Por Argemiro Luís Brum
As cotações do milho igualmente subiram durante a semana, não indicando, por enquanto, efeitos maiores devido as eleições presidenciais nos EUA. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (07), véspera do novo relatório de oferta e demanda do USDA, que iremos comentar em detalhes no próximo boletim, em US$ 4,27, contra US$ 4,10 uma semana antes. A média de outubro ficou em US$ 4,16/bushel, ou seja, 4% acima da média registrada em setembro. Lembrando que a média de outubro/23 foi de US$ 4,88/bushel.
Até o dia 03/11 a colheita de milho nos EUA estava em 91% da área, contra 75% na média histórica.
Já aqui no Brasil os preços se mantêm firmes. A média gaúcha fechou a semana em R$ 65,94/saco, enquanto os valores, nas demais regiões do país, oscilaram entre R$ 53,00 e R$ 72,00/saco.
Vale destacar que o Indicador do milho ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) encerrou outubro a R$ 72,94/saco, acumulando alta de 13,4% no mês e atingindo o maior patamar desde 18 de abril de 2023 (cf. Cepea).
Por sua vez, a Conab aponta que o plantio da safra de verão, do milho, chegou a 42,1% da área esperada até o dia 03/11, contra 40,2% no mesmo período do ano anterior. Segundo ela, os estados mais adiantados na semeadura de verão eram o Paraná (97%), Santa Catarina (90%), Rio Grande do Sul (83%), São Paulo (40%), Minas Gerais (22,3%), Goiás (12%) e Bahia (11%). O órgão público informou ainda que 12,1% das áreas plantadas estavam em fase de emergência, 85,4% avançaram para desenvolvimento vegetativo e os 2,5% restantes estavam em floração.
Enquanto isso, analista privado avança que o plantio da safra de verão, no Centro-Sul brasileiro estaria bem mais avançado, atingindo a 59% da área até o dia 31/10 (cf. AgRural).
Por sua vez, em uma primeira estimativa para a safrinha 2024/25, a StoneX avança um volume de 101,5 milhões de toneladas, significando 8,4% acima do colhido no ano anterior segundo suas estatísticas. Ela espera um aumento de 0,8% na área a ser semeada com a segunda safra do cereal em 2024/25. Já para a safra de verão, a fonte continua esperando uma produção de 24,9 milhões de toneladas. Com isso, o total a ser colhido poderá atingir a 128,5 milhões de toneladas, recuperando a parcialmente frustrada safra deste último ano. Esse volume poderá resultar em um estoque final de 19,5 milhões de toneladas no país, pressionando para baixo os preços do cereal no próximo ano. Para 2023/24 a StoneX projeta exportações em 37,5 milhões de toneladas.
E no Mato Grosso, o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) indicou que a área da safrinha deverá ser menor neste novo ano, atingindo a 6,79 milhões de hectares. Isso se deverá ao atraso no plantio da soja. Espera-se, agora, que o plantio do milho seja, pelo menos, dentro da “janela” ideal.
Enfim a Secex anunciou que o Brasil exportou, em outubro, um total de 6,4 milhões de toneladas de milho, contra 8,4 milhões no mesmo mês do ano passado. Ou seja, os embarques de milho, neste ano, seguem lentos e em volume menor do que o normal e o esperado. Ocorre que, nos últimos meses, o milho dos EUA é o mais barato do mundo e vem tirando mercado do Brasil. E isso que o milho brasileiro viu seu preço recuar em 11,4%, passando para US$ 199,60/tonelada em outubro/24.
Já para novembro, se espera novo recuo, com vendas em torno de 4,2 milhões de toneladas, contra 7 milhões em novembro de 2023. Até novembro/24 são esperados 33,5 milhões de toneladas na exportação brasileira, contra volumes próximos de 50 milhões no mesmo período do ano passado. Assim, durou pouco tempo a liderança mundial do Brasil na exportação de milho, obtida em 2023 e já perdida em 2024 (cf. Cargonave).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).