O primeiro mês cotado para a soja, em Chicago, após alguma volatilidade, voltou a fechar a semana em baixa, com a quinta-feira (17) se encerrando a US$ 14,17/bushel, contra US$ 14,30 uma semana antes e US$ 14,57 no dia 15/11.
Dito isso, a colheita nos EUA chega ao fim, com 96% da área já realizada até o dia 13/11, contra 91% na média histórica para esta data.
Por outro lado, a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos Estados Unidos informou o esmagamento de soja naquele país, em outubro, a 5,02 milhões de toneladas. O volume é 17% maior do que o esmagado em setembro e 0,2% superior ao realizado em outubro de 2021. Já os estoques de óleo de soja vieram 17% menores do que os existentes um ano antes. Neste sentido, e não é por acaso que o óleo de soja em Chicago esteve em forte alta nas últimas semanas, ajudando a puxar o grão, o mercado está muito atento ao aumento do esmagamento nos EUA e ao comportamento da nova safra na América do Sul, a qual está em fase de plantio.
Nesse contexto, finalmente houve chuvas razoáveis nas regiões secas da Argentina, o que permitiu movimentação de plantio de soja por lá. Consta que na principal região agrícola do país teria chovido, no final da semana passada, entre 35 e 50mm. Em muitas regiões locais não chovia desde maio. As chuvas não interrompem a seca, porém, permitem a retomada do plantio da oleaginosa. Devido a seca, a Argentina havia semeado apenas 24% de sua área de soja até o final da semana passada, contra 80% na mesma época de 2021. Espera-se que o vizinho país consiga semear 17 milhões de hectares, o que geraria uma produção final ao redor de 48 milhões de toneladas neste novo ano comercial. Por outro lado, se as chuvas foram boas para a soja, chegaram muito tarde para o trigo local. Neste sentido, a Bolsa de Comércio de Rosário voltou a reduzir a estimativa de safra final do cereal, ficando a mesma agora em apenas 11,8 milhões de toneladas, ou seja, 48,7% menor do que a registrada no ano anterior. Lembrando que no início do plantio se esperava, pelo menos, 19 milhões de toneladas de trigo a serem colhidas no vizinho país.
E aqui no Brasil, os preços melhoraram um pouco, puxados especialmente pelo câmbio, que voltou a se aproximar dos R$ 5,40 em alguns momentos da semana, a partir de declarações do presidente eleito e sua equipe de transição, assim como em função de tensões externas, sobretudo entre Rússia e Ucrânia, mas igualmente diante da manutenção de um processo inflacionário forte nos EUA, o que indica novos aumentos no juro básico por lá.
Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 174,79/saco, enquanto as principais praças do Rio Grande do Sul trabalharam ao redor de R$ 172,00. Já no restante do país, os preços da soja oscilaram entre R$ 162,00 e R$ 171,00/saco.
Dito isso, enquanto o plantio da nova safra de soja, no Mato Grosso, está praticamente finalizado (96,2% da área), no Rio Grande do Sul o mesmo está bastante atrasado, tendo chegado a 17% apenas da área esperada, no final da semana passada. A média histórica em nosso Estado, para esta data, é de 26% de área semeada. Já no milho gaúcho a evolução está lenta, com o plantio chegando a 78% da área, contra 77% na média histórica e 81% no ano passado nesta data. Há alguns problemas nas lavouras do cereal, provocados pelo clima. Enfim, no trigo cerca de 37% da área teria sido colhida até o final da semana passada, contra a média histórica de 80% para esta data. Mas o que vem sendo colhido, salvo exceções, tem sido de alta qualidade e grande rendimento. (cf. Emater)
Voltando à soja, a produção brasileira foi revista novamente, sendo, agora, estimada em 154,5 milhões de toneladas por algumas consultorias privadas. Esse volume representaria 21,3% acima do colhido no ano anterior. Em meados de julho a mesma fonte esperava uma colheita ao redor de 151 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)
Por sua vez, o plantio da nova safra atingia a 74% da área brasileira, contra 62% na média nacional para a data. Começa a preocupar a falta de chuvas no Centro-Oeste, assim como certa escassez na Região Sul do país. (cf. Pátria Negócios)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).