Autor: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, cederam um pouco no final da corrente semana, após ensaiarem um pequeno movimento de alta pós–relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 12/08. O primeiro mês cotado fechou a quinta–feira (18) em US$ 6,19/bushel, contra US$ 6,29 uma semana antes.Este comportamento se deu em função da melhoria do clima nos EUA, embora o milho já esteja na reta final para o início da colheita.Mesmo assim, no dia 14/08, as condições das lavouras estadunidenses do cereal se apresentavam com 57% entre boas a excelentes, perdendo um ponto percentural em relação a semana anterior. Outras 27% se apresentavam regulares e 16% se mantinham entre ruins a muito ruins. Já os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 11/08, atingiram a 538.406 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. Com isso, no ano comercial 2021/22, os EUA embarcaram 53,1 milhões de toneladas, sendo este volume 18% menor do que o realizado no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, na Ucrânia, mais navios se fizeram presentes nos portos do Mar Negro, permitindo uma expectativa de maiores exportações de grãos por parte daquele país, assolado pela guerra imposta pela Rússia. Essa realidade pressiona os preços internacionais do milho e do trigo para baixo.
De forma geral, Chicago trabalha, no momento, sob influência do clima nos EUA, que melhorou na região produtora local, além da influência das questões financeiras, particularmente no que diz respeito a concreta possibilidade de novos aumentos nas taxas de juros básicas nos EUA. Em tal contexto, o viés é negativo para as cotações do cereal neste momento.
Aqui no Brasil, os preços se recuperaram um pouco, porém, ainda pressionados pela safrinha. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 83,41/saco, enquanto as principais praças nacionais registraram oscilação entre R$ 70,00 e R$ 83,00/saco. Já na B3, a abertura do pregão, desta quinta–feira (18), apontava o vencimento setembro/22 à R$ 85,46/saco; novembro/22 à R$ 89,44; janeiro/23 à R$ 92,50 e março/23 à R$ 94,00/saco.
Dito isso, a safrinha brasileira estava colhida em quase 84% da área até o dia 12/08, no contexto de uma área total de 14,7 milhões de hectares. A colheita chegava a 72,3% no Paraná, 68,8% em São Paulo, 76,6% em Mato Grosso do Sul, 77,2% em Goiás, 96,9% em Mato Grosso (neste momento a colheita no Mato Grosso já está encerrada) e 59,8% em Minas Gerais. No mesmo período do ano passado, a colheita da safrinha atingia 72,7% da área cultivada de 14,4 milhões de hectares.
A média de colheita dos últimos cinco anos para o período é de 82%. Na região do Matopiba, a colheita atingia 75% da área cultivada de 1,15 milhão de hectares, até o dia 12/08, sendo 74,6% na Bahia, 62,8% no Maranhão, 70,5% no Piauí e 92,3% no Tocantins. (cf. Safras &Mercado)
Por outro lado, o plantio de verão iniciou no Centro–Sul brasileiro, porém, a forte onda de frio, acompanhada de geadas, prevista para este final de semana, preocupa o mercado. Este plantio, referente ao ano 2022/23, teria alcançado 1,6% da área esperada na região até o dia 11/08, sendo que o Rio Grande do Sul atingia a 6% da área esperada. Em relação ao ano anterior, o plantio atual está adiantado. (cf. AgRural) Enquanto isso, nos primeiros 10 dias úteis de agosto o Brasil exportou 3,24 milhões de toneladas de milho. Esse volume representa 74,6% do total exportado em todo o mês de agosto do ano passado.
Assim, a média diária de embarques, em agosto, é 64,2% superior a registrada em igual mês de 2021. O preço da tonelada exportada subiu 41,1% em 12 meses, passando a mesma a US$ 271,10 neste mês de agosto. (cf. Secex) Por sua vez, o Brasil importou 138.581 toneladas de milho nos 10 primeiros dias úteis de agosto.
Com isso, o país já recebeu 95,1% do total importado em agoto de 2021, fato que coloca a média diária de importação, neste mês de agosto, 109,2% acima do registrado em agosto de 2021. O preço atual de importação está 13% menor do que o registrado um ano antes, se fixando em US$ 220,60/tonelada. (cf. Secex)
De forma geral, o mercado brasileiro de milho está acomodado, atento à fase final de colheita da safrinha, a qual indica um volume recorde. Atualmente há poucos negócios acontecendo, com maior atuação dos compradores no Mato Grosso, enquanto há pressão dos armazéns no Paraná para que os produtores locais vendam seu milho, ou a soja, para liberar os locais para a chegada da nova safra de trigo, a qual se inicia em setembro naquele Estado. (cf. Brandalizze Consulting).
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).