Embora a cultura da soja apresente conhecida plasticidade, o número de plantas por área é um dos principais componentes de rendimento da cultura (Zanon et al., 2018) e a baixa plantabilidade pode ser um dos principais fatores responsáveis pela redução desse componente de produtividades. A plantabilidade está relacionada a deposição de sementes pela semeadora, levando em consideração a distribuição longitudinal entre elas e profundidade no suco de semeadura.
Entre outros fatores, a baixa plantabilidade implica na ocorrência de espaçamentos falhos e duplos na linha de semeadura, resultando em desuniformidade da lavoura. A deposição de sementes muito próximas umas das outras pode resultar em competição entre as plantas de soja, enquanto grandes falhas na semeadura podem resultar na redução do estande de plantas.
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Dentre os fatores mais estudados e abordados com relação a plantabilidade da soja podemos destacar a velocidade de semeadura e o uso ou não da haste sulcadora (facão ou botinha). Embora semeadoras modernas possibilitem uma maior velocidade de trabalho, velocidades elevadas de semeadura comprometem a distribuição longitudinal das sementes, reduzindo a uniformidade dos espaçamentos, aumentando a quantidade de duplas e falhas e reduzindo espaçamentos considerados aceitáveis (Zardo & Casimiro, 2016).
Dessa forma, fica evidente a necessidade de seguir as orientações técnicas relacionadas a velocidade de trabalho do conjunto trator/semeadora a fim de reduzir o percentual de espaçamentos falhos e duplos. Assim como a velocidade de semeadura, o uso da haste sulcadora ou disco sulcador na semeadora é muito discutido por diversos autores, sendo possível encontrar resultados que demonstram incremento significativo de produtividade com o uso da haste sulcadora, e outros nem tanto.
Conforme observado por Matos et al. (2021) avaliando mecanismos sulcadores e a velocidade de semeadura na plantabilidade e produtividade da soja, não há diferença significativa de profundidade de semeadura em função do mecanismo sulcador (haste ou disco). Com relação a produtividade, os autores observaram variações em função do mecanismo sulcador e velocidade de semeadura, sendo que a maior produtividade obtida no estudo foi obtida com o uso da haste sulcadora na velocidade de semeadura de 6 km h-1, já com o uso do disco sulcador, a maior produtividade observada pelos autores foi obtida na semeadura a 8 km -1.
Tabela 1. Produtividade de grãos de soja (kg ha-1) em função de diferentes sistemas de aberturas de sulco e velocidades de semeadura. Dourados, MS – 2021.

Conforme resultados obtidos por Matos et al. (2021), com o aumento da velocidade de semeadura, se tem o aumento da profundidade de semeadura. A semeadura da soja realizada na velocidade intermediária (8 km h-1) proporciona maior espaçamento normal e menor duplo, porém sem influência sobre os espaçamentos falhos.
Com relação a produtividade, essa, pode variar de acordo com o mecanismo sulcador utilizado e velocidade de semeadura, havendo notória interação entre ambos os fatores. Cabe destacar que a plantabilidade é influenciada por fatores como semente, semeadora e solo e que a variação de algum desses fatores pode resultar em diferenças de plantabilidade, impactando inclusive a produtividade da soja, sendo necessário adequar fatores como mecanismo sulcador e velocidade de semeadura à realidade da área de cultivo, visando a melhor plantabilidade e produtividade da soja.
Referências:
MATOS, E. S. et al. MECANISMOS SULCADORES E VELOCIDADE DE SEMEADURA NA PLANTABILIDADE E PRODUTIVIDADE DA SOJA. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS), v. 11, n. 1, p. 36-42, Março, 2021. Disponível em: < https://periodicos.ufv.br/rbas/article/view/12005/6652 >, acesso em: 10/11/2021.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.
ZARDO, L.; CASIMIRO, E. L. N. PLANTABILIDADE DE DIFERENTES TECNOLOGIAS DE DISCO PARA SEMEADURA SOB DUAS VELOCIDADES. Revista Cultivando o Saber, 2016. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/58545f6be6e39.pdf >, acesso em: 10/11/2021.
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