Chicago, para a soja, ensaiou uma recuperação das cotações nesta semana, após ter alcançado níveis os mais baixos em mais de três anos, porém, a mesma não se sustentou e o fechamento desta quinta-feira (22) ficou em US$ 11,47/bushel, contra US$ 11,62 na semana anterior.
O Fórum Outlook do USDA, realizado no final da semana anterior, confortou esta tendência baixista ao projetar que a área de soja, a ser semeada nos EUA a partir de maio, deverá crescer. A área esperada é de 35,41 milhões de hectares, contra 33,83 milhões da safra anterior, ou seja, um aumento de 4,7%.
Por outro lado, na semana encerrada em 15/02 os EUA embarcaram 1,2 milhão de toneladas de soja, com o volume ficando dentro do esperado pelo mercado. Em todo o atual ano comercial os EUA embarcaram, por enquanto, 32 milhões de toneladas, ou seja, 23% a menos do que no ano anterior. Temos aí outro fator para a debilidade das cotações em Chicago.
Já no Brasil, os preços voltaram a recuar, na medida em que o câmbio se mantêm abaixo de R$ 5,00 por dólar e estável, enquanto os prêmios nos portos, apesar de alguma melhoria, continuam no terreno negativo, próximos de um dólar por bushel. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 108,50/saco, enquanto no restante do país os preços variaram entre R$ 98,00 e R$ 106,00/saco. Nota-se que o mercado estabilizou e até apresentou leve alta média em alguns locais onde a colheita já ocorre.
Isso porque vai se confirmando uma produção menor do que o inicialmentete esperado. Aliás, as estimativas de safra no Brasil estão revendo para baixo a produção final nas últimas semanas. Assim, enquanto na virada da semana a colheita no Brasil já atingia a 31,1% da área, contra a média de 25,9% (cf. Pátria AgroNegócios), as últimas estimativas de safra dão conta de um volume entre 147,9 milhões de toneladas, com redução de 1,8 milhão de toneladas sobre o estimado em janeiro, com a produtividade média nacional ficando em 54,4 sacos/hectare (cf. Agrinvest) e 152,2 milhões de toneladas (cf. Agroconsult, a partir do Rally da Safra). Isso representa um recuo entre 8,7% e 6% sobre o volume colhido no ano passado (162 milhões de toneladas segundo o USDA).
Embora a redução exista, o volume a ser colhido, na dimensão do conjunto da América do Sul, deverá ser compensado pela recuperação da produção argentina. Mesmo assim, em termos nacionais há preocupações. A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Paraná (Aprosoja PR), por exemplo, comunica aos produtores e seus associados que a entidade, junto com a Aprosoja Brasil, está solicitando medidas para socorrer os agricultores atingidos pelas perdas da atual safra.
Pelo sim ou pelo não, tal realidade brasileira, caso a Argentina não confirme a recuperação como vem sendo estimado, pode reverter um pouco a tendência baixista em Chicago logo adiante. Mas o ponto principal de atenção naquela Bolsa passa a ser a intenção de plantio nos EUA, prevista para o final de março.
Enquanto isso, a estimativa de produtividade no Mato Grosso está em 52,5 sacos/hectare (-17,7% sobre a excelente safra passada), pois 40% da área semeada foi atingida por altas temperaturas e baixo volume de chuvas. Goiás também teria sido atingido da mesma forma, havendo redução da produtividade também em Minas Gerais (de 59 para 57 sacos por hectare) e São Paulo (de 60 para 55 sacos por hectare). No Paraná e Rio Grande do Sul, sob impacto da seca em janeiro e início de fevereiro, as produtividades foram reduzidas para 58 e 53 sacos por hectare, contra 60 e 55,5, respectivamente. (cf. Agroconsult)
Enfim, a exportação de soja pelo Brasil, em 2024, deve atingir a 94 milhões de toneladas, contra 101,9 milhões exportadas em 2023. Já o esmagamento da oleaginosa ficaria em 54,3 milhões de toneladas no corrente ano, contra 53,5 milhões em 2023. (cf. Safras & Mercado).
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).