As cotações da soja, em Chicago, subiram novamente nesta semana, puxadas pelos efeitos climáticos no Rio Grande do Sul e as possibilidades concretas de perdas nas lavouras da oleaginosa ainda a colher. Mas, com a aproximação da divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA, realizada no dia 10/05, que traria as primeiras projeções para a futura safra estadunidense da oleaginosa, o mercado cedeu e fechou a quinta-feira (09) muito próximo do fechamento de uma semana atrás.

Sobre este relatório, iremos comentá-lo com detalhes em nosso próximo boletim, destacando que as expectativas sobre o mesmo eram de que ele viria recompondo os estoques mundiais e, portanto, seria baixista para a soja. Porém, as bases para a recomposição dos estoques seriam fracas. No geral, com o aumento na área semeada de soja nos EUA, a produção global para 2024/25 pode ser melhor. (cf. Hedgepoint)

Com isso, após atingir a US$ 12,34/bushel no dia 06/05, o primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (09) em US$ 11,92/bushel, contra US$ 11,90 uma semana antes. Enquanto isso, o plantio da soja, nos EUA, até o dia 05/05, atingia a 25% da área esperada, contra 21% na média histórica para este período. Das lavouras já semeadas, 9% estavam germinadas, contra 4% na média dos últimos cinco anos. Já os embarques de soja, por parte dos EUA, na semana encerrada em 02/05, chegaram a 348.654 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. Com isso, o total exportado neste atual ano comercial já chega a 39,1 milhões de toneladas, porém, ainda 18% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.

Por outro lado, mais próximo de nós, isto é, no Paraguai, a safrinha de soja neste país atinge uma colheita de 10% da área, porém, a produção final da mesma deve ser menor devido a problemas climáticos. Assim, a produtividade média caiu para 1.500 quilos/hectare. Desta forma, s mando as duas safras, espera-se uma produção de 9,8 milhões de toneladas neste ano. Cerca de 62% da soja da safra atual já estaria  comercializada no Paraguai, neste momento, particularmente em função dos vencimentos dos compromissos bancários dos produtores neste período. No mesmo período do ano passado 80% da safra paraguaia de soja estava comercializada. (cf. Stone X)

E no Brasil, o aumento dos preços em Chicago acabou sendo compensado pela valorização do Real, o qual, durante a semana, chegou a R$ 5,06 por dólar. Já na quinta-feira, 09, depois de uma recução da Selic de 0,25% na véspera, o Real foi a R$ 5,16. Assim, houve estabilização nos preços internos da soja, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 119,00/saco, enquanto nas demais praças brasileiras o produto oscilou entre R$ 112,00 e R$ 120,00/saco, registrando aumento em relação a semana anterior. Um ano atrás, nesta época, a média gaúcha era de R$ 128,70/saco, enquanto nas demais praças nacionais os valores oscilavam entre R$ 113,00 e R$ 127,00/saco.

Em relação ao Rio Grande do Sul, último Estado brasileiro a colher a soja e que, no início das atuais enchentes, ainda possuía 30% da área a ser colhida, o mercado indica uma possibilidade de perda entre 10% a 15% no total esperado devido a este problema. Com isso, a produção final gaúcha ficaria ao redor de 19 milhões de toneladas, e não mais um pouco acima de 22 milhões esperados inicialmente. Haveria  cerca de 5 milhões de toneladas de soja em risco quando as enchentes se iniciaram, no final de abril. As perdas, desta área, seriam de cerca de 2 milhões de toneladas.

Assim, a produção total brasileira sofrerá novo recuo em sua projeção. No dia 02/05, já durante as enchentes, o Estado gaúcho ainda tinha 24% da área de soja a ser colhida. Embora ainda seja cedo para mensurar com exatidão as perdas, o fato é que as mesmas não devem ter sido pequenas. Com isso, a projeção da safra total brasileira ficaria entre 145 a 150 milhões de toneladas. (cf. AgRural)

Dito isso, a exportação brasileira de soja deverá cair 8% em maio, ficando em 13,2 milhões de toneladas. Nos primeiros cinco meses do ano o volume deverá atingir a 52  milhões de toneladas, contra 51,4 milhões em igual momento do ano anterior. Porém, deve-se levar em consideração que o porto de Rio Grande está praticamente inoperante para a soja, pois as rodovias e ferrovias que chegam até ele, no Rio Grande do Sul, ainda enfrentam bloqueios. (cf. Anec)

Fonte: CEEMA UNIJUÍ  -Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

 

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Autor:CEEMA UNIJUÍ  -Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

Site: CEEMA UNIJUÍ 

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