Princípios básicos da calagem e adubação
A calagem e adubação são processos distintos que se utilizam de insumos diferentes, porém que são aliados para que ocorra a melhoria na fertilidade dos solos dentro das áreas de produção.
Enquanto a calagem tem por finalidade a correção da acidez do solo, a adubação objetiva elevar os níveis de nutrientes e a disponibilidade dos mesmos para as plantas, sendo que desta forma a correta realização destes manejos favorece o aumento da produtividade das plantas.
Determinação das necessidades do solo
Para que seja possível a realização dos processos de correção do solo de maneira eficaz é necessária que seja determinada a real demanda que o mesmo apresenta, a fim de evitar desperdícios de recursos, sendo que o método mais utilizado para efetuar esta determinação é a amostragem de solo, onde são coletadas amostras de solo e encaminhadas para um laboratório, sendo então neste que serão realizados todos os processos de determinação dos níveis de acidez e de nutrientes disponíveis no solo.
Após realizar todo este processo o laboratório emite um laudo com todos os resultados obtidos nas análises, sendo que com base nestes são calculadas as quantidades de insumos necessários, bem como tomadas as melhores decisões para cada caso. Além disso, é importante ressaltar que para a determinação dos níveis de certos nutrientes, ainda é possível realizar análises do tecido vegetal das plantas.
Tipos de calcário e forma de aplicação
Os tipos de calcário variam de acordo com os teores de Cálcio e Magnésio e também diferem com relação a granulometria e PRNT (Potencial Relativo de Neutralização Total), sendo que estes fatores são levados em consideração no momento da recomendação com base na interpretação dos resultados da análise de solo.
De maneira geral os calcários podem ser divididos em Calcítico, que contém menos de 5% de Mg e de 45% a 55% de Ca, Magnesiano, que apresenta 5 a 12% de Mg e de 40 a 42% de Cálcio e Dolomítico que apresenta de 13% a 21% de Mg e 25 a 35% de Ca.
Quanto a forma de aplicação em sistema plantio direto consolidado, essa geralmente é a lanço e mantido na superfície. Enquanto em sistema de plantio convencional é necessário a aplicação e incorporação para que haja a correção das camadas mais profundas do solo.
Macro e micronutrientes
Os nutrientes disponíveis no solo de forma geral são classificados em dois grupos: macronutrientes e micronutrientes. Eles são diferenciados pela necessidade da planta, que é muito maior pelos macronutrientes, representados pelo nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), Cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).
Os micronutrientes são representados pelo Boro (B), Zinco (Zn), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Cobre (Cu), Molibdênio (Mo) e o Cloro (Cl) e são necessários em menores quantidade para a manutenção da planta. Importante ressaltar, que com a relação aos micros, a quantidade exigida é pequena, por isso da atenção com relação às quantidades a serem aplicadas já que a “janela” entre a necessidade e a fito é pequena.
É importante frisar que o solo para atingir o máximo de produtividade, deve possuir todos os nutrientes de uma forma equilibrada, independente da necessidade da planta ser maior ou menor. Segundo o que foi dito por Liebig em 1843, a produtividade de uma cultura é limitada pela menor disponibilidade de um nutriente no solo, se caracterizando como a Lei do Mínimo.
Formulações e fertilizantes
Dentro de um ambiente de produção com um solo equilibrado sob o ponto de vista químico, o que se busca é a reposição dos nutrientes que foram exportados e para isso, são utilizados adubos sejam eles simples ou formulados.
Eles podem ter uma ênfase em um único nutriente e ter a predominância do mesmo, como por exemplo o superfosfato triplo (41 % de P2O5) ou podem ser uma mistura pronta com mais de um nutriente, tendo assim uma formulação. A formulação basicamente mostra a quantidade de cada componente, facilitando a utilização do mesmo.
Normalmente as formulações em sua predominância contém NPK, cabendo ao responsável pela adubação a interpretação do laudo e a escolha da formulação correta para as características daquele solo.
Vale ressaltar que existem casos onde a formulação comercial pronta não abrange a quantidade necessária de nutrientes e é comum a aplicação de um adubo com ênfase em um nutriente para complementar, tendo como exemplo a ureia que contém 47% de N.
Com base nos tópicos abordados acima, é possível observar que a correção de solo e adubação são dois processos muito importantes que devem ser realizados em conjunto para que a máxima qualidade do solo possa ser explorada, de modo que estes processos necessitam ser realizados com base nos laudos obtidos por meio das análises de solo, para que não ocorram desperdícios ou excessos de insumos aplicados.
Por: Gabriel Knod e Ricardo Carlos Remos acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
REFERÊNCIAS
Macro e micronutrientes no solo: entenda a importância. Disponível em: <https://croplifebrasil.org/noticias/nutrientes-do-solo-sao-o-alimento-para-as-plantas/>. Acesso em: 26 fev. 2024.
PRIMAVESI, Ana Cândida; PRIMAVESI, Odo. Características de corretivos agrícolas. Embrapa, [s. l], p. 09-28, set. 2004. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/61985/1/Doc37ACP2004.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2024.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO-NÚCLEO REGIONAL SUL. Manual de Calagem e Adubação: para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. [S.I], p. 15-375, 2016. Disponível em: <https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2024.
TRANI, P. E. T. A. Fertilizantes: Cálculo de Fórmulas Comerciais. Disponível em: <https://www.iac.sp.gov.br/media/publicacoes/iacbt208.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2024.
