O Centro Tecnológico, localizado em Campo Novo do Parecis (CTECNO Parecis), da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja MT), apresentou bons resultados de produtividade de milho segunda safra na temporada 2024/25. Os resultados, obtidos em condições reais de campo, revelam o impacto decisivo da combinação entre clima favorável, manejo adequado e posicionamento estratégico de híbridos.
Durante a safra, os pesquisadores do CTECNO realizaram ensaios em áreas com solos de textura arenosa e média, avaliando o desempenho de 40 híbridos de milho. Em solos de textura média, com cerca de 29% de argila, aproximadamente 60% dos materiais testados superaram a marca de 200 sacas por hectare, um indicativo claro da aptidão do ambiente para o cultivo de milho e da eficiência das práticas adotadas.
Segundo a pesquisadora da Aprosoja MT, Daniela Facco, os números surpreenderam.
“Essa produtividade de milho em solo de textura média é surpreendente, porque são produtividades incomuns, principalmente em talhões comerciais. Para pesquisa, são valores um pouco mais palpáveis por conta do controle local que temos, com avaliação em parcelas menores, por exemplo. À medida que a safra avançava, observamos que ela era diferente, com condições climáticas mais favoráveis e expectativa de altas produtividades. Porém, as 200 sacas me surpreenderam, porque não são valores que vemos com frequência”, relata a pesquisadora.
A condição climática foi apontada como o principal fator para o desempenho excepcional. As temperaturas máximas não ultrapassaram os 32 °C e as chuvas foram bem distribuídas ao longo do ciclo, com destaque para uma precipitação decisiva no final de maio, durante o período de enchimento de grãos. Essa chuva garantiu um aumento de 30% no peso de mil grãos em relação a anos anteriores, contribuindo diretamente para o resultado final da lavoura.
“Em anos mais favoráveis, com chuvas regulares, o milho tende a desempenhar melhor e expressar seu potencial produtivo. Já em anos com prejuízos na condição climática, seja por volume ou má distribuição de chuvas, a tendência é que o milho não consiga expressar esse potencial. Consequentemente, temos melhor resposta ao manejo e ao investimento em adubação quando há regularidade nas chuvas”, detalha a pesquisadora.
Apesar do clima favorável, a pesquisadora destaca que o posicionamento correto dos híbridos foi igualmente determinante. Em um mesmo ambiente, variações de até 90 sacas por hectare foram observadas apenas pela escolha do material genético, isso mostra que não basta ter bom clima: é essencial tomar decisões técnicas bem embasadas, como selecionar o híbrido mais adequado para cada tipo de solo e ambiente.
Nos ambientes mais frágeis, como os solos arenosos, que geralmente têm menor capacidade de retenção de água e nutrientes, especialmente em semeaduras mais tardias, como a realizada em 18 de fevereiro de 2025, houve maior variabilidade na produtividade. Ainda assim, a safra atual surpreendeu positivamente, com resultados superiores aos obtidos em anos anteriores, mesmo em áreas de baixa aptidão para o milho segunda safra.
Outro fator que contribuiu para o bom desempenho foi o cultivo prévio de Crotalaria ochroleuca, que aportou grande quantidade de massa seca e nitrogênio ao solo. Essa prática, aliada à semeadura em janelas mais preferenciais, no início de fevereiro, permitiu que o milho respondesse a doses maiores de nitrogênio, cerca de 130 kg/ha, acima da média de 120 kg/há observada em semeadura mais tardias.
“Nesta safra, comparada com a de 2022/23, tivemos condições climáticas muito parecidas. Porém, naquela safra, o nosso sistema de produção era um pouco diferente, com a braquiária como planta de cobertura. Na safra 2023/24, começamos a utilizar a Crotalaria ochroleuca. Assim, além das temperaturas mais amenas, a crotalária antecedendo o cultivo do milho foi uma fonte importante de nitrogênio com liberação gradativa. Observamos grande benefício na introdução de plantas leguminosas nesse sistema, especialmente onde entra o milho, que é altamente exigente em nitrogênio,” relata Daniela.
Segundo o vice-presidente oeste da Aprosoja MT, Gilson Antunes de Melo, as pesquisas realizadas de maneira independente no centro de pesquisa ajudam o produtor a melhorar sua produtividade e, consequentemente, sua rentabilidade.
“O CTECNO Parecis testa os manejos mais modernos utilizados na agricultura atualmente e, quando o produtor os aplica em sua propriedade, tem o aval de uma pesquisa totalmente isenta, feita de produtor para produtor. Trazendo respostas e dando segurança ao produtor de que os manejos utilizados estão agregando valor à sua renda dentro da propriedade”, diz Gilson.
Os resultados obtidos no CTECNO Parecis reforçam o papel do centro de pesquisa em gerar informações técnicas para o campo. O desempenho alcançado mostra como o uso de práticas agronômicas bem planejadas, aliado ao acompanhamento científico, contribui para orientar os produtores na tomada de decisão, sempre considerando as condições climáticas de cada safra.
Fonte: Aprosoja/MT