Por Dr. Argemiro Luís Brum

O primeiro mês cotado, em Chicago, após ensaiar uma recuperação durante a semana, voltou a recuar, chegando a US$ 10,13/bushel no dia 19/08, porém, no fechamento da quinta-feira (21) acabou subindo novamente, atingindo a US$ 10,34/bushel, contra US$ 10,08 uma semana antes. Destaque para a forte alta do farelo de soja em Chicago, o qual ganhou 11% em seu preço entre os dias 1º e 21 de agosto do corrente. Já o óleo perdeu 6,4% de seu valor entre os dias 1º e 20 de agosto.

Dito isso, as condições das lavouras de soja, nos EUA, no dia 17/08, se apresentavam com 68% entre boas a excelentes, 24% regulares e apenas 8% entre ruins a muito ruins.

Por sua vez, na semana encerrada em 14/08, os EUA exportaram 473.605 toneladas de soja, alcançando um volume total de 48,9 milhões de toneladas no atual ano comercial.

Enquanto isso, a NOPA (Associação Nacional de Processadores de Oleaginosas dos Estados Unidos) informou que, em julho, os EUA esmagaram 5,33 milhões de toneladas da oleaginosa, sendo um recorde para o mês de julho, superando em 7% o triturado em julho de 2024. Ao mesmo tempo, a Associação informou que os estoques estadunidenses de óleo de soja, ao atingirem 1,379 bilhão de libras-peso, são os mais baixos em 21 anos para o mês de julho e 8% menores do que os de julho do ano passado.

E como não podia deixar de ser, os produtores estadunidenses de soja aumentaram suas manifestações contra Donald Trump, na medida em que os acordos comerciais com a China não avançam e o tarifaço imposto retira os chineses das compras de soja dos EUA. Como se sabe, os chineses passaram a comprar mais soja do Brasil e da Argentina, deixando de lado o produto dos EUA depois da errática medida protecionista adotada por Trump. Isso tudo vem causando incertezas no mercado internacional, às vésperas da entrada da nova safra estadunidense no mercado. “Em meio ao aumento de custos com insumos e equipamentos, os preços da soja seguem em queda em Chicago e a perspectiva de perda de bilhões de dólares em exportações preocupa o setor, lembrando que os chineses compraram 54% das exportações estadunidenses da oleaginosa em 2023/24.” Atualmente, tais compras caíram para quase zero por cento (cf. Biond Agro).

E no Brasil, com Chicago em níveis baixos, câmbio um pouco melhor (R$ 5,49 por dólar no dia 21) e prêmios firmes, devido a demanda chinesa, os preços no interior subiram mais um pouco. A média gaúcha ficou em R$ 125,22/saco, enquanto as principais praças locais praticaram valores entre R$ 124,50 e R$ 125,00/saco. No restante do país, os valores, junto as maiores praças, oscilaram entre R$ 116,00 e R$ 126,50/saco.

No ano passado, estes valores de balcão estavam em R$ 114,86/saco na média gaúcha, e as principais praças locais praticavam valores entre R$ 113,50 e R$ 114,00/saco. Nas demais regiões do país os valores ficavam entre R$ 110,00 e R$ 120,00/saco. Ou seja, os prêmios nos portos estão sustentando nossos preços atualmente, graças ao tarifaço que Trump impôs sobre a China e o mundo, enquanto os sojicultores estadunidenses perdem mercado. É importante ter clareza que tal quadro pode reverter a qualquer momento, na medida em que EUA e China continuam negociando redução das tarifas. Por enquanto, a média gaúcha está cerca de R$ 11,00/saco acima do praticado na mesma época do ano passado, enquanto os valores no restante do país se apresentam ao redor de R$ 6,00/saco mais elevados do que um ano atrás. Em percentagem, no Rio Grande do Sul o aumento anual é de 9% e no restante do Brasil de 5,4%, lembrando que a inflação oficial, no período agosto/24 a julho/25 é de 5,23%.

Pelo sim ou pelo, o quadro leva os produtores brasileiros a aumentarem suas vendas, aproveitando a oportunidade inesperada, sendo que cerca de 120 milhões de toneladas de soja já haviam sido vendidas neste ano no país.

Vale ainda destacar que os estoques finais da safra 2024/25 estão elevados, estimados pela Conab em 3,9 milhões de toneladas, ficando mais de quatro vezes acima do registrado um ano antes. Esta realidade ajuda a segurar os preços da soja, impedindo níveis um pouco melhores do que os atuais, pelo menos por enquanto.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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