ANÁLISE CLIMÁTICA DE JULHO
Em julho de 2022, os maiores acumulados de chuva foram registrados principalmente na costa leste do Nordeste, faixa norte da Região Norte e no Rio Grande do Sul, chegando a acumulados de chuva superiores a 300 mm em algumas áreas. Assim como observado desde de abril, em grande parte do Brasil Central, as chuvas em julho foram mais escassas, refletindo na redução do armazenamento de água no solo nessas áreas.
Na Região Norte foram observados acumulados de chuva superiores a 150 mm, principalmente nos estados da faixa norte da região, mantendo elevados os níveis de armazenamento de água no solo. Já em áreas de Rondônia, Tocantins e sul do Pará, os acumulados de chuva foram inferiores a 20 mm e impactaram negativamente os níveis de água no solo.
Na Região Nordeste, os acumulados de chuva foram superiores a 200 mm e concentraram-se na costa leste da região, favorecendo o armazenamento de água no solo e às lavouras em desenvolvimento na região da Sealba. Em áreas do oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí não foram registrados acumulados de chuva, o que reduziu os níveis de água no solo, mas favoreceu os cultivos de segunda safra que se encontravam em maturação e colheita na região.
Na Região Centro-Oeste não foram observados volumes de chuva em praticamente toda a região, que favoreceram as fases finais dos cultivos de segunda safra. Entretanto, a redução dos níveis de água no solo causou restrição hídrica nos cultivos de inverno que se encontram em fases mais sensíveis em Mato Grosso do Sul.
Em grande parte da Região Sudeste, assim como no Centro-Oeste, não foram registrados acumulados de chuva, havendo predominância de tempo seco e redução do armazenamento de água no solo, porém estas condições também favoreceram os cultivos de segunda safra que se encontram nas fases finais de desenvolvimento.
Em algumas áreas de São Paulo houve restrição hídrica nos cultivos que se encontram em estádios fenológicos mais sensíveis. Já em áreas do sul de São Paulo e litoral da região, mesmo com acumulados de chuva observados em torno de 30 mm, houve redução dos níveis de água no solo nessas áreas.
Na Região Sul do país, os maiores acumulados de chuva registrados ultrapassaram 150 mm, principalmente no Rio Grande do Sul, mantendo altos níveis de umidade no solo e atrasando o plantio dos cultivos de inverno. Porém, a boa disponibilidade hídrica beneficiou as fases iniciais de desenvolvimento dessas culturas. No norte do Paraná, os baixos acumulados de chuva restringiram o desenvolvimento dos cultivos de milho segunda safra e trigo que se encontram em estádios fenológicos mais sensíveis.
Além das restrições hídricas ou excesso de água observados em algumas áreas durante julho, a redução das temperaturas em grande parte do Centro-Sul do país favoreceu a ocorrência de geadas, principalmente em áreas da Região Sul e de altas altitudes do Sudeste, porém não causaram danos significativos aos cultivos de segunda safra e às culturas de inverno nessas regiões.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 16 e 31 de julho de 2022. Em grande parte da região central do Oceano Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias negativas de até -1 °C, chegando a valores de até -2 °C na costa oeste da América do Sul, indicando a persistência de temperaturas mais frias nesta área.
Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante julho permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca. Nos primeiros onze dias do mês, os valores de TSM permaneceram em torno de -0,3 °C, com uma tendência de aumento até o décimo quinto dia, chegando a -0,2 °C. Na segunda quinzena de julho, os valores de anomalia de TSM voltaram a cair, chegando a valores próximos de -0,6 °C no início de agosto.
A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que as condições de La Niña ainda devem permanecer durante o final do inverno (agosto) e primavera (setembro, outubro e novembro), com probabilidades entre 68% e 70%, até o início do verão, com probabilidade chegando a 63%.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO AGOSTO, SETEMBRO E OUTUBRO/2022
As previsões climáticas, segundo o modelo estatístico do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Norte do país há previsões de chuva acima da média climatológica, com exceção de áreas do centro-sul do Pará e sudoeste e leste do Amazonas, onde a previsão indica uma tendência de chuvas dentro e abaixo da média.
Na Região Nordeste, o modelo indica chuvas dentro e acima da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente em áreas do Sealba em agosto, o que pode favorecer o desenvolvimento das culturas na região, como o feijão e o milho terceira safra.
Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão trimestral indica chuvas dentro e ligeiramente acima da média em grande parte da região, com exceção de áreas do norte e sudoeste do Mato Grosso, centro- norte do Mato Grosso do Sul e em São Paulo, onde a previsão é de chuvas abaixo da climatologia. Porém, principalmente em outubro, há previsão do retorno gradual das chuvas em grande parte da região. Essas condições podem afetar as fases finais dos cultivos de inverno nas regiões produtoras.
Já na Região Sul, com a previsão da persistência de condições de La Niña nos próximos três meses, o prognóstico climático aponta para chuvas dentro e ligeiramente abaixo da média em grande parte da região, principalmente em agosto e outubro, o que pode impactar os cultivos de inverno. Porém, não se descarta a possibilidade de chuvas ligeiramente acima da média, principalmente em setembro, devido à rápida passagem de sistemas frontais sobre o leste da região.
Em relação à temperatura média do ar, há previsão de temperaturas ligeiramente dentro e acima da média climatológica em praticamente todo o país. Em grande parte dos estados da Região Sul, principalmente em setembro e outubro, as temperaturas podem ficar dentro e abaixo da média, não descartando entradas de massas de ar frio, ocasionando queda nas
temperaturas mínimas e favorecendo a ocorrência de geadas em regiões serranas, bem como em áreas de altas altitudes da Região Sudeste.
Fonte: Conab
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