Dos principais fatores que compõe o preço da soja no Brasil – Dólar, Chicago, Prêmios e Outros (frete, neste momento), apenas as cotações de Chicago tem tendência de alta e por duas razões: redução inesperada da área plantada, conforme o relatório do USDA desta sexta-feira e expectativa de uma volta às negociações entre EUA e China, com gestos de boa vontade de ambos os lados, mesmo antes de um acordo final (que está longe de acontecer).

Como prova disto, houve o embarque de pouco mais de meio milhão de toneladas de soja americana para o país asiático, na semana passada. Mesmo assim, as cotações atuais ($899,75) ainda estão longe, muito longe da média histórica ($ 1050,00). Seria necessário voltarem a subir o equivalente a 5 limites de alta, o que é muito raro e difícil.

Por outro lado, os prêmios nos portos brasileiros são geralmente inversamente proporcionais às altas de Chicago, pelo menos neste momento de guerra comercial com a China. Tudo o que a China comprar dos EUA, deixa de comprar do Brasil e vice-versa. Então, se Chicago subir por aumento da demanda chinesa, os prêmios irão cair no Brasil por falta de demanda chinesa (a demanda não-China é relativamente pequena, não supre adequadamente). Há também, que se considerar a redução da própria demanda chinesa por conta do abate de grande número de suínos no país, em torno de 30% até o momento e que impacta no seu volume importado de soja.

O terceiro fator – o dólar – todos estamos assistindo o desenrolar das tratativas sobre a reforma da Previdência no Brasil, que parece que está se encaminhando bem, então este é um fator de baixa. Mas, todos sabemos, também, que os fatores nacionais são responsáveis por apenas 30% da tendência do dólar; os restantes 70% são fatores internacionais e dependem muito dos juros nos EUA e das economias da União Europeia e da China.

Ao que parece os juros americanos não irão subir tão cedo e as economias da Europa e da China estão com alguma dificuldade, mas nada acentuado. Então, a tendência do dólar no Brasil é de queda a curto e médio prazos. Mas, na semana passada já chamamos atenção dos nossos assinantes, na última terça-feira, para o grande spread existente entre o que o mercado espera para o dólar em maio de 2010 (algo ao redor de R$ 3,75/3,80 no máximo) e a sua cotação atual, ao redor de R$ 3,90/3,92, algo ao redor de 4,53%, o que é muito significativo. O que fazer? Fixar o dólar, que julgamos que está mais alto do que estará em maio de 2020.

Finalmente, os fretes rodoviários estão subindo. Na BA, o frete de Barreiras para o porto subiu 1,96% para R$ 130,00/t nesta semana. De Anápolis para Paranaguá subiu 8,33% para R$ 162,50/t. De Itumbiara para Santos subiu 3,33%, para R$ 155,00/t. De Balsas para o porto subiram 11,1% para R$ 50,00.

De Campo Grande para Santos subiu 3,45% para R$ 150,00/t. De Dourados para Maringá (onde reembarca por ferrovia para o porto de Paranaguá) subiu 5,26% para R$ 80,00/t. De Primavera do Leste para Santos subiu 7,69% para R$ 140,00 e para Paranaguá subiu 0,68% para R$ 242,50. De Cascavel para Ponta Grossa subiu 13,3% para R$ 85,00 e para Paranaguá subiu 5,32% para R$ 114,00. De Passo Fundo para Rio Grande o frete subiu 3,91% para R$ 71,00/t.

Como conclusão, os preços médios já caíram ao redor de R$ 2,00/saca entre segunda e sexta-feira da semana e, aparentemente, a  tendência ainda não é de alta a curto prazo. Nossa recomendação é que se aproveite alguma alta rápida eventual do dólar ou as soja ou do prêmio para se fechar alguma coisa. A visão a longo prazo ainda está indefinida, porque o acordo EUA ainda não está definido, porque a reforma da Previdência não está implantada e porque os fretes ainda não estão caindo no Brasil.



CHICAGO: USDA surpreende mercado com área e estoques menores e cotações sobem

Futuros de soja fechou a sessão de sexta-feira com a maioria dos contratos de 10 a 12 centavos de alta. O contrato de julho fechou a $ 899,75, com a máxima atingindo $ 906,0 e a mínima $ 887,25. Farelo de soja subiu 90 centavos/tonelada, para $ 313,1 e o óleo de soja subindo 43 pontos para $ 28,24.

O relatório anual da área de Junho da NASS indicou 80.040.000 acres de soja nos EUA para 2019. Isso foi uma surpresa, porque foi 4,6 milhões acres abaixo das estimativas do mercado e bem abaixo da área cultivada em 2018.

USDA está planejando voltar a inspecionar 14 Estados, que plantam cerca de 41,2% dos hectares de soja pretendidos, porque ainda não tinham sido plantados quando os inspetores tinham passado originalmente. Esses dados devem ser lançados em agosto. Os estoques de soja em 1 de junho também vieram abaixo das estimativas (1,861 BBU), em 1,789 BBU, tendo ainda que considerar 570 MBU de estoques finais.

USDA relatou uma venda de exportação privada de 544.000 MT de soja para 18/19 remessa para a China através de seu sistema de relatórios diários. Isto ocorreu antes da reunião entre o Presidente Trump/XI no fim de semana passado no G-20 no Japão. A partir desta terça-feira, os Fundos reduziram 21.265 contratos de sua posição líquida de vendas para -34.042 contratos.

Fonte: T&F Agronoecômica



 

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