Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 10/10/2025
FECHAMENTOS DO DIA 10/10

O contrato de soja para novembro fechou em baixa de 1,52% ou $ -15,50 cents/bushel, a $1.006,75. A cotação de janeiro encerrou em baixa de 1,47% ou $ -15,25 cents/bushel, a $1.023,25. O contrato de farelo de soja para outubro fechou em baixa de 0,85% ou $ -2,30/ton curta, a $ 267,4. O contrato de óleo de soja para outubro fechou em baixa de 1,95% ou $ -0,98/libra-peso, a $ 49,40.

ANÁLISE DA BAIXA

A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em baixa. Em um dia de aumento das tensões entre os governos dos EUA e da China, o preço das commodities em geral derreteram, em especial as cotações da soja. A partir de uma alteração nas regras de exportação das terras raras pela China e tarifas portuárias extras de navios vindos dos EUA, como medida de reciprocidade às tarifas americanas, o Presidente Donald Trump escalou as tensões entre os dois governos. “Uma das políticas que estamos considerando atualmente é um aumento massivo de tarifas sobre produtos chineses que entram nos Estados Unidos.” Afirmou Trump em sua rede social, onde disse não ver mais motivos para a reunião entre os dois líderes que estava marcada para o final do mês.

Isso foi um duro golpe nos produtores americanos, que esperavam uma celeridade nas negociações, para os chineses voltarem a comprar soja dos EUA. Os contratos futuros de soja com vencimento em novembro de 2025 estão sendo negociados abaixo do ponto de equilíbrio para a maioria dos produtores. Com isso a soja em Chicago fechou o acumulado da semana em baixa de -1,11%, ou $ -11,25 cents/bushel. O farelo de soja caiu -1,2%, ou $ -3,3 por tonelada curta. O óleo de soja recuou -0,06%, ou $ -0,03 por libra-peso no período.

Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA
No Brasil, a boa demanda chinesa:

No Brasil, as exportações permanecem excepcionalmente fortes. De acordo com a ANEC, os embarques de soja do Brasil devem atingir o recorde de 102,2 milhões de toneladas até outubro, apoiados pela demanda chinesa estável e pela concorrência limitada dos EUA. A China importou cerca de 6,5 milhões de toneladas de soja brasileira em setembro, representando 93% do total dos embarques, reforçando o domínio do Brasil no comércio global de soja, segundo a Platts.

No Brasil, a forte desvalorização do dólar aumentou as vendas doa agricultores: o dólar se desvalorizou 2,38% no dia, 3,13% na semana e 1,78% no mês, proporcionando aos agricultores um bom momento de vendas (você aproveitou?)

O “rompimento EUA-China” aumentou o prêmio da soja brasileira para novembro em 20 cents/bushel:

O agravamento das relações comerciais entre EUA e China (vide os detalhes abaixo) teve como consequência o aumento de 20 cents/bushel do prêmio de novembro para a soja brasileira, que passou de 170 para 190 cents/bushel.

FATORES DE BAIXA
Escalada da guerra comercial com a China

A soja encerrou o pregão e a semana com preços em queda em Chicago. O principal motivo hoje foi a escalada — ou a intensificação — da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que compromete as vendas do grão americano ao maior comprador mundial em 2025/2026.

Terras raras, o nó da questão

A cronologia dessa nova situação atingiu seu primeiro marco na quinta-feira, quando o governo chinês anunciou uma série de medidas restritivas à exportação de terras raras, que se tornaram materiais estratégicos para os setores de tecnologia e armamentos (e uma obsessão de Trump, que já tem prioridade para explorá-las na Ucrânia e espera adquiri-las na Argentina) e aos equipamentos necessários para seu processamento. A rigor, agora são necessárias licenças especiais, que devem ser processadas pelos exportadores.

China impõe tarifas portuárias sobre os navios americanos

Somou-se a isso o fato de Pequim ter confirmado nesta sexta-feira a imposição — a partir da próxima terça-feira — de taxas portuárias mais altas para navios com vínculo com os EUA que chegarem aos seus portos, em retaliação a uma medida semelhante adotada pelo governo americano em 17 de abril, que também entrará em vigor na terça-feira contra navios de bandeira chinesa e construídos na China.

A resposta de Trump

A resposta de Trump a ambos os eventos foi rápida, ocorrendo no mesmo dia em que o magnata teve negado o cobiçado Prêmio Nobel da Paz. “Coisas muito estranhas estão acontecendo na China! Eles estão se tornando muito hostis e enviando cartas a países ao redor do mundo anunciando que querem impor controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados a terras raras e praticamente qualquer outra coisa que possam imaginar, mesmo que não seja fabricada na China. Ninguém viu nada parecido, mas, essencialmente, isso obstruiria os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente
todos os países do mundo, especialmente a China”, escreveu o presidente no Truth Social, em uma interpretação muito particular dos eventos.

Cancelamento da reunião sobre soja

Em sua longa mensagem, Trump alerta que será forçado a se opor financeiramente às ações do governo chinês. “Uma das políticas que estamos considerando atualmente é um aumento massivo de tarifas sobre produtos chineses que entram nos Estados Unidos.” Além disso, em um duro golpe para os agricultores americanos que tinham algumas expectativas — e grande necessidade — de um acordo com o maior comprador mundial de soja, o republicano escreveu: “Eu havia planejado me encontrar com o presidente Xi em duas semanas na APEC, na Coreia do Sul, mas agora parece que não há motivo para isso.”

Reversão completa das expectativas

Em suma, e da perspectiva dos agricultores, uma semana que começou com expectativas para o anúncio da Casa Branca de ajuda aos agricultores afetados pela guerra tarifária e para o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e da China para buscar uma solução para o comércio agrícola termina sem certezas sobre a ajuda prometida na semana
passada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e com o cancelamento do encontro entre os líderes. Tudo isso, enquanto o tempo seco no Centro-Oeste favorece o rápido progresso da colheita de soja.

A reação dos agricultores americanos

“A Associação Americana de Soja-ASA está profundamente decepcionada com o cancelamento da reunião agendada para o final deste mês entre o presidente Trump e o presidente chinês Xi Jinping, devido às recentes ações do governo chinês para restringir ainda mais o acesso a minerais de terras raras. A ASA esperava que essas próximas negociações entre os Estados Unidos e a China resultassem em um acordo que restaurasse as exportações de soja dos EUA para a China. Guerras comerciais são prejudiciais a todos e esses últimos acontecimentos são profundamente decepcionantes em um momento em que os produtores de soja enfrentam uma crise financeira cada vez mais profunda. A ASA espera que as negociações possam ser retomadas para restaurar os mercados e as relações comerciais”, afirmou a organização, que representar cerca de 500.000 produtores de soja dos EUA, em um comunicado.

Fonte: T&F Agroeconômica



 

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