As cotações da soja, em Chicago, subiram bem nesta semana, na esteira de preocupações com o clima mais seco nos EUA. Últimos relatórios, divulgados no dia 15/06, deram conta de que 51% das lavouras de soja daquele país estavam sob condição de seca. Com isso, o bushel da oleaginosa, para o primeiro mês cotado, voltou a romper o teto dos US$ 14,00, fechando a quinta-feira (15) em US$ 14,28, contra US$ 13,63 uma semana antes. Ajudou para isso a forte elevação nos preços do óleo de soja em Chicago, os quais atingiram a 58,43 centavos de dólar por libra-peso no dia 15/06, valor mais elevado desde o dia 08/03 passado.

Como já é do conhecimento geral, o clima é o elemento central neste momento nos EUA, já que o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/06, até foi baixista para o mercado. O mesmo manteve a safra 2023/24, dos EUA, na projeção de 122,7 milhões de toneladas, porém, elevou para 9,52 milhões os estoques finais naquele país. Ao mesmo tempo, colocou a safra mundial de soja em 410,7 milhões de toneladas, com leve elevação sobre maio, porém, aumentou em quase um milhão de toneladas os estoques finais mundiais, passando-os para 123,3 milhões de toneladas. A produção brasileira, para o novo ano comercial, foi mantida em 163 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina permaneceu em 48 milhões. Já as importações chinesas continuaram estimadas em 100 milhões de toneladas. Com isso, o preço médio aos produtores estadunidenses de soja, no ano 2023/24, se manteve estimado em US$ 12,10/bushel, contra US$ 14,20 para o corrente ano 2022/23.

Por sua vez, na esteira de um clima mais quente e seco na região produtora dos EUA, as condições das lavouras de soja naquele país pioraram. Com 96% da área semeada, contra 86% na média histórica, até o dia 11/06, as lavouras apresentavam 86% em germinação, contra 70% na média, enquanto 59% estavam entre boas a excelentes condições, contra 32% regulares e 7% entre ruins a muito ruins.

Em relação aos embarques de soja, na semana encerrada em 08/06 os EUA concretizaram 140.179 toneladas, elevando o total para 48,8 milhões de toneladas no corrente ano comercial.

Já na Argentina, a Bolsa de Rosário voltou a cortar o volume colhido de soja no ano 2022/23, ficando o mesmo, agora, em 20,5 milhões de toneladas, contra mais do que o dobro colhido na safra anterior.

E aqui no Brasil, confirmando a estabilização dos preços, e até algum viés de recuperação, a média gaúcha fechou a semana em R$ 124,93/saco, porém, as principais praças mantiveram-se em R$ 121,50/saco. Nas demais regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 106,00 e R$ 118,00/saco. O aumento das cotações em Chicago acabou sendo parcialmente anulado pela nova valorização do Real, que chegou a R$ 4,80 por dólar durante a semana, assim como a continuidade de prêmios negativos nos portos, com Paranaguá sinalizando US$ 0,91/bushel, negativo, para junho; apenas US$ 0,10 positivo para agosto e US$ 0,55/bushel, negativo, para abril do próximo ano.

Tomando o porto de Paranaguá (PR) como referência, o indicador do preço da soja está em R$ 135,53/saco, contra R$ 196,63 na mesma época do ano passado, segundo dados do Cepea/Esalq (são praticamente 61 reais a menos, por saco, na atualidade). Em relação ao valor registrado há um mês, a commodity recuou no porto paranaense mais de 4%.

Dito isso, a comercialização de soja, da safra 2022/23, atingiu a 58,6% da produção total em meados de junho, com muitos produtores necessitando vender em função dos compromissos bancários em vencimento, além de liberar os silos para a entrada da safrinha de milho no Paraná e Centro-Oeste. A média histórica é de 75,2% para esta época, fato que confirma que os produtores estão segurando ao máximo, as vendas, diante dos baixos preços oferecidos. Considerando a estimativa de produção, atualizada em 155,9 milhões de toneladas, os sojicultores brasileiros negociaram, até meados de junho, cerca de 91,4 milhões de toneladas. (cf. Datagro)

Especificamente no Mato Grosso, a safra 2023/24, que começa a ser semeada apenas em setembro, registra negociações antecipadas bastante fracas. Apenas 12,1% da produção esperada já teria sido comercializada, contra 27,9% na média histórica para o período. Já as vendas da safra 2022/23 alcançaram a 72,1% do total colhido, até meados de junho, contra 85,4% na média histórica. “A evolução no ritmo das vendas só não foi maior devido ao recuo mensal de 5,91% no preço da soja, que fechou com média de R$ 112,59/saco no Estado”. (Cf. Imea)

Pelo lado das exportações, tem-se que o Brasil deverá superar a Argentina nas vendas externas de farelo de soja, em função da forte frustração de safra ocorrida no país vizinho. Lembrando que a Argentina é o maior exportador mundial de farelo e óleo de soja, em condições normais de produção. Segundo o último relatório de oferta e demanda do USDA, deste dia 09/06, o Brasil deverá exportar 21,6 milhões de toneladas de farelo e a Argentina 21,1 milhões. A Argentina, que geralmente exporta a maior parte de sua produção de farelo, deverá produzir 23,4 milhões de toneladas do derivado de soja, enquanto o Brasil, que consome cerca de metade do que produz em seu mercado interno, produzirá 41,5 milhões de toneladas no período 2022/23.

Já em junho, as exportações de farelo de soja brasileiras deverão superar as 2,2 milhões de toneladas, segundo projeção da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). O Brasil também tem elevado o processamento de soja neste ano para níveis recordes, contando com uma mistura maior de biodiesel, que tem no óleo de soja a principal matéria-prima do biocombustível. Isso acaba resultando em maior oferta de farelo, já que para cada grão moído se retira, em média, 78% de farelo e 18,5% de óleo.

Para o ano 2023/24 o USDA avança que a Argentina voltará a liderar o ranking da exportação de farelo de soja, com embarques de 24,3 milhões de toneladas, contra 21,8 milhões de toneladas esperadas para o Brasil, uma vez que há expectativa de forte recuperação da safra do país vizinho. (cf. Reuters)

Enfim, a exportação de soja por parte do Brasil, até a segunda semana de junho, registrou média diária de 768.300 toneladas, com alta de 61,5% sobre a média do mesmo mês do ano passado. No acumulado do mês, o volume sobe a 4,6 milhões de toneladas, contra 10 milhões exportados em todo o mês de junho do ano passado. (cf. Secex)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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