As cotações da soja recuaram nesta virada de mês, iniciando agosto em baixa na relação com à média de julho. O fechamento desta quinta-feira (03) ficou em US$ 14,28/bushel, contra US$ 15,32 uma semana antes. Ou seja, mais de um dólar abaixo do fechamento de cinco dias úteis atrás. A média de julho, por sua vez, fechou o mês em US$ 15,08/bushel, ou seja, 5,4% acima da média de junho, porém, abaixo da média de julho de 2022, que ficou em US$ 15,50/bushel.
O mercado ignorou o relatório das condições das lavouras, na posição 30/07, o qual indicou nova redução no percentual de lavouras entre boas a excelentes nos EUA, que passou a 52% contra 54% na semana anterior e 60% um ano atrás. O Departamento apontou ainda 33% das lavouras em situação regular e 15% em condições ruins ou muito ruins. O mesmo relatório apontou que, no final de julho, 83% das lavouras de soja estavam em fase de florescimento, contra 78% na média histórica para a data. Outros 50% estavam na fase de formação de vagens, contra 47% na média histórica.
Quanto às exportações estadunidenses de soja, na semana encerrada em 27/07 o país norte-americano vendeu 2,63 milhões de toneladas relativas a safra nova, ficando acima do esperado pelo mercado. Na janela de setembro a novembro a soja brasileira fica mais cara, aumentando a demanda chinesa pelo produto estadunidense. Quanto à safra velha, as vendas foram de 90.600 toneladas na mesma semana, o que eleva para 52,8 milhões de toneladas o volume total exportado, até o momento, no atual ano comercial. No mesmo período do ano passado o volume total chegava a 59 milhões de toneladas.
Aqui no Brasil, mesmo com um câmbio avançando para R$ 4,88 por dólar, a partir da primeira redução da Selic no dia 02/08, após meses sem alterações, os preços recuaram na média. No Rio Grande do Sul a mesma fechou a semana em R$ 137,89/saco, enquanto as principais praças gaúchas negociavam o produto a R$ 134,00/saco. Nas demais regiões brasileiras, a soja oscilou entre R$ 111,00 e R$ 129,00/saco neste início de agosto. Lembrando que um ano atrás, a média gaúcha era de R$ 179,31/saco, enquanto os valores, nas demais praças brasileiras, oscilavam entre R$ 156,00 e R$ 167,00/saco. Ou seja, neste momento, a média gaúcha está 23,1% abaixo do registrado um ano antes, em termos nominais, o que representa exatos R$ 41,42/saco a menos. Considerando a inflação do período, as perdas são ainda maiores.
Dito isso, a safra brasileira de soja, para 2023/24 está projetada em 163,5 milhões de toneladas, em caso de clima normal, graças ao aumento esperado na área semeada, e melhoria da produtividade média. Espera-se uma área de 45,1 milhões de hectares com soja neste novo ano comercial. (cf. StoneX)
Por outro lado, o Brasil tem ainda 48 milhões de toneladas de soja da safra 2022/23 para serem vendidas. Ou seja, o mês de agosto começa com muita soja ainda disponível no país, o que impede grandes recuperações dos prêmios (no porto de Paranaguá os mesmos continuam negativos, embora em valores menores do que no primeiro semestre). Neste sentido, já há referências de prêmios positivos para o final deste segundo semestre nos portos brasileiros. Neste sentido, no primeiro dia de agosto o porto de Rio Grande trabalhava com R$ 153,00/saco. Considerando que o Real se desvalorizou um pouco a partir da decisão do Copom, desta semana, e indicativos de que a Selic continuará baixando nas próximas três reuniões deste Conselho, que ainda ocorrerão neste ano, o câmbio e o prêmio tendem a sustentar os preços internos da soja para o final do ano, mesmo que Chicago venha a recuar para níveis entre US$ 12,50 e US$ 13,50/bushel. Com isso, os produtores que conseguirem segurar a soja para comercializar nos meses finais do ano podem ter vantagens moderadas. (cf. Brandalizze Consulting e Cogo Inteligência em Agronegócios) Mas tais vantagens dependerão de cada caso individual.
Esta possível situação, mais favorável, pode durar até janeiro próximo, quando se inicia a colheita da safra 2023/24, projetada para um novo recorde.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).