Ninguém sabe, mas há pistas. Três boas pistas, a saber: gráfico de Chicago, prêmios e dólar.
- Se Trump se entender com os chineses e estes continuarem a efetuar compras significativas de soja americana (e milho e trigo), é muito provável que as cotações de Chicago continuem a subir, porque serão reduzidos os estoques americanos de soja, que estão três vezes maiores do que a sua média histórica, mas precisarão do equivalente a 7 limites de alta (algo que nunca aconteceu) para atingirem o ponto ideal que realmente remunere bem os sojicultores;
- Ainda se isto tudo acontecer, a tendência dos prêmios da soja brasileira será a de cair, porque a China dará preferência para as compras nos EUA, reduzindo a demanda nos portos brasileiros. Além disso, o Brasil antecipou as suas exportações, no que, aliás, fez muito bem, deixando pouco volume para o segundo semestre e não farão falta. Mas, os preços não deverão subir muito mais, então é melhor aproveitar agora. Aliás, já caíram nesta sexta-feira;
- Ainda se Trump se entender com os chineses (algo muito provável, porque a disputa desgastou os dois lados até agora e ambos estão sentindo fortemente os efeitos da pandemia, precisando reerguer as suas economias), o dólar pode voltar a cair no Brasil, porque um dos motivos da alta é justamente a instabilidade econômica mundial, como lemos todos os dias nos comentários de câmbio abaixo.
Não é por nada que os representantes das 100 maiores instituições financeiras do país estimam um dólar a R$ 5,00 no final de 2020; R$ 4,75 no final de 2021; R$ 4,50 no final de 2022 e R$ 4,57 no final de 2023. Mas, as cotações da última quinta-feira, a B3 ainda eram de R$ 5,84 para julho de 2020, R$ 5,88 para julho de 2021, R$ 6,05 para julho de 2022 e R$ 6,48 para julho de 2023.
Conclusão: Com lucros históricos entre 35% e 54%, conforme a localização da fazenda, os agricultores não deveriam arriscar sofrer uma reviravolta para baixo daqui para frente. O nível dos preços está excessivamente alto, deixando pouca margem para subir mais. Sim, é verdade que o RS teve 40% de quebra de safra e seus preços serão um pouco mais elevados que os dos outros estados, mas não muito mais do que estão.
Além disso, como dissemos acima, se a exportação reduzir a demanda, a disputa com as indústrias esmagadoras será consideravelmente aliviada e os preços não terão motivos para subir mais. Também é verdade que haverá menos soja no Brasil no segundo semestre, mas, os estoques americanos estão três vezes maiores do que a média histórica do país, podendo alimentar os chineses até setembro, quando os EUA começarão a colher a nova safra. Então, nossa recomendação é a de que os vendedores aproveitem para garantir não os preços, mas os bons lucros atuais, sem se arrepender se os preços subirem um ou dois reais a mais, porque o importante é o lucro e não o preço. Aliás, os preços recuaram dois reais/saca nesta sexta-feira. Esta também é uma pista.
Fonte: T&F agroeconômica