O déficit hídrico pode ser considerado um dos principais se não o principal fator limitante da produtividade de culturas agrícolas como a soja. A baixa disponibilidade hídrica reduz a taxa fotossintética da planta, e com ela a produção de fotoassimilados para a planta e acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos, reduzindo significativamente a produtividade da cultura.

Embora possa haver variações em virtude da cultivar, ambiente de cultivo e condições ambientais, para expressar seu potencial produtivo, a cultura da soja necessita em média de 450 mm a 800 mm durante seu ciclo de desenvolvimento, havendo picos de consumo de água durante o período reprodutivo da soja, onde é possível observar evapotranspiração de 7 a 8 mm dia-1 (PAS Campo, 2005).

A baixa disponibilidade hídrica ou a ocorrência de déficits hídricos durante o crescimento e desenvolvimento da soja pode limitar a produtividade da cultura, resultando em perdas significativas de rendimento. Em áreas irrigadas, normalmente esse fator não é motivo de problema, entretanto, se tratando de áreas de sequeiro, a ocorrência de períodos de estresse hídrico é uma constante problemática vivenciada por agricultores.

Com isso em vista, torna-se necessário buscar métodos alternativos a irrigação que auxiliem na mitigação dos efeitos do déficit hídrico em áreas de sequeiro, sendo bioestimulantes uma das principais ferramentas empregadas nesse sentido. Mas a adição de bioestimulantes na cultura da soja realmente contribui para a mitigação do efeito do estresse hídrico e aumento da produtividade da cultura?



Avaliando a ação de bioestimulantes na mitigação do estresse por deficiência hídrica em soja, Rosa (2020) observou que nas plantas com aplicação de bioestimulante foram observadas maiores taxas fotossintéticas, mecanismos protetores mais eficientes, maiores atividades de enzimas antioxidativas, percepção do reestabelecimento hídrico mais eficiente e rápida retomada das atividades metabólicas após a suspensão do déficit hídrico. A autora ainda destaca que o uso de bioestimulante aumentou a tolerância da soja em condições estressantes e reduziu perdas de produtividade (Rosa, 2020).

Resultados positivos do uso de bioestimulantes em soja também foram observados por Cavalcante et al. (2020). Os autores avaliaram a eficiência dos bioestimulantes no manejo do déficit hídrico na cultura da soja. Os tratamentos analisados por Cavalcante et al. (2020) consistiam em: T1) Aminoácidos; T2) Extrato de Alga; T3) Ácidos fúlvicos; T4) Fitohormônios; T5) Nutrientes e T6) Controle.

Conforme resultados obtidos pelos autores (tabela 1), as substâncias bioestimulantes mostraram-se eficientes em promover maior capacidade da planta em suportar um período de déficit hídrico, possibilitando inclusive o incremento de produtividade da soja em comparação a testemunha (controle), havendo destaque para o uso de Ácidos fúlvicos (T3) e Extrato de Alga (T2).

Tabela 1. Médias da produtividade de grãos (PG) e massa de 100 grãos (M100G), em função dos tratamentos.

Em que: 1 – Aminoácidos; 2 – Extrato de Alga; 3 – Ácidos fúlvicos; 4 – Fitohormônios; 5 – Nutrientes e 6 – Controle. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si segundo teste Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: Cavalcante et al. (2020)

Corroborando Rosa (2020), os resultados obtidos por Cavalcante et al. (2020) indicam haver significativa contribuição do uso de substancias bioestimulantes em soja, visando atenuar os efeitos do déficit hídrico. Além disso, Cavalcante et al. (2020) observaram que em situações de estresse hídrico, o uso de bioestimulantes em soja pode possibilitar incrementos de produtividades superiores a 20% em comparação a testemunha, sendo uma interessante ferramenta para o aumento de produtividade da soja, especialmente em condições de estresse hídrico.


Veja mais: Uso do Gesso Agrícola


Referências:

CAVALCANTE, W. S. et al. EFICIÊNCIA DOS BIOESTIMULANTES NO MANEJO DO DÉFICIT HÍDRICO NA CULTURA DA SOJA. Irriga, Inovagri, Notas Técnicas, Botucatu, v. 25, n. 4, p.754-763, 2020. Disponível em: < https://actaarborea.fca.unesp.br/index.php/irriga/article/view/4186/2750 >, acesso em: 27/12/2021.

PAS CAMPO. MANUAL DE SEGURANÇA E QUALIDADE PARA A CULTURA DA SOJA. Embrapa, Transferência de Tecnologia, 2005. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/25249/1/MANUALSEGURANCAQUALIDADEParaaculturadesoja.pdf >, acesso em: 27/12/2021.

ROSA, V. R. AÇÃO DE BIOESTIMULANTES NA MITIGAÇÃO DO ESTRESSE POR DEFICIÊNCIA HÍDRICA EM SOJA. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp Câmpus de Botucatu, 2020. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/handle/11449/192485 >, acesso em: 27/12/2021.

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