“Qual o cenário da produção de biocombustíveis no mundo e como os biocombustíveis têm alterado a dinâmica da agropecuária brasileira?”. Essas e outras perguntas foram respondidas, na quarta (29), durante evento promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.

O “Benchmark Agro – Custos Agropecuários” reuniu especialistas para discutir os desafios globais que impactam insumos e os custos de produção do agro. O evento também encerrou o Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro 2025.

No painel “Biocombustíveis e Agropecuária: A Expansão das Usinas e o Redesenho Regional”, a coordenadora do Núcleo de Inteligência Comercial da CNA, Natália Fernandes, conduziu um bate papo, em formato de podcast, sobre o tema.

Para Natália, o tema dos biocombustíveis é cada vez mais estratégico para o agro e para a competitividade do país. “O agro está no centro das discussões globais sobre segurança alimentar, energética e sustentabilidade. O Brasil se destaca nesse cenário por produzir segunda safra e buscar a agregação de valor às culturas por meio dos biocombustíveis”.

Segundo ela, além do potencial de produção de biocombustíveis no mercado interno, o Brasil deve se preparar para o mercado externo. Uma das principais vantagens do país é a diversidade da produção, que cresce ainda mais com o potencial dos combustíveis oriundos de matérias primas do agro. “Fica o desafio para o produtor melhorar sua gestão de custos e decidir se vai plantar sorgo, milho ou outra cultura, e para quem vai destinar sua produção”.

Transformação – Em seguida, o professor e Pesquisador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciano Rodrigues, falou sobre a bioenergia no agro no mundo do baixo carbono. “Estamos vendo uma transformação no setor de bioenergia no país, em termos de dinâmica de produção e de mercado e de políticas públicas”.

Luciano explicou que há alguns anos, a política energética passou ser focada na garantia de suprimento a preços acessíveis e de maneira sustentável. “A demanda por energia cresce de maneira exponencial e há espaço para substituir carvão, gás e petróleo. Todas as projeções para a bioenergia na matriz mundial mostram que vamos precisar de qualquer fonte renovável disponível”.

O professor disse que os novos desafios no cenário de biocombustíveis incluem a competição com outros renováveis, a imagem no exterior, barreiras climáticas, o custo invisível do carbono e a consolidação de políticas públicas.

Virada de chave – Já o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, apresentou um panorama sobre a transformação da produção de etanol de milho em Mato Grosso. Segundo ele, a “virada de chave” ocorreu a partir de 2017, com a entrada de novas usinas e um salto expressivo na produção de milho, que passou de 28 milhões para 51 milhões de toneladas.

Atualmente, as plantas instaladas em Mato Grosso operam com 11,4 milhões de metros cúbicos de capacidade, o que representa cerca de 60% da capacidade total do Brasil. Cleiton afirmou que o milho veio para agregar valor, modificar o cenário local e trazer transformação estrutural da demanda.

Ele ressaltou ainda que o avanço do setor proporcionou o aumento do consumo de milho segunda safra, contratos a termo e melhora na precificação do produto, trazendo previsibilidade de receita. “Mato Grosso passou por mudanças. A expectativa é sair de 3 milhões de toneladas para mais de 30 milhões de toneladas em apenas dez anos”.

DDGS – Em sua exposição, o professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, Rodrigo Goulart, argumentou que os coprodutos da indústria do etanol de milho têm se destacado como excelentes alimentos para dieta de bovinos de corte.

“A discussão sobre esses coprodutos, como os Grãos Úmidos de Destilaria (WDG), os Grãos Secos de Destilaria (DDG), e com Solúveis (DDGS) não é algo novo, mas surgem como alternativa de alto valor proteico”.

De acordo com Rodrigo, os coprodutos podem substituir ingredientes proteicos e energéticos nas dietas, mas não substituem a fibra. Ele explicou que mesmo para sistema de confinamento ou a pasto, o DDG e DDGS são flexíveis, reduzem custos e são fáceis de manejar.

Fonte: CNA



 

FONTE

Autor:Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Site: CNA

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