É conhecido que a convivência entre plantas daninhas e cultivadas pode resultar em reduções da produtividade, ou até mesmo qualidade dos grãos ou sementes produzidos. Além de matocompetir diretamente com a cultura cultivada por recursos como água, radiação solar e nutrientes do solo, as plantas daninhas também atuam como hospedeiras de pragas e doenças que podem acometer a cultura agrícola, causando danos tanto quantitativos quanto qualitativos.
Levando em consideração que culturas como o milho, necessitam de um bom estabelecimento inicial na lavoura, para que possam expressar seu potencial produtivo, livre da matocompetição; na grande maioria das vezes, o manejo e controle de plantas daninhas é voltado aos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura.
Entretanto, algumas espécies em específico, são conhecidas por causar maiores prejuízos na fase final do desenvolvimento das plantas, tornando necessário adotar medidas de manejo que permitam não só o controle inicial das plantas daninhas, como também, o controle ao longo do desenvolvimento do milho, sendo possível para tanto, posicionar herbicidas que apresentem certo efeito residual no solo.
Um dos gêneros mais problemáticos de plantas daninhas no período final de desenvolvimento do milho é o gênero Ipomoea, cujas plantas são popularmente conhecidas como corda-de-viola e/ou corriola. No Brasil, há relatos da existência de mais de 140 espécies. A planta é considerada uma espécie anual, reproduzida por sementes; herbácea de caules e ramos finos, alongados e volúveis, que se distribuem sobre o solo ou sobem em obstáculos com até três metros, assumindo o hábito de trepadeira (Up. Herb, 2023).
Figura 1. Detalhes de diferentes espécies de corda-de-viola, Ipomoea nil (L.) Roth (A), I. hederifolia L. (B), I.ramosissima (Poir.) Choisy (C) e I. triloba L. (D).

Além da conhecida influência da densidade populacional da planta daninha sobre a produtividade das culturas anuais (Piccinini, 2015), conforme observado por Barreto (2019), analisando a interferência da I. grandifolia na cultura do milho, a capacidade da planta daninha em causar perdas de produtividade esta relacionada a sua massa seca, ou seja, tamanho da planta. A autora constatou que os tratamentos que obtiveram maiores perdas foram os que continham uma maior massa de corda-de-viola enrolada nos colmos das plantas de milho na altura da plataforma.
Figura 2. Relação entre perdas (kg ha-1) e massa seca de I. grandifolia (kg ha-1) nos diferentes tratamentos na cultura do milho na safra 2016/17. Jaboticabal, SP, 2019.

Contudo, os problemas oriundos da presença da corda-de-viola em áreas de milho não param por aí, além dos danos diretos na produtividade, em função do hábito de crescimento dessa planta daninha e comportamento de trepadeira, quando presente nas áreas de milho no momento da colheita, a corda-de-viola dificulta a colheita mecanizada da lavoura, causando frequentemente o “embuchamento” da colhedora na plataforma de corte, sistema de alimentação e/ou sistema de trilha.
Figura 3. Massa de corda-de-viola no momento da colheita mecanizada do milho.

Além de dificultar o processo de colheita, o “embuchamento” da colhedora resulta em perda de rendimento operacional. Em situações mais severas, coincidindo com a ocorrência de chuvas, o atraso da colheita pode inclusive implicar em perdas qualitativas dos grãos/sementes, impulsionada pela deterioração das sementes por umidade.
Considerando esses fatos, o manejo e controle de plantas daninhas, em especial do gênero Ipomoea, deve ser realizado não só no período inicial do desenvolvimento do milho, como também ao longo do ciclo da cultura, possibilitando melhores condições operacionais para a colheita mecanizada da lavoura. Dentre as estratégias de manejo, Matte et al. (2018) observaram que o controle químico com a associação dos herbicidas Atrazine + Mesotrione possibilita controle superior a 99% de algumas das principais espécies de plantas daninhas do milho (Conyza bonariensis, Commelina benghalensis, Glycine max, Urochloa plantaginea, Bidens pilosa), dentre elas, a Ipomoea grandifolia, podendo então, ser um interessante ferramenta de manejo visando o controle da corda-de-viola no milho, principalmente levando em consideração o efeito residual proporcionado pela Atrazine em solos agrícolas.
Veja mais: Quando intensificar o monitoramento do milho no início da lavoura?
Referências:
BARRETO, L. F. INTERFERÊNCIA DE Ipomoea grandifolia NA CULTURA DO MILHO. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Campus de Jaboticabal, 2019. Disponível em: < https://www.lapda.org.br/storage/downloads/interferencia-de-ipomoea-grandifolia-na-cultura-do-milho-3051.pdf >, acesso em: 28/03/2023.
MATTE, W. D. et al. EFICÁCIA DE [ATRAZINE + MESOTRIONE] PARA O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO. Rev. Bras. Herb., v.17, n.2, e587, abr./jun. 2018. Disponível em: < http://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/587/587 >, acesso em: 28/03/2023.
PACHECO, A. A. T. A. EFICIÊNCIA DOS HERBICIDAS ATRAZINE E MESOTRIONE, EM APLICAÇÕES ISOLADAS E EM MISTURAS, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Viçosa, 2018. Disponível em: < https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/23171/1/texto%20completo.pdf >, acesso em: 28/03/2023.
PICCININI, F. COMPETIÇÃO E DANOS DE CORDAS-DE-VIOLA EM SOJA. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, 2015. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/5131/PICCININI%2C%20FERNANDO.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 28/03/2023.
UP. HERB. PLANTAS DANINHAS: CORDA-DE-VIOLA. Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas, 2023. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/corda-de-viola >, acesso em: 28/03/2023.
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)