Embora pouco discutida, a profundidade de semeadura da soja é um dos principais fatores que influenciam no estabelecimento da cultura no campo, podendo impactar componentes de produtividade como o número de plantas por área, afetando a produtividade final da lavoura. Em 1981, Gilioli e colaboradores já haviam evidenciado a influência da profundidade de semeadura sobre a emergência e estabelecimento da cultura no campo.

Mediante estudos científicos, se convencionou que para a cultura da soja, o ideal é que as sementes sejam posicionadas em profundidade variando entre 3 cm a 5 cm (Balbinot Junior et al., 2020). Como principal consequência da baixa uniformidade da profundidade de semeadura da soja, temos a heterogeneidade de emergência do estande de plantas, podendo esse, ser fortemente influenciado também por características fisiológicas das sementes como vigor.

Embora as semeadoras modernas possibilitem maior uniformidade de semeadura, tanto longitudinal, quando verticalmente, o ajuste da profundidade de semeadura da soja deve ser realizado com cautela, observando não só as recomendações técnicas (de 3 a 5cm de profundidade), como também as condições climáticas e ambientais.

Ainda que possa haver variação em função do tipo de solo, teor de argila e cobertura do solo (palhada), de maneira geral pode-se dizer que semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergência, principalmente em solos sujeitos ao selamento superficial e a alagamentos eventuais, em que a carência de oxigênio dificulta a emergência das plantas.

Em contrapartida, semeaduras muito rasas aumentam as chances de desidratação das sementes ou das radículas e dos caulículos, principalmente em regiões quentes e sujeitas a veranicos (Balbinot Junior et al., 2020). Logo, o ajuste da profundidade de semeadura pode ser utilizado como ferramenta de manejo, seja para contornar o excesso, como o déficit hídrico.



Sobretudo, é preciso compreender que após iniciado o processo de germinação da soja, é necessário que haja condições adequadas de umidade no solo. Para que ocorra um eficiente processo germinativo, é necessário que a semente absorva cerca de 50% do seu peso em água. Logo, caso não chova após a semeadura, sob baixa disponibilidade hídrica do solo, semeaduras muito rasas podem resultar na falta de umidade para o processo de embebição das sementes para a germinação, prejudicando o processo germinativo ao até mesmo comprometendo-o, afetando o estabelecimento da cultura do campo.

Em situações como essa, trabalhar com profundidades de semeadura maiores (dentro do recomendado) podem contribuir para mitigar os efeitos do déficit hídrico, possibilidade melhor estabelecimento da cultura do campo. Sobretudo, em casos mais extremos, somente trabalhar com a profundidade de semeadura pode não ser o suficiente para garantir a boa emergência das plântulas. Além do ajuste da profundidade de semeadura, é essencial atentar para a qualidade do fechamento do sulco de semeadura, visando garantir bom contato semente/solo.


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Referências:

BALBINOT JUNIOR, A. A. et al. INSTAÇÃO DA LAVOURA. Tecnologias de Produção de Soja, cap. 4, Embrapa Soja, Sistemas de Produção, n. 17, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 02/01/2023.

GILIOLI, J. L. et al. EFEITO DE PROFUNDIDADE DE SEMEADURA E DO TRÂT AMENTO DE SEMENTES DE SOJA COM FUNGICIDA, SOBRE A EMERGÊNCIA, EM SOLO COM DIFERENTES CONDIÇÕES DE UMIDADE. FITOPATOLOGIA BRASILEIRA, 1981. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/175440/1/gilioli0001.pdf >, acesso em: 02/01/2023.

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