A aplicação de defensivos agrícolas é essencial para o manejo fitossanitário da cultura da soja, reduzindo a influência de pragas, doenças e plantas daninhas sobre a produtividade da cultura. Contudo, além do adequado posicionamento dos defensivos, é essencial atentar para a qualidade da aplicação dos deles, em especial, à tecnologia de aplicação.

Com o objetivo de atingir o alvo com eficiência e eficácia, alguns parâmetros devem se ajustados para a melhor aplicação de defensivos, levando em consideração além das características e particularidades de cada produto, a necessidade do uso de adjuvantes, a definição do volume de calda e da densidade de gotas.

De modo geral, o volume de calda utilizada para a maioria das aplicações terrestres de defensivos agrícolas varia de 50 a 120 l ha-1, havendo distinção em função do defensivo, (fungicida, inseticida e herbicida). Seguindo o mesmo princípio, a densidade de gotas ideal para pulverização de defensivos também é influenciada pelo tipo de defensivo, onde os valores recomendados podem ser observados na tabela 1.

Tabela 1. Densidade de gotas (média) conforme produto específico.

Adaptado: Antuniassi (2005); Monteiro (2007), apud. Agronômico (2014).

Outro fator importante é o comportamento da gota, em especial, com relação a sua tensão superficial, a qual é considerada a principal propriedade física que influencia na taxa de evaporação e deriva das gotas pulverizadas durante a aplicação de defensivos agrícolas. Para modificar a tensão superficial das gotas da calda de pulverização, é possível fazer uso de ferramentas como adjuvantes.



O uso de adjuvantes e/ou surfactantes, que interagem com as ligações entre as pontes de hidrogênio, facilita o desprendimento das moléculas de água e facilita a evaporação. A adição desses produtos na calda de pulverização influencia na tensão superficial e promove a redução do diâmetro das gotas devido à menor resistência das forças de ligação entre as moléculas de água, que irá intensificar a deriva (Santiago, 2016).

Santiago (2016) destaca que, para um mesmo volume de gota, é possível aumentar a área de cobertura em até 8 vezes com a quebra da sua tensão superficial, porém, nessa condição, a evaporação da gota ocorre com maior velocidade.

Sobretudo, o maior impacto do uso dos adjuvantes é observado na tensão superficial das gotas da calda de pulverização conforme observado na figura 1, onde na imagem A, tem-se apenas água (71,8 mN/m), enquanto na imagem B, tem-se água + organosiliconados (22,8 mN/m) (Costa & Polanczyk, 2019).

Figura 1. Ângulo de contato de gotas em folhas de trigo. (A) somente água; (B) água + organosiliconado.

Fonte: Costa & Polanczyk (2019)

Comparando as duas gotas, a gota mais esférica (imagem A, sem a adição do adjuvante) é mais exposta às condições ambientais (temperatura e umidade) e tem uma cobertura reduzida da folha. Entretanto, a gota mais achatada (imagem B, com a adição do adjuvante), tem uma melhor molhabilidade e, analisando o controle de pragas, esse tipo de gota pode apresentar maior potencial de controle, devido a melhor proteção e maior cobertura do defensivo (Costa & Polanczyk, 2019).

Logo, a tensão superficial da gota é uma importante característica a ser analisada na aplicação de defensivos, visando maior performance no manejo fitossanitário na cultura e aumento da eficiência das aplicações de defensivos, sendo tão importante quando volume de calda, dose do produto e densidade de gotas.

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Atualmente Henrique Campos é Assessor Técnico na área de Tecnologia de Aplicação Aérea no Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG) e Membro da Organização Nuffield International (Australia/Brasil).

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Referências:

AGRONÔMICO. TECNOLODIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSÍVOS AGRÍCOLAS. Technology Development: bay MONSATO, Informativo de Desenvolvimento Tecnológico, ano 3, n. 9, 2014.

COSTA, L. L.; POLANCZYK, R. A. TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE CALDAS FITOSSANITÁRIAS. Jaboticabal, Funep, 2019. Disponível em: < https://sabri.com.br/content/wp-content/uploads/2019/08/E-book-Tecnologia_de_aplicacao_de_caldas_fitossanitarias.pdf >, acesso em: 25/11/2022.

SANTIAGO, H. SIMULAÇÃO DE PERDAS POR EVAPORAÇÃO NA PULVERIZAÇÃO AÉREA. Universidade Federal de Viçosa, Tese de Doutorado, 2016. Disponível em: < https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/10390/1/texto%20completo.pdf >, acesso em: 25/11/2022.

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