As previsões de temperatura da superfície do mar para a região do Pacífico equatorial produzidas por modelos climáticos globais indicam uma alta probabilidade (100%) de que condições de El Niño continuem a se manifestar nos próximos meses (Janeiro-Fevereiro-Março 2024), condições estas previstas a persistir até pelo menos maio de 2024.

A maioria dos modelos climáticos sugerem a continuidade de manifestação do fenômeno El Niño com intensidade forte (com anomalias de temperatura da superfície do mar na região do Pacífico central superiores a 1.5 oC). O fenômeno El Niño altera os padrões de circulação atmosférica (ventos), transporte de umidade, temperatura e chuvas, em particular em regiões tropicais.

Típicos impactos do fenômeno El Niño no Brasil incluem aumento da probabilidade de ocorrência de déficit de chuvas e aumento das temperaturas em parte das Regiões Norte e Nordeste, e aumento da probabilidade de excesso de chuvas em partes da Região Sul. No entanto, nem todo evento El Niño gera impactos típicos, podendo ser observados impactos distintos de acordo com a configuração e intensidade do fenômeno.

A previsão climática para o Brasil para Janeiro-Fevereiro-Março 2024 (Figura 3.1) indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal em parte das regiões Norte e Nordeste do país. Em Roraima, sudoeste do Amazonas, leste do Acre e sobre o sul do Rio Grande do Sul, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima da faixa normal. Em parte das Regiões Sul (anomalia positiva de precipitação), Norte e Nordeste (anomalia negativa de precipitação), esta previsão reflete as características típicas de El Niño.

No entanto, o padrão observado de anomalias positivas de temperatura da superfície do mar no Atlântico Tropical Norte juntamente com a condição de El Niño de forte intensidade contribuem para a previsão de déficit de precipitação no leste da Amazônia e norte da Região Nordeste (região semiárida). Na faixa central do país, região Sudeste, e centro-sul da região Nordeste, não se descartam episódios de chuva expressiva em algumas localidades durante esse trimestre citado em função da manifestação de episódios de Zona de Convergência do Atlântico Sul e de Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis. A previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do país, com possibilidade de períodos com temperaturas elevadas.

RECURSOS HÍDRICOS

O El Niño está associado à ocorrência de chuvas e vazões abaixo da média nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil e à ocorrência de chuvas e vazões acima da média no sul do Brasil. Com isso, os usos múltiplos da água podem ser impactados de maneira diferente em cada região, em função dos efeitos sobre o armazenamento de reservatórios e níveis d’água de rios, e sobre a ocorrência e intensidade de inundações.

Na Região Norte, no mês de dezembro, os tributários da margem direita do rio Amazonas deveriam estar no período de recuperação gradual de níveis d’água e vazões. Com a redução do volume de chuvas, o processo de recuperação está atrasado, mas já houve elevação de vazões nos rios Purus, Solimões e Madeira, atenuando os impactos sobre a navegação (afetando o transporte de pessoas e mercadorias entre comunidades da região), e possíveis efeitos sobre captações de água e geração de energia em aproveitamentos hidrelétricos, persistindo vazões baixas e impactos potenciais nos rios Tapajós, Xingu e Tocantins.

Na Região Nordeste, o mês de dezembro é normalmente ainda considerado como período seco, sem ocorrência significativa de chuvas, e com vazões nos rios perenizados mantidas por defluência de açudes. Nesse período, os reservatórios são gradualmente deplecionados em decorrência das perdas por evaporação, retiradas de água e defluências para abastecimento dos diversos usos da água, e reservatórios de menor porte podem atingir situações críticas.

Assim, não são esperados, ainda, impactos significativos do El Niño. Entretanto, com o menor volume de chuvas esperado para o próximo período chuvoso (janeiro a julho de 2024), a recarga hídrica pode não ser suficiente para elevar o armazenamento dos reservatórios a níveis adequados ao atendimento dos usos múltiplos da água.

Monitor de Secas

O Monitor de Secas é um processo de acompanhamento regular e periódico da situação da seca no País, cujos resultados consolidados são divulgados por meio do Mapa do Monitor de Secas. Iniciado pela Região Nordeste em 2014, o Programa passou a ser expandido para as demais regiões do País em 2018, quando foram inseridos os estados de MG e ES. Desde então, ele vem abrangendo os estados das demais regiões, sendo a Norte a última a ser incorporada.

Mensalmente, informações sobre a situação de secas referente ao mês anterior são disponibilizadas, com indicadores que refletem o curto prazo (últimos 3, 4 e 6 meses) e o longo prazo (últimos 12, 18 e 24 meses), indicando a evolução da seca na região. Participam dos processos de elaboração dos mapas do Monitor de Secas cerca de 60 instituições, com papéis distintos envolvendo provimento de informações, autoria de mapas, observação de impactos e validação. Os estados de RR e AP passarão a compor o Monitor de Secas a partir de dezembro de 2023 e janeiro de 2024, respectivamente.

Como mostra a Figura 4.1.1, de outubro para novembro, o Monitor de Secas indicou o agravamento e a ampliação de áreas com seca em todos os estados da Região Norte, com destaque para o aumento de áreas com seca extrema no AM. Na Região Nordeste, também aumentaram as áreas com seca moderada, com agravamento de seca fraca para moderada em diversos Estados, e surgimento de áreas de seca grave na Bahia, Alagoas e Sergipe.

Sobre o boletim:

Este boletim é o resultado de ação conjunta entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres – CENAD com o objetivo de apresentar o monitoramento e previsões sobre o fenômeno El Niño em 2023, bem como informar sobre possíveis impactos.

Confira o boletim completo, clicando aqui.

Fonte: INMET

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