A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada é de 3.131 kg/ha. Houve a ocorrência de chuvas em dois momentos distintos: o primeiro em 27/12 e o segundo em 01/01. Contudo, as precipitações foram em volumes variáveis, mal distribuídas e não alcançaram todas as zonas de produção. Isso não permitiu a conclusão da semeadura em algumas regiões. A implantação da cultura alcançou 96% da área inicialmente prevista.
Onde houve a ocorrência, os produtores realizaram plantio e replantio, porém a umidade nos solos pode não ser suficiente para o adequado estabelecimento das lavouras, especialmente em áreas onde foi efetuado o preparo com o uso de grade. Nas lavouras com elevada quantidade de palha residual, as chances de estabelecimento são significativamente maiores, porém, em ambos os casos, novas chuvas serão necessárias para assegurar um maior índice de germinação e evitar a morte das plântulas.
Em relação à situação das lavouras, nas implantadas no cedo e com cultivares precoces, já se observa o dossel fechando as linhas, a formação de vagens e o entumecimento dos grãos. Onde a umidade não foi suficiente, o porte é menor, e as entrelinhas estão descobertas.
Em termos fitossanitários, o tempo predominantemente seco é favorável ao surgimento de ácaros. Os produtores realizam o monitoramento e o controle, pois o ataque pode impactar severamente a produtividade, causando o rompimento da cutícula das folhas e a exposição dos tecidos internos, consequentemente, aumentando a transpiração e a decorrente perda de umidade das plantas.
Na região administrativa da Emater/RS–Ascar de Bagé, os produtores realizaram dessecações nas lavouras mais desenvolvidas devido à melhoria das condições de umidade após as chuvas registradas em 27/12. Na Campanha, em Aceguá, em Hulha Negra, em Bagé e em Dom Pedrito, as lavouras mais desenvolvidas já estão com as entrelinhas fechadas.
Parte dos produtores aplicou fungicidas com caráter preventivo nas lavouras de melhor potencial, que se encontram em início da fase reprodutiva, pois foram constatados esporos da ferrugem asiática nas amostragens realizadas em dezembro. Nas lavouras mais recentes, houve boa resposta às chuvas registradas, embora, em algumas, observa-se o amarelamento e a queda de folhas em solo mais raso e de textura arenosa. Na Fronteira Oeste, em Santana do Livramento e em Rosário do Sul, as lavouras apresentam evidências de estresse hídrico e térmico, com grandes falhas de estande, principalmente em bordaduras e locais próximos as árvores. As exceções, com boas condições, estão restritas aos solos de várzeas, os quais são naturalmente mais úmidos.
Em Manoel Viana, as perdas foram estimadas em 20% na cultura da soja devido aos efeitos da estiagem. As temperaturas elevadas estão causando tombamento de plantas nas lavouras recém-estabelecidas, principalmente em áreas com solo de textura arenosa. O uso da irrigação se dá de forma moderada com o objetivo de garantir o suprimento de água para os períodos de maior exigência da cultura, como a fase de fixação das flores e de vagens bem como no enchimento dos grãos. Boas condições de eficiência no uso da água durante a irrigação ocorreram no início do período, quando predominaram as temperaturas mais baixas e quando a umidade relativa do ar estava mais alta, com pouco vento.
Em Barra do Quaraí, município com pouca tradição no cultivo da oleaginosa, a cultura é explorada em área de aproximadamente 2.500 hectares. A irrigação está presente em 68%, destacando-se 1.400 ha pelo sistema sulco-camalhão, no qual se aproveita a estrutura da lavoura arrozeira. Em Uruguaiana, os produtores também adotam o sistema em menor proporção. O sistema também auxilia na drenagem nas topografias que estão sujeitas a excesso de umidade, em caso de chuvas fortes e contínuas.
Na de Caxias do Sul, com a conclusão da semeadura, as lavouras tiveram uma boa germinação e emergência, definindo um quadro de bom estande e vigor das plantas. Apesar da desuniformidade nas precipitações e dos volumes um pouco abaixo das médias, manteve-se a expectativa de bons rendimentos.
Na regional de Erechim, a ocorrência de chuvas possibilitou aos produtores finalizar a semeadura. As lavouras encontram-se com 95% em estado de desenvolvimento vegetativo e 5% em emergência. O desenvolvimento é considerado um pouco abaixo do normal devido à irregularidade climática.
Na de Frederico Westphalen, foi praticamente concluída a semeadura, restando alguns cultivos em sucessão ao milho silagem. As lavouras apresentam situações distintas conforme a (má-)distribuição das chuvas. As melhores têm desenvolvimento satisfatório, e, nas menos favorecidas, há casos com estande insuficiente e possibilidade de replantes.
Na de Ijuí, os quadros distintos de desenvolvimento também são perceptíveis, relacionados diretamente às precipitações irregulares; o porte é menor em microrregiões mais secas, pois as plantas consomem maior quantidade de energia e nutrientes para priorizar o desenvolvimento radicular. Nas localidades onde as chuvas foram em maiores volumes, a expectativa é de que as chuvas sejam suficientes para a conclusão da semeadura. Em Jóia e Santa Bárbara do Sul, há necessidade de ressemeadura, e há também áreas que ainda não puderam ser semeadas devido à falta de umidade nos solos.
Na regional de Pelotas, foi interrompido o plantio, mas alguns produtores o realizaram mesmo com condições desfavoráveis, respeitando o final do período recomendado pelo ZARC.
A fase predominante das lavouras é o desenvolvimento vegetativo, com 98%, e apenas 2% iniciaram a fase de floração. Em parte da região, ocorreu morte de plântulas, causada pelas altas temperaturas e pela baixa umidade dos solos. Por essa razão, foi necessário o replantio, e alguns produtores recorreram a cobertura do seguro agrícola.
Na de Santa Maria, entre o Natal e o Ano Novo, grande parte dos produtores conseguiu finalizar o plantio ou o replantio onde o estabelecimento inicial era inadequado. A implantação alcançou 97%. Em Cerro Branco, já se estimam perdas de 25% na cultura em decorrência da estiagem.
Na de Santa Rosa, a área semeada avançou apenas 1%, passando de 93% para 94%, denotando atraso, quando comparado com anos anteriores. Em relação ao desenvolvimento das lavouras, 98% estão em fase vegetativa e 2% em fase reprodutiva com emissão dos primeiros botões florais, que é a fase mais sensível ao estresse hídrico. Com a ocorrência das chuvas, apesar dos baixos volumes acumulados e da distribuição irregular, percebe–se melhora nas condições de desenvolvimento. As lavouras implantadas mais precocemente já apresentam acúmulo de área foliar significativo, e espera–se que haja cobertura das linhas ainda nos próximos dias. A baixa umidade do ambiente preocupa quanto à infestação de tripes e ácaros nas lavouras. Seguem o controle de plantas daninhas e as primeiras aplicações de fungicidas em algumas áreas mais adiantadas.
Na de Soledade, a ocorrência de chuvas, na maior parte da região, favoreceu a finalização da semeadura. O quadro geral nos aspectos de crescimento, desenvolvimento e sanidade das plantas é de normalidade. Em grande parte das lavouras, foi realizado o controle de plantas invasoras em pós–emergência e iniciado os tratamentos fúngicos para o controle da ferrugem asiática, cuja incidência é desfavorecida pelo clima mais seco.
Programa Monitora Ferrugem RS
No período de 19 a 25/12/2022, o laudo apresenta os resultados do monitoramento de esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática da soja, em Unidades de Referência Técnica no estado do Rio Grande do Sul.
Esta informação, aliada a outras práticas de manejo da cultura, serve de subsídio para a tomada de decisão dos agricultores. Nesta semana de monitoramento, se observa presença de esporos coletados na região nordeste do Rio Grande do Sul provavelmente em virtude das massas de ar do período.
A detecção de esporos é um indicativo da presença do patógeno no ambiente, e nestes locais recomenda–se aos técnicos e aos produtores observância das condições climáticas para o manejo da ferrugem.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS–Ascar no Estado, o valor médio apresentou elevação de +1,39%, passando de R$ 171,21 para R$ 173,59.
Fonte: Informativo Conjuntural, n. 1744 – Emater/RS