Comentários referentes à 07/03/2025, por T&F Agroeconômica
FECHAMENTOS DO DIA 07/03
O contrato de soja para maio, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -0,22%, ou $ -2,25 cents/bushel a $ 1025,00. A cotação de julho, fechou em baixa de -0,07% ou $ -0,75 cents/bushel a $ 1038,75. O contrato de farelo de soja para maio fechou em baixa de -0,16 % ou $ -0,5 ton curta a $ 304,4 e o contrato de óleo de soja para maio fechou em alta de 0,58 % ou $ 0,25/libra-peso a $ 43,42.
ANÁLISE DA BAIXA
A soja negociada em Chicago fechou o dia de forma mista e a semana em baixa. As cotações da oleaginosa nesta sexta foram o reflexo do andamento da semana. Os preços variaram muito, chegando a operar no positivo e no negativo ao longo do dia. As cotações mais curtas sofreram pequenas perdas, as mais longas pequenos ganhos. A guerra tarifaria entre o EUA e os seus países parceiros está pressionando Chicago.
A China comprou o que pode antes da imposição de tarifas e isso está presente no relatório da alfandega local. As importações de soja pela China durante os dois primeiros meses de 2025 atingiram 13.610.000 de toneladas, de acordo com dados alfandegários, o que representa um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior até agora. O país também aumentou suas tarifas para a soja dos EUA em mais 10% e bloqueou as importações de três empresas dos EUA enquanto lida com os problemas comerciais com os EUA.
A disputa deve favorecer as exportações brasileiras, uma vez que estamos em plena colheita e sazonalmente o mercado volta suas compras para o Brasil nesta época. Em meio a disputa, a China pode praticamente zerar as suas compras nos EUA. Com isso a soja caiu o acumulado da semana em baixa de -0,07% ou $ -0,75 cents/bushel. O farelo subiu 1,40% ou $ 4,2 ton curta. O óleo de soja caiu -1,59% ou $ – 0,70 libra-peso.
Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA
Não há fatores significativos de alta, por enquanto, no mercado de soja, o que não significa que não poderá haver, diante das incertezas geopolíticas e geoeconômicas presentes atualmente no mercado mundial e mesmo fatores climáticos, que sempre podem surpreender. A redução da área plantada nos EUA, que seria altista, está sendo compensada pelo aumento da produção na América do Sul, nesta temporada.
FATORES DE BAIXA
a) Incertezas diante das tarifas de Trump e retaliação chinesa: A validade das tarifas de 20% sobre as importações da China e a retaliação chinesa com uma tarifa de 10% sobre a soja americana – que entrará em vigor na próxima segunda-feira – fizeram parte dos argumentos negativos para a evolução dos preços da oleaginosa. O clima para o mercado de grãos é de total incerteza diante da já mencionada retaliação chinesa; aquelas que estão sendo preparadas pela Comissão Europeia e as medidas “criativas” que Trump certamente anunciará à medida que os eventos evoluem.
b) Confusão nos portos: Por exemplo, hoje o mercado voltou a ficar atento à notícia de que a Casa Branca tem grandes chances de impor impostos portuários significativos sobre navios construídos e operados pela China, algo que noticiamos na semana passada e que fontes do setor de logística dos EUA alertaram que gerará “caos e incerteza” em toda a cadeia de transporte de mercadorias.
c) andamento da colheita no Brasil: o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) informou hoje um avanço semanal da colheita de soja em Mato Grosso de 9,54 pontos percentuais e um avanço geral de mais de 91,84% da área apta no Estado, à frente dos 90,42% do mesmo período de 2024 e da média de 86,87% dos últimos cinco anos.
d) Recentes chuvas que caíram em grandes áreas produtoras da Argentina: Em relação às lavouras argentinas, em seu relatório semanal a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) indicou hoje que as abundantes chuvas dos últimos dias distribuídas pelo centro e sul da região agrícola argentina melhoraram as condições da soja em níve l nacional. Entretanto, no NEA e no norte de Santa Fé, a escassez de água e as altas temperaturas afetam o desenvolvimento das sementes oleaginosas. Em dados concretos, a entidade observou uma melhora na proporção de lavouras em condição excelente/normal de 67 para 73%, ante 80% no mesmo período em 2024. Em relação às condições hídricas, a parcela em condição ótima/adequada subiu de 69 para 77%, ante 78% há um ano.
e) Em sua análise semanal das estimativas de exportação brasileira, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais do Brasil (ANEC) projetou embarques de soja durante março em 14,80 milhões de toneladas, acima dos 9,59 milhões embarcados em fevereiro e dos 13,55 milhões do terceiro mês de 2024. Em relação ao farelo, a A NEC estimou as vendas de março em 2,05 milhões de toneladas, acima dos 1,47 milhão de fevereiro e dos 1,80 milhão de março de 2024. Este fator é altista para o Brasil, mas baixista para Chicago;
f) No Brasil, o adiamento da entrada em vigor de B15 deverá fazer sobrar algo como 2,5 milhões de toneladas que estavam destinadas ao esmagamento, pressionando o mercado. E a alta do óleo está sendo compensada com a queda do farelo e impede preços positivos da soja.
Fonte: T&F Agroeconômica