283,11/tonelada curta (US$ 312,07/t). Em relação ao período equivalente do ano passado, porém, as cotações caíram 12,2%.
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Fonte: Cepea