Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 23/05/2025
FECHAMENTOS DO DIA 23/05

O contrato de soja para julho, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -0,68%, ou $ -7,25 cents/bushel a $ 1060,25. A cotação de agosto, fechou em baixa de -0,61% ou $ -6,50 cents/bushel a $ 1056,00. O contrato de farelo de soja para julho fechou em baixa de -0,77 % ou $ -2,3 ton curta a $ 296,2 e o contrato de óleo de soja para julho fechou em alta de 0,49 % ou $ 0,24/libra-peso a $ 49,35.

ANÁLISE DA BAIXA

A soja negociada em Chicago fechou o dia em baixa, mas o acumulado da semana em alta. Após uma sequência de altas, o mercado optou por realizar lucro esta sexta-feira, antes das bolsas fecharem para o feriado prolongado nos EUA. Pesou sobre as cotações a oleaginosa a ameaça do Presidente Donald Trump de aumentar para 50% as tarifas sobre os produtos da União Europeia. Os EUA são o principal fornecedor de soja para o bloco europeu.

Até o início de abril, as vendas de 2024/2025 para o bloco totalizavam 5,28 milhões de toneladas, volume que representava 52,43% das 10,07 milhões de toneladas compradas pela UE. Com isso, o mercado recuou com o receio que a trégua sobre as tarifas acabe e novos acordos não sejam selados. Com isso a soja fechou o acumulado da semana em alta de 0,98% ou $ 10,25 cents/bushel. O farelo de soja subiu 1,47% ou $ 4,3 ton curta. O óleo de soja ganhou 0,86% ou $ 0,42 libra-peso.

Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA

a) Excesso de umidade na Argentina: Para benefício dos especuladores e dada a falta de notícias positivas significativas, o excesso de chuvas registrado nas regiões agrícolas da Argentina no final da semana passada deu suporte aos preços não apenas pela possibilidade de atrasos na colheita, mas também pela possibilidade de a umidade afetar o volume e a qualidade dos grãos pendentes de colheita e os armazenados em áreas alagadas. Mais otimistas do que exatos, alguns analistas internacionais especularam sobre danos entre 1,5 e 2 milhões de toneladas. Algo que só será esclarecido nas próximas semanas.

b) A firmeza do óleo: Após uma semana que deixou mais perguntas do que respostas sobre o destino da demanda por óleo de soja nos Estados Unidos, a posição de julho do subproduto alcançou saldo positivo, com alta de 0,86%, após variar de US$ 1.078,70 a US$ 1.087,97 a tonelada.

A semana começou forte depois que o Comitê Orçamentário da Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o projeto de lei na noite de domingo, com algumas emendas. Entre suas várias disposições de alívio fiscal, o projeto de lei inclui uma extensão até 2031 dos chamados créditos fiscais 45Z para produtores de combustíveis de baixo carbono para transporte terrestre e aéreo, incluindo biodiesel.

No entanto, a firmeza diminuiu no meio da semana, após a aprovação do projeto de lei pelo plenário da Câmara dos Representantes. De acordo com especialistas na área, algumas das mudanças introduzidas no projeto de lei original fariam com que os créditos fiscais 45Z expirassem em 2027, não em 2031, como a indústria de biocombustíveis, os produtores de soja e os operadores de Chicago esperavam.

Agora, a expectativa é ver se essa situação poderá ser esclarecida durante a apreciação do Senado e, em caso positivo, retornar à versão inicial.

c) Exportações semanais dos EUA ligeiramente melhores: O mercado dos EUA viu uma leitura ligeiramente otimista do relatório semanal de exportação na quinta-feira, para o período de 9 a 15 de maio, já que o USDA relatou vendas de soja de 2024/2025 de 307.900 toneladas, acima das 282.400 toneladas do relatório anterior e da faixa estimada pelos traders, que era de 100.000 a 300.000 toneladas. O México foi o principal comprador, com 134,1 mil toneladas. Para 2025/2026 — o ano comercial começa formalmente em 1º de setembro — foi relatado em apenas 15.000 toneladas, em comparação com 429.900 toneladas no relatório anterior e em comparação com uma faixa esperada por empresas privadas de 90.000 a 400.000 toneladas.

FATORES DE BAIXA

a) Bom progresso no plantio 25/26 nos EUA: Na segunda-feira, o USDA relatou um progresso no plantio de soja em 66% da área planejada, em comparação com 48% na semana passada; 50% do mesmo período do ano passado; 53% da média das últimas cinco campanhas e 65% estimado pelas operadoras. Em Illinois, principal estado produtor de oleaginosas, 67% da área foi coberta, contra 51% no relatório anterior; 55% até 2024 e 64% em média. Vale ressaltar que, devido ao excesso de umidade registrado em áreas do cinturão de soja/milho, como Ohio, pode ser necessário replantar áreas que sofreram inundações.

b) O bom desempenho das exportações brasileiras: Em sua atualização semanal de estimativas, a Associação Nacional dos Exportadores de Grãos do Brasil-ANEC elevou hoje sua projeção para as exportações brasileiras de soja em maio de 14,27 para 14,52 milhões de toneladas, ante 13,48 milhões em abril e 13,47 milhões em maio de 2024. Em relação aos embarques de farelo de soja, a entidade elevou muito ligeiramente sua estimativa para o mês corrente, de 2,34 para 2,36 milhões de toneladas, ante 2,21 milhões em abril e 1,97
milhão no quinto mês do ano passado.

c) A escalada tarifária de Trump contra a UE: Após uma breve pausa após a trégua acordada entre os Estados Unidos e a China, Trump reavivou o ninho de vespas do comércio global na sexta-feira, ao ameaçar impor tarifas de 50% sobre produtos importados da União Europeia a partir de 1º de junho.

“A União Europeia, criada com o objetivo principal de tirar vantagem dos Estados Unidos no comércio, tem sido muito difícil de administrar. Suas poderosas barreiras comerciais, IVA, sanções corporativas ridículas, barreiras comerciais não monetárias, manipulações cambiais, processos injustificados contra empresas americanas e outros geraram um déficit comercial com os Estados Unidos de mais de US$ 250 milhões anualmente, um valor completamente inaceitável. Nossas conversas com eles não estão dando frutos! Portanto, recomendo uma tarifa direta de 50% para a União Europeia a partir de 1º de junho de 2025. Nenhuma tarifa será aplicada se o produto for fabricado nos Estados Unidos,” Trump escreveu em sua conta no Truth Social.

Após a publicação, o magnata disse a jornalistas credenciados no Salão Oval que não está interessado em nenhum acordo com a União Europeia, mas sim em que as empresas transfiram sua produção para solo americano. Um mandato radical e difícil de alcançar, pelo menos no curto prazo.

Após uma conversa telefônica com o Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, o Comissário Europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, afirmou que “a Comissão Europeia continua disposta a trabalhar de boa-fé. O comércio entre a UE e os Estados Unidos é incomparável e deve ser pautado pelo respeito mútuo, não por ameaças. Estamos prontos para defender nossos interesses.”

Em matéria agrícola, os Estados Unidos são o principal fornecedor de soja para a União Europeia. Até o início de abril, quando foram impostas tarifas recíprocas, suas vendas para o bloco na safra 2024/2025 somavam 5,28 milhões de toneladas, volume que na época representava 52,43% das 10,07 milhões de toneladas importadas pela UE.

Fonte: T&F Agroeconômica



 

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