A grande escassez de matéria-prima para as indústrias esmagadoras de soja, principalmente do Rio Grande do Sul, está provocando preços recordes na atual temporada da safra de soja 2019/20. Uma das causas desta alta foi a grande seca ocorrida naquele estado, mas que não impediu que fosse destinado um grande volume para exportação, parte do qual já havia sido contratada durante o plantio, mas também depois da colheita, quando já se sabia da quebra no estado.
Nestas ocasiões é um sinal de amadurecimento do mercado se buscar o melhor preço para o vendedor (na exportação, por exemplo) e depois se buscar matéria-prima fora do país, a preços compatíveis. As indústrias gaúchas não deixaram de participar (e vencer) leilões de fornecimento de biodiesel e de abastecer as fábricas de ração e as indústrias de carnes do estado, porque também estas foram beneficiadas com a elevação do dólar na venda de carnes.
Em outros tempos se proibiriam exportações em nome do abastecimento do mercado interno (este, aliás, foi o grande erro da Argentina na Era Kirschner, com graves conseqüências sobre a sua balança comercial e o seu lastro de dólares, principal razão de toda a crise econômica que atravessa). O que conseguimos ver no horizonte sobre o mercado de soja a curto e médio prazos é o seguinte:
Fatores de alta
- Pouquíssima disponibilidade de produto nacional
- Preços altos das importações para abastecer o mercado interno
- Dólar elevado a curto prazo
- Chicago 1: compras da China nos EUA elevam cotações
- Chicago 2: Piora das condições das lavouras americanas afeta cotações
Fatores de baixa
- Estudo sobre redução de TEC – a soja importadas entraria no país sem o pagamento de impostos
- Volume das importações, estimadas em 1,0 milhão de toneladas
- Possibilidade de o dólar recuar a médio e longo prazo, cf. Relatório Focus
No RS preços apesar da forte queda do dólar o preço se manteve a R$ 136,50 no porto e ao redor de R$ 135 no interior
Apesar da forte queda do dólar, que poderia afetar as cotações de exportação de farelo e óleo de soja, o preço oferecido pelas indústrias no porto gaúcho de Rio Grande continuou estável a R$ 136,50/saca, recorde para o estado. No interior os preços também se mantiveram inalterados, porque o principal fator de alta não é mais o dólar, mas a escassez de produto.
No entroncamento ferroviário de Cruz Alta continuou a R$ 136,00, R$ 135,50 em Ijuí e R$ 135,00 em Passo Fundo, para final de setembro. Para pagamento em outubro os preços oferecidos oscilavam entre R$ 140/141,00/saca nestas praças. Para maio de 2021 o preço continuou inalterado a R$ 119,00/saca.
No Paraná preços seguram a queda do dólar e recuaram entre 2 e 3 reais/saca
Com uma disponibilidade maior do que a do RS, porque não teve seca como o estado gaúcho na última safra, o Paraná tem um quadro de oferta & demanda mais equilibrado e, por isso, sente mais as oscilações do dólar, que é um dos principais componentes do preço da soja.
No mercado de balcão o preço oferecido ao agricultor na região de Ponta Grossa continuou a R$ 110,00. Na tabela no 1 acima pode-se ver os preços para os produtores em outras praças.
No mercado de lotes, para entrega em setembro o preço recuou 2 reais/saca para R$ 130,00, em Ponta Grossa, pagamento final de setembro. No interior dos Campos Gerais devolveu os 3 reais/saca que tinha ganho no dia anterior e fechou o dia a R$ 130,00, retirada setembro, pagamento em outubro. Para a safra 2021, o preço também devolveu os 2 reais/saca que tinha ganho no dia anterior e fechou o dia a R$ 117,00, em Ponta Grossa, entrega e pagamento abril/abril.
Em Paranaguá a cotação do mercado disponível recuou 2 reais/saca para R$ 132,00, entrega setembro pagamento final de setembro.
No Centro-Oeste os preços no interior se equivaleram aos recordes do RS e houve mais negócios para 2022
No Mato Grosso do Sul, da safra 2019/20 foram negociadas 20.000 toneladas a preços entre R$ 133,00 e R$ 136,00/saca.
Da safra 2020/21 foram negociadas 30.000 toneladas a preços entre R$ 105,00 e R$ 106,00. Da safra 2021/22 foram negociadas 30.000 toneladas ao redor de R$ 100,00/saca.
No Mato Grosso, da safra 2019/2020 foram negociadas 30.000 toneladas. Estoque baixo e mercado muito especulador não permitiram o fechamento de grandes volumes. Para embarque em outubro e pagamento em72 horas o preço foi de R$ 127,00. Para embarque em outubro e pagamento em novembro dói de R$ 130,00 em Campo Verde e Primavera do Leste. Para entrega imediata CIF Rondonópolis R$ 133,00/saca.
Para entrega em outubro na mesma cidade e pagamento em novembro, R$ 135,00/saca. Para 2020/21 foram negociadas 70.000 toneladas. Mercado bem especulado pelo vendedor. Preço atingiu R$ 110,00 para fevereiro de 2021, mas o produtor vendeu pouco, apesar do câmbio favorável. Maioria dos negócios entre R$ 105,00 e R$ 110,00 para esta data.
Em Goiás, da safra 2019/20 foram negociadas 17.000 toneladas e da safra 2020/21 foram negociadas 90.100 toneladas. Os preços permaneceram inalterados em R$ 130,00/saca em Rio Verde, R$ 130,00 em Montevidiu, R$ 120,50 em Cristalina e Morrinhos e subiram 5 reais/saca para R$ 125,00 em Formosa.
Em Minas Gerais, os preços que as Tradings puderam oferecer pela soja disponível subiram para R$ 130,00 em Patrocínio, para R$ 130,00 em Patos de Minas e R$ 130,00 em Uberlândia.
Na Bahia, os preços permaneceram em R$ 120,00 no mercado disponível. Para maio, subiu 2 reais/saca para R$ 110,00. Mercado parado no spot e poucos negócios saindo no maio 21.
Fonte: T&F Agroeconômica