O controle de plantas daninhas desempenha papel fundamental para o bom crescimento e desenvolvimento de uma cultura. A competição de plantas daninhas com plantas cultivas implica em menores produtividades dos cultivos agrícolas e diminui o lucro do produtor rural. Ainda que o controle de plantas daninhas seja realizado de forma correta, é fundamental buscar alternativas que visem diminuir a probabilidade de conferir resistência das plantas daninhas ao produtos utilizados para controle. A resistência compromete a eficácia do produto e dificulta o manejo e controle de plantas daninhas.
Dentre as espécies de plantas daninhas mais comuns e preocupantes no cultivo da soja, uma em especial chama atenção por apresentar relatos de resistência ao glifosato, principal herbicida utilizado nos cultivos de soja RR no Brasil. Trata do caruru, (Amaranthus hybridus).
Confira das características da planta daninha em: Caruru (Amaranthus hybridus) – Características e complexidade de manejo.
A espécie apresenta duas variedades cuja ocorrência e registros de resistência são mais observados na região Sul do Brasil e Argentina, sendo elas o Amaranthus hybridus var. Paniculatus, também conhecido como Caruru-roxo e o Amaranthus hybridus var. patulus, também conhecido como Caruru-branco ou Caruru-verde.
Figura 1. Figura 2. Inflorescência de Amaranthus hybridus var. Paniculatus.

Figura 2. Inflorescência de Amaranthus hybridus var. patulus.

O manejo dessas plantas daninhas vem preocupando sojicultores e a principal causa é que segundo LLORET (2016) a espécie já apresenta resistência conhecida aos herbicidas Inibidores de ALS desde 1996 para o território Argentino. Além disso a alta produção de sementes (podendo chegar a 600 mil por planta), aliada a facilidade de dispersão de sementes e relatos de resistência ao glifosato até então utilizado para o controle da daninha mudam o senário, dificultando o manejo e fazendo com que novas alternativas de controle sejam abordadas.
Para minimizar os danos, é necessário que se maneje a resistência das plantas daninhas, buscando alternativas para diminui-la e dificultar o avanço do problema. Para auxiliar no manejo do controle a resistência, VARGAS & ROMAN (2006) trazem o quadro abaixo, onde é possível observar os riscos de acordo com a prática de manejo empregada.
Quadro 1. Risco da evolução da resistência de acordo com as práticas de manejo.

No Brasil os primeiros relatos de Amaranthus hybridus resistente ao glifosato ocorreram no Rio Grande do Sul.
Veja também: População de caruru (Amaranthus hybridus) resistente ao gliphosate são encontradas no Rio Grande do Sul.
Avaliando o emprego de herbicidas pós e pré-emergentes para o controle do Amaranthus hybridus, LLORET (2016) encontrou resultados que demonstram que tanto para 10 quanto para 21 dias após aplicação dos pós-emergentes glifosato e clorymuron etil, 100% das plantas avaliadas sobreviveram. Já quando utilizados os herbicidas pré-emergentes sulfentrazone, flumioxazin e flumioxazin + S-metolacloro, 100% das plantas foram controladas (figura 3), sendo estes, ferramentas para o controle do Caruru.
Tabela 1. Herbicidas pré-emergentes utilizados para o controle de Amaranthus hybridus.

Figura 3. Controle de Amaranthus hybridus com pré-emergentes aos 10 e 21 dias após a aplicação.

Fonte: LLORET (2016).
Dentre os herbicidas pós-emergentes, segundo dados fornecidos pela Syngenta, bons resultados de controle vem sendo obtidos em populações resistentes com o uso de Fomesafem (figura 4).
Figura 4. Comparativo de herbicidas pós-emergentes no controle de Amarantus hybridus.

O Amaranthus hybridus é uma planta daninha que requer atenção e cuidados quanto ao seu manejo. Alternativas como o uso de herbicidas pré-emergentes são eficientes para o controle da cultura, contudo é fundamental atentar para outras práticas de manejo como a rotação e culturas e eliminação de plantas voluntárias. O Caruru possui uma grande produção de sementes e sua dispersão é facilitada, fato que possibilita a sobrevivência da espécie e aumento das populações de plantas. Em áreas que ainda não há o relato da resistência ao glifosato é fundamental diminuir o risco de evolução da resistência.
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Referências:
LLORET, F. J. RESISTENCIA A HERBICIDAS Y MANEJO DE YUYO COLORADO (Amaranthus hybridus L.) EN LA REGION CENTRO Y SUD-ESTE DE CORDOBA. Universidad Nacional de Córdoba, Facultad de Ciencias Agropecuarias, 2016.
LORENZI, H. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS. Instituto Plantarum, ed.7, 2014.
SYNGENTA. CARURU RESISTENTE AO GLIFOSATO UM PROBLEMA QUE A SYNGENTA PODE RESOLVER. Disponível em: <https://portalsyngenta.com.br/sites/default/pdf/1581022487EBook_Caruru_resistente.pdf>, acesso em: 13/05/2020.
VARGAS, L; ROMAN, E. S. IDENTIFICAÇÃO E MANEJO DE PLANTAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. Embrapa, Documentos online, n.60, set. 2006.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.