Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 01/08/2025
FECHAMENTOS DO DIA 01/08
O contrato de soja para agosto, referência para a safra brasileira, fechou em alta de 0,63%, ou $ 6,00 cents/bushel a $ 961,50. A cotação de setembro fechou em alta de 0,58% ou $ 5,75 cents/bushel a $ 968,75. O contrato de farelo de soja para agosto fechou em alta de 0,67% ou $ 1,75/ton curta a $ 263,55 e o contrato de óleo de soja para agosto fechou em alta de 0,59% ou $ 0,33/libra-peso a $ 56,04.
ANÁLISE DA BAIXA
A soja negociada em Chicago fechou o dia em leve alta e a semana forte baixa. Com as cotações de 2025 sem alteração nesta sexta-feira, a oleaginosa fechou a semana com todas as cotações vigentes para este ano abaixo dos U$ 10 bushel. O bom andamento da safra americana, que pode ser recorde e com uma grande concorrência da soja brasileira, pode manter os preços em um patamar baixo nos próximos dias. Alguns analistas americanos já apontam que os preços estão abaixo do custo de produção em algumas regões do país e muitas instalações de armazenamento estão atingindo a capacidade máxima.
A ausência da China dos relatórios comerciais é o principal ponto de atenção no momento, anda sim o país foi o principal destino da soja americana nos primeiros sete meses do ano, com 18,2 milhões de toneladas de soja embarcadas em direção aos portos da China. México, Egito, Japão e Holanda completaram o restante dos cinco principais destinos até o
momento Com isso a soja fechou o acumulado da semana em baixa de -3,70% ou $ -37,00 cents/bushel. O farelo de soja caiu -0,10% ou $ -0,30 ton curta. O óleo de soja caiu -3,13% ou -1,77 libra-peso no período.
Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA
a) Mesmo com ausência da China, exportações um pouco maiores: No relatório semanal de exportações dos EUA, para o período de 18 a 24 de julho o USDA reportou vendas de 349,2 mil toneladas na safra 2024/2025, acima das 271,9 mil toneladas reportadas no relatório anterior e da faixa estimada pelos traders, que era de 100 mil a 300 mil toneladas. O Egito, com 102,4 mil toneladas, foi o principal destino. As vendas para a safra 2025/2026 foram registradas em 429,5 mil toneladas, acima das 238,8 mil toneladas da semana passada e dentro da faixa prevista por traders privados, entre 100 mil e 600 mil toneladas. O México
foi o principal comprador, com 213,2 mil toneladas.
b) Brasil-Boa demanda chinesa: A China continua se abastecendo no Brasil, com zero compras nos EUA. Isto está promovendo uma disputa entre os exportadores e as indústrias locais, que precisa do grão para atender os seus pedidos de óleo (para biodiesel) e farelo (para ração local). Por outo lado, as exportações do grão em julho
FATORES DE BAIXA
a) Incerteza causada pelas tarifas: Após cair nos cinco pregões anteriores, a soja encerrou o pregão inalterada, completando sua segunda semana consecutiva de quedas em Chicago. Para compensar quaisquer sinais de alta, hoje houve um vermelho generalizado nos principais indicadores do mercado acionário global devido ao medo gerado entre os investidores pela escalada tarifária desencadeada pela Casa Branca, com tarifas recíprocas de todos os tipos que, em última análise, não entrarão em vigor hoje, mas no dia 7 deste mês, de acordo com a ordem executiva assinada ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
b) A China continua ausente: Neste momento, ninguém ousa dizer com certeza quais serão as implicações dessa batalha para o comércio agrícola, portanto, as notícias e seu impacto serão divulgados diariamente. O fato concreto é que a China continua aplicando uma ausência comercial raramente vista nesta época do ano para a nova soja americana. E Trump anunciou novas tarifas contra a China nesta sexta-feira, colocando mais lenha na fogueira.
c) Novas sanções de 40% de Trump contra a China, aplicadas nesta sexta-feira, (01), não fará a China se reaproximar dos EUA, muito ao contrário, eventualmente a afastará mais, mantendo a preferência de compras de soja na América do Sul (Brasil, Argentina e Paraguai) em detrimento dos EUA. A consequência será uma queda nas cotações de Chicago e um aumento dos prêmios na América do Sul. Contudo, como já publicamos aqui, é possível que o Brasil ainda não tenha toda a soja que os chineses precisam, por exemplo. Então, mestre na arte de negociar, os chineses comprarão soja americana para suas empresas no exterior e as redirecionarão ao seu país, com certeza.
d) Perspectiva de uma safra igual à anterior, mas, com menos compradores: A safra americana de soja de 2025/26 está prevista, pelo USDA, em 118,12 MT, mas com estoques iniciais maiores. O problema são os compradores, principalmente China, que está ausente do mercado, até o momento e com perspectivas de reduzir as suas compras de soja americana.
e) Concorrência brasileira: Além de fatores exógenos, a soja em Chicago permanece sob pressão devido à concorrência da oleaginosa brasileira, que continua atraindo o interesse de compradores chineses, devido ao bom estado geral das lavouras americanas, apesar da previsão de chuvas significativas para o Centro-Oeste durante o fim de semana, o que pode impulsionar uma recuperação na segunda-feira.
f) Queda nos subprodutos: Quanto aos subprodutos, hoje, o óleo voltou a cair devido à realização de lucros por parte dos investidores, enquanto o farelo se recuperou, mas a partir de um nível de preço extremamente deprimido. Para ambos os produtos, a semana fechou com saldo negativo em Chicago. De fato, a posição do óleo de setembro caiu 3,15%, passando de US$ 1.240,08 para US$ 1.201,06 por tonelada. No caso do farelo, o mesmo contrato perdeu 0,48%, após oscilar de US$ 300,04 para US$ 298,61.
g) China compra mais farelo de soja argentino: De acordo com a Reuters hoje, um comprador chinês assinou um acordo esta semana para importar 30.000 toneladas de farelo de soja argentino, em uma tentativa dos produtores de alimentos de garantir suprimentos mais baratos da América do Sul. O embarque, com preço de US$ 345 por tonelada, incluindo frete, ocorrerá entre setembro e outubro.
Este é o terceiro acordo fechado desde junho — os dois anteriores também foram de 30.000 toneladas cada —e ocorre após a aprovação da China para a importação de farelo de soja argentino em 2019. “A redução de impostos reduz os custos de exportação, tornando o farelo de soja argentino mais atraente globalmente”, disse Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, com sede em Pequim, à Reuters. Tanto que o farelo de soja argentino agora tem um preço menor do que o farelo de soja chinês, segundo fontes consultadas pela agência, que atribuíram essa situação à competitividade proporcionada pela redução das tarifas de exportação de 31% para 24,5%.
Fonte: T&F Agroeconômica