Ainda enfrentando um ambiente de forte desequilíbrio entre custo e preço, o mercado gaúcho de arroz atravessa um dos períodos mais críticos dos últimos anos. “As cotações seguem em trajetória de queda acentuada, com recuos expressivos e generalizados em todas as regiões produtoras gaúchas”, pontua o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
A combinação de estoques elevados, retração da demanda, pressão competitiva do arroz paraguaio e custos de produção ainda elevados vem comprimindo as margens e agravando a crise de rentabilidade do setor. “As perdas acumuladas no ano são profundas e abrangentes”, lamenta Oliveira.
Segundo ele, as reduções de preço em 12 meses são superiores a 50% em praticamente todas as praças do Rio Grande do Sul. A Planície Costeira Externa (Mostardas, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Torres) lidera as desvalorizações, com quedas anuais de -53,11%. Outras regiões tradicionais, como São Borja (-52,01%), Uruguaiana (-51,60%) e Jaguarão (- 51,60%), confirmam que o movimento é amplamente disseminado e estrutural, não restrito a uma microrregião.
No comparativo mensal, as retrações variaram entre 8% e 15%, com destaque negativo novamente para a Planície Costeira Externa (-14,71%). As quedas expressivas em São Borja (-13,18%), Uruguaiana e Itaqui (-11,81%), Santa Maria (-10,74%) e Alegrete (-10,94%) indicam um ambiente de liquidez mínima, onde a comercialização se dá em volumes pontuais e sob forte pressão baixista.
Essa conjuntura tem elevado o nível de apreensão entre produtores, especialmente nas regiões mais dependentes do arroz como principal atividade econômica. “Paralelamente à crise de preços, o avanço da semeadura da safra 2025/2026 no estado apresenta ritmo gradual, porém consistente, segundo o IRGA”, acrescenta o analista.
O plantio já ultrapassa 38% da área de intenção, com a Zona Sul liderando com folga o andamento da safra, com 83,25% da área já implantada (cerca de 130,3 mil ha), beneficiada por melhores condições de solo e estrutura. Na sequência, aparecem Planície Costeira Interna (34,85%), Fronteira Oeste (34,39%) e Campanha (29,22%). Já a Planície Costeira Externa (21,97%) e a Região Central (13,99%) permanecem mais atrasadas, refletindo o impacto da umidade excessiva e menor infraestrutura.
A média da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou a quinta—feira cotada a R$ 57,42, queda de 2,13% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, a baixa era de 10,71%, enquanto, em relação a 2024, a desvalorização atingia 50,75%.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News