Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 24/10/2025
FECHAMENTOS DO DIA 24/10
O contrato de soja para novembro fechou em baixa de 0,29% ou $ -3,00 cents/bushel, a $1.041,75. A cotação de janeiro encerrou em baixa de 0,14% ou $ -1,75 cents/bushel, a $1.060,50. O contrato de farelo de soja para dezembro fechou em alta de 0,62% ou $ 1,8/ton curta, a $ 294,1. O contrato de óleo de soja para dezembro fechou em baixa de 1,18% ou $ -0,60/libra-peso, a $ 50,27
ANÁLISE DO MIX
A soja negociada em Chicago fechou o dia de forma mista e a semana em alta. As cotações
da oleaginosa pouco oscilaram nesta sexta-feira. Segundo a Reuters, “as altas desta semana desencadearam uma rodada de vendas de soja e milho pelos produtores, à medida que a colheita da soja se encerra,” Em um movimento de realização de lucros do mercado americano. No entanto, todos estão atentos aos desdobramentos das conversas da Malásia que são a primeira etapa para a reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, na próxima semana na Coréia do Sul, onde Trump reiterou que as compras de soja serão um dos principais pontos de discussão.
Com isso a soja em Chicago fechou o acumulado da semana em alta de 2,18%, ou $ 22,25 cents/bushel. O farelo de soja subiu 4,66%, ou $ 13,1 por tonelada curta. O óleo de soja caiu -1,68%, ou $ -0,86 por libra-peso no período.
Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA
a) Expectativa de fim do embargo chinês, versão otimista: Mesmo sem resultados concretos, o mercado precisa acreditar no fim iminente do embargo que a China vem impondo à soja americana em retaliação à guerra comercial desencadeada pela Casa Branca. Traders e fundos de investimento acompanharam essa tendência positiva, possibilitando três das cinco sessões altistas.
Aguardam-se agora notícias sobre as negociações que serão realizadas neste fim de semana pelas delegações dos dois países na Malásia, lideradas pelo secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e pelo vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng. Mas, fundamentalmente, a maior atenção está voltada para o encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, previsto para ocorrer no próximo fim de semana na Coreia do Sul. Os traders acreditam que este será um ponto de virada na disputa comercial, em meio ao crescente descontentamento dos agricultores com diversas decisões tomadas pelo governo Trump nas últimas semanas, incluindo o pacote de ajuda ao governo argentino, país que recentemente conseguiu lucrar com o conflito comercial com o aumento das vendas de soja para a China.
b) Os embarques de soja dos EUA continuam a fluir sem problemas: O relatório semanal de inspeção de embarques de segunda-feira — um dos poucos relatórios oficiais divulgados apesar da paralisação do governo — foi positivo para o mercado americano. Desta vez, para o período de 10 a 16 de outubro, o USDA relatou embarques de soja totalizando 1.474.354 toneladas, acima das 1.017.172 toneladas relatadas no relatório anterior e da faixa prevista pelo setor privado, que era de 500.000 a 1.355.000 toneladas.
c) Volume de colheita incerto e calma dos vendedores: Como observamos na semana passada, entre os fatores que sustentam os preços da soja, estão as preocupações com o número final da colheita dos EUA. Os comerciantes presumem que a área esteja entre 85% e 87% apta, devido à produtividade abaixo dos 3.598 kg/hectare previstos pelo USDA em setembro, quando estimou o volume de produção em 117,05 milhões de toneladas. Os menos otimistas veem a produção em apenas cerca de 115 milhões de toneladas. A próxima oportunidade para informações oficiais sobre o assunto é 10 de novembro, data estipulada para a divulgação do relatório mensal de estimativas do USDA. É claro que, para isso, o governo Trump precisaria suspender a paralisação atual, que já deixou o mercado sem o relatório de outubro. Por outro lado, os agricultores continuam vendendo novos grãos aos poucos, aguardando por melhores preços e, principalmente, por um possível acordo com a China que revalorize sua colheita.
d) No Brasil, a demanda chinesa dá sustentação aos preços: Os preços da soja continuam subindo, devagar, mas firmemente, como mostra o gráfico abaixo, depois dos “sustos” havidos pelas vendas argentinas durante o período de retirada das retenciones e dos rumores de que os EUA e a China iriam fazer acordos que permitiriam os chineses de voltar a comprar soja americana.
FATORES DE BAIXA
a) Expectativa do Fim do Embargo Chinês, uma Versão Pessimista Fiel ao estilo ziguezagueante da diplomacia da Casa Branca, poucos dias antes do mencionado conclave presidencial, ontem, sexta-feira, o Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, anunciou o lançamento de uma investigação sobre o cumprimento pelo governo chinês do “Acordo de Fase Um” assinado entre os dois países em janeiro de 2020. “O início desta investigação ressalta a determinação do governo Trump em exigir que a China cumpra seus compromissos no Acordo de Fase Um, proteger agricultores, pecuaristas, trabalhadores e inovadores americanos e estabelecer uma relação comercial mais recíproca com a China em benefício do povo americano”, disse Greer em um comunicado. Isso levou à realização de lucros por especuladores no último pregão da semana. Portanto, resta saber se este anúncio busca algo mais do que pressionar o governo chinês antes do encontro entre os presidentes e esperar que isso não azede o clima dessa reunião. Por enquanto, a parte chinesa já rejeitou esta “investigação” que, segundo eles, se baseia em falsas acusações de descumprimento de compromissos.
“Como um país importante que leva suas responsabilidades a sério, a China cumpriu escrupulosamente suas obrigações na Fase Um do Acordo Econômico e Comercial, protegendo a propriedade intelectual, aumentando as importações e proporcionando maior acesso ao mercado. Isso criou um ambiente de negócios favorável para que investidores de todos os países, incluindo empresas americanas, se beneficiem do desenvolvimento econômico da China”, disse Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China nos Estados Unidos, em comunicado enviado e publicado hoje – ao veículo de comunicação chinês Global Times. Contatado pelo veículo, He Weiwen, pesquisador sênior do Centro para China e Globalização, afirmou que a investigação dos EUA carece de base jurídica internacional e viola tanto as regras da OMC quanto o compromisso dos EUA com suas obrigações dentro da organização. Entre as versões otimistas e pessimistas das expectativas sobre o fim do embargo chinês à soja americana… escolha sua própria…
b) Plantio avança no Brasil com boas perspectivas Em seu relatório semanal de safra divulgado na segunda-feira, a Conab reportou o avanço no plantio de soja 2025/2026 em 21,7% da área plantada, ante 11,1% na semana anterior; 17,6% no mesmo período em 2024; e a média de 27,7% nos últimos cinco anos. Na sexta-feira, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária reportou o avanço do plantio em Mato Grosso em 60,05% da área, ante 43,57% na semana anterior; 55,73% no mesmo período em 2024; e a média de 57,27% dos cinco anos anteriores. Em relação às previsões de safra, na quarta-feira, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estimou a produção de soja para 2025/2026 em 178,50 milhões de toneladas e as exportações do grão in natura em 111 milhões. Ambas são recordes.
Na semana passada, a Conab projetou essas variáveis em 177,64 e 112,12 milhões de toneladas, enquanto em setembro o USDA as estimou em 175 e 112 milhões de toneladas, respectivamente. Em seu relatório, a Abiove também estimou um processamento recorde de soja, com 60,50 milhões de toneladas, ante 58,50 milhões de toneladas na temporada anterior. Os recordes se estenderam aos subprodutos, com a agência prevendo um aumento na produção de farelo de soja, de 45,10 para 46,60 milhões de toneladas, com as exportações previstas para crescer de 23,60 para 24,60 milhões de toneladas, e uma melhora na produção de óleo, de 11,70 para 12,10 milhões de toneladas. E, para completar a perspectiva brasileira, em sua revisão semanal de estimativas, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) elevou ligeiramente sua projeção para as exportações brasileiras de soja em outubro, de 7,31 para 7,34 milhões de toneladas. Esse volume supera os 6,97 milhões de toneladas embarcadas em setembro e — de longe — os 4,44 milhões de toneladas embarcadas no mesmo mês em 2024.
c) O que pode acontecer com o Brasil se a China voltar a comprar soja americana? Com uma safra 6,5 milhões de toneladas maior do que a deste ano, como foi mostrado acima, o Brasil precisará aumentar as suas exportações para dar escoamento à nova produção para poder manter preços lucrativos para seus agricultores. O Brasil precisará, como mostra a Abiove, exportar grão in natura em 111 milhões de toneladas (ou 112,11 como prevê a Conab), contra 106,66 MT exportadas na safra atual e 98,81 MT na safra 23/24.
Um aumento, portanto, de 5,45 MT, o que não é pouco, diante das imensas dificuldades logísticas existentes no país além de esmagar quase 1 milhão de toneladas a mais do que a safra atual e depois encontrar compradores para o óleo e farelo produzidos. Se isto não ocorrer, os preços domésticos da soja terão grande probabilidade de cair fortemente, diríamos que até próximos aos R$ 100,00/saca, o que seria um desastre para a lucratividade do produtor brasileiro.
d) Brasil muito caro: Como mostramos no gráfico do IGC abaixo e na seção de prêmios, os preços da soja brasileira estão muito caros em relação aos outros dois grandes fornecedores mundiais, EUA e Argentina. Há dois argumentos fortes para os chineses voltarem a comprar soja dos EUA: regularizar as relações comerciais com um grande parceiro global e economizar divisas, embora esta diferença já tenha sido maior: no momento está em apenas 18 cents/bushel no preço CFR China, contra 80 cents de um mês atrás.
Fonte: T&F Agroeconômica




