A colheita é um dos momentos mais esperados da safra, entretanto, alguns cuidados necessitam ser tomados, a fim de evitar perdas quantitativas e qualitativas. É comum observar perdas de colheita em função da abertura natural dos legumes de soja, e/ou da regulagem da colhedora, sendo para tanto, necessário quantificar essas perdas quantitativas, para melhor ajuste do sistema de trilha da colhedora, e/ou velocidade de colheita entre outros fatores.

Sobretudo, a colheita é ainda mais importante se tratando da produção de sementes de soja. Visando evitar danos externos e internos nas sementes, é fundamental que a soja seja colhida sob umidade adequada. É recomendável a colheita da soja quando as sementes atinjam umidade compatível com a trilha mecânica, ao redor de 13% a 15%, que é uma faixa de umidade relativamente segura para minimizar injúrias mecânicas as sementes pela colhedora. Os danos aumentam quando o teor de água é superior a 18% ou inferior a 13% (Aguila; Aguila; Theisen, 2011).

Além da umidade das sementes no momento da colheita e regulagem da colhedora, vale destacar que fatores climáticos, que alterem as condições ambientais, a exemplo da ocorrência de chuvas, podem prejudicar significativamente a qualidade fisiológica a sanitária da soja pronta para colheita.

Isso ocorre em função do processo de hidratação e reidratação da soja pronta para colheita, que resulta em alterações físicas no tegumento das sementes, que expandem e contraem em função da variação da umidade, resultando na ruptura do tegumento das sementes e formação de rugas (figura 1).

Figura 1. Processo de alterações físicas, devido à oscilação do teor de água da semente de soja em função das condições de umidade ambiental, que resultam no aparecimento de rugas na semente de soja, características da deterioração por umidade.

Esquema: José de Barros França-Neto; arte: Danilo Estevão. Adaptado de França-Neto e Henning (1984). Fonte: França-Neto et al. (2016).

Dentre outros fatores, esse fenômeno acelera a deterioração das sementes por umidade, além da ruptura do tegumento das sementes servir como porta de entrada para patógenos que possam afetar a qualidade sanitária da soja pelo desenvolvimento de doenças (figura 2).



Figura 2. Sementes de soja infectadas por fungos: canto superior esquerdo: Phomopsis sp.; canto superior direito: Fusarium pallidoroseum (Syn. semitectum); canto inferior esquerdo: Cercospora kikuchii; canto inferior direito: Colletotrichum truncatum.

Fonte: França-Neto et al. (2016)

Tendo em vista que a deterioração por umidade é uma das principais causar da redução de atributos qualitativos como germinação e vigor, a ocorrência de chuvas em lavouras de soja prontas para a colheita pode ser um dos fatores responsáveis pela redução da qualidade das sementes produzidas.

Figura 3. Sementes de soja com sintomas típicos de deterioração por umidade. À esquerda: sementes secas com enrugamento devido a esse tipo de dano; no centro: sintoma de deterioração por umidade, caracterizado no teste de tetrazólio; à direita, sementes de soja com rupturas no tegumento.

Fotos: José de Barros França-Neto, fonte: França-Neto et al. (2016)

Com isso em vista, estratégias como o escalonamento das áreas de semeadura, bem como melhor dimensionamento das máquinas para colheita, podem ser de suma importância para garantir a qualidade das sementes produzidas, possibilitando a retiradas delas do campo o quanto atingida a maturação fisiológica da planta e umidade adequada para colheita.

Consulte o material completo de França-Neto e colaboradores (2016) sobre Tecnologia da Produção de Sementes de Soja clicando aqui!


Veja mais: Como medir as perdas de colheita em soja?



Referências:

AGUILA, L. S. H.; AGUILA, J. S.; THEISEN, G. PERDAS NA COLHEITA DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 271, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/79567/1/comunicado-271.pdf >, acesso em: 07/03/2023.

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTE DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 07/03/2023.

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