Por Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, terminam o mês de outubro com viés de baixa. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (31) em US$ 4,10/bushel, contra US$ 4,21 uma semana antes e US$ 4,29 no primeiro dia do mês. Um ano atrás, o bushel de milho finalizava outubro valendo US$ 4,78.
Em tal contexto, a colheita do cereal nos EUA atingia a 81% da área no dia 27/10, contra a média histórica de 64%. Já os embarques de milho por parte dos EUA, na semana encerrada em 24/10, somaram 823.664 toneladas. Com isso, o total exportado, no atual ano comercial, é de 6,6 milhões de toneladas, contra 4,98 milhões no mesmo período do ano anterior.
E no Brasil, a média gaúcha fechou a última semana de outubro em R$ 65,50/saco, contra R$ 53,47/saco um ano antes. Assim, contrariamente à soja, o milho se valorizou em termos médios, ganhando 22,5% no período de final de outubro/23 ao final de outubro/24. Já nas demais regiões brasileiras, o preço do cereal fechou outubro oscilando entre R$ 49,00 e R$ 72,00/saco. No ano passado, na mesma época, estes preços estavam entre R$ 36,00 e R$ 55,00/saco. O ganho anual, aqui, está entre 30% a 36% conforme a região do país. Já na B3, o fechamento do dia 30/10, para os contratos mais próximos, registrou valores entre R$ 73,15 e R$ 76,77/saco, contra R$ 59,44 e R$ 66,59/saco um ano antes.
Confirmando este quadro aqui apresentado, o Imea indica que, no Mato Grosso, no dia 25/10 o preço do milho chegou a R$ 52,41/saco em termos médios, valor que não era visto desde o dia 27 de abril de 2023. “Quando a comparação é com o mesmo período do ano passado, o preço do milho está 49,7% mais alto no estado.”
Ou seja, por enquanto, as baixas exportações brasileiras de milho não estão levando a uma redução nos preços do cereal no país. Na prática, elas estão se adaptando ao menor volume produzido na última safra geral. O que ocorre é o Brasil perder partes do mercado internacional já conquistadas, pelo menos momentaneamente.
De fato, segundo a Secex, nos primeiros 19 dias de outubro o Brasil exportou uma média diária de 281.042 toneladas, o que significa 30,1% a menos do que a média diária de todo o mês de outubro do ano passado. Com isso, até aquele momento, o país havia exportado 5,3 milhões de toneladas de milho em outubro/24, contra 8,4 milhões no mesmo mês do ano anterior.
Diante disso, a Anec espera que o país exporte, em outubro, um total de 5,92 milhões de toneladas do cereal. Dito isso, o plantio do milho de verão chegava a 52% da área esperada, no Centro-Sul brasileiro, no dia 24/10. No ano passado, o mesmo atingia a 53% (cf. AgRural). Já a Conab aponta uma área semeada menor, com a mesma chegando a 36,8% no dia 27/10. No Rio Grande do Sul, até o dia 24/10, o plantio do milho chegava a 68% da área esperada, estando exatamente dentro da média histórica (cf. Emater).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).