Comentários referentes à 28/02/2025, por T&F Agroeconômica
FECHAMENTOS DO DIA 28/02
O contrato de soja para março, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -1,10%, ou $ -11,25 cents/bushel a $ 1011,50. A cotação de maio, fechou em baixa de -1,11% ou $ -11,50 cents/bushel a $ 1025,75. O contrato de farelo de soja para março fechou em alta de 0,28 % ou $ 0,8 ton curta a $ 291,7 e o contrato de óleo de soja para março fechou em baixa de -2,73 % ou $ -1,22/libra-peso a $ 43,53.
ANÁLISE DA BAIXA
A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em queda. Além das pressões sazonais importas pela colheita da safra no Brasil e a reta final da campanha argentina, a soja, e os grãos em geral, voltaram a lidar com as incertezas tarifárias que a administração Trump quer impor aos seus principais parceiros comerciais. China, México e Canadá são os primeiros da fila para serem tarifados e isso está mexendo diariamente com o mercado de grãos.
As melhoras no clima na argentina e a consolidação de uma grande safra no Brasil, com o atraso na colheita já eliminado da conta também pressionaram as cotações ao longo da semana. Com isso a soja fechou o acumulado da semana em queda de -3,50% ou $-37,25 cents bushel. O farelo de soja caiu -1,44% ou $-4,4 ton curta. O óleo de soja perdeu -7,68% ou $-3,67 libra-peso no período. Todos para as cotações de maio.
Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA
a) Redução de área e de estoques americanos: No primeiro dia do Fórum Anual, o USDA estimou a área de soja dos EUA em 2025/2026 em 33,99 milhões de hectares, abaixo dos 35,25 milhões em 2024/2025, mas próximo dos 34,16 milhões previstos por fontes privadas. Em decorrência de uma produtividade prevista maior que a anterior, a nova safra foi estimada em 118,93 milhões de toneladas, ante 118,84 milhões do ciclo anterior e 118,06 milhões esperados pelos operadores. Entretanto, devido à previsão oficial de maiores exportações e aumento da moagem, o estoque final seria de 8,71 milhões de toneladas, inferior ao 24/25, 10,34 milhões e aos 9,99 milhões analisados pelo mercado antes do Fórum;
b) Alta do dólar no Brasil: A moeda americana encerrou o dia em alta de 1,50% em relação ao real, a R$ 5,9163. Foi o terceiro pregão seguido de valorização do dólar, que atingiu a maior cotação de fechamento desde 24 de janeiro (R$ 5,9186) e encerrou a semana com ganhos de 3,24%. Com isso, a divisa, que passou boa parte de fevereiro em queda, terminou o mês com valorização de 1,37%, após recuo de 5,56% em janeiro. No ano, o dólar ainda recua 4,87% em relação ao real. Com isto melhora o rendimento dos sojicultores brasileiros.
FATORES DE BAIXA
a) Tarifas de Trump causam incertezas e caos: Além de esclarecer que as tarifas sobre as importações chinesas serão de 10 + 10% e entrarão em vigor na próxima terça-feira — junto com os 25% sobre as mercadorias do México e do Canadá — Trump agora também propôs a imposição de taxas portuárias significativas para os navios construídos e operados pela China, o que, na opinião de especialistas em logística, gerará “caos e incerteza” em toda a cadeia de transporte de cargas e terá repercussões negativas na competitividade, sobretudo, das cargas americanas;
b) Retaliações da UE e Canadá: Enquanto isso, a União Europeia, segunda maior importadora de soja americana e o Canadá, maior comprador de etanol e fornecedor de óleo de canola, já alertaram que as retaliações contra a iminente aplicação de tarifas pela Casa Branca não demorarão a chegar. Nesse sentido a Comissão Europeia declarou ontem que reagirá “de forma firme e imediata contra barreiras injustificadas ao comércio livre e justo”.
c) Colheitas da América do Sul: o andamento da colheita no Brasil e os benefícios às lavouras advindos das chuvas generosas registradas em grandes áreas agrícolas da Argentina continuam exercendo influência pessimista.
d) Cancelamento de B15, no Brasil: O cancelamento da mudança de B14 para B15 vai fazer sobrar no mercado 2,2 milhões de toneladas a mais, além de haver uma supersafra e ambos deverão pressionar os preços a médio e longo prazos.
Fonte: T&F Agroeconômica