A mistura de produtos em tanque traz muitas vantagens ao produtor e é por este fato que ela é uma realidade no campo.

Esta prática tem como objetivo associar os defensivos que precisam ser aplicados simultaneamente. Assim, há economia de água, combustível, mão de obra e tempo, por exemplo.

No campo, muitas vezes os insetos, as plantas daninhas e as doenças precisam ser controlados em um mesmo momento, o que torna comum a mistura dos produtos para a realização de uma única aplicação.

Mas alguns cuidados devem ser tomados para que a pulverização seja adequada e o controle que se busca, alcançado.

Acompanhe a seguir as recomendações para as misturas em tanque.

Vantagens e finalidade das misturas de produtos

A mistura de produtos no tanque de aplicação é considerada uma das formas de utilizar racionalmente a água, para diluição do defensivo, além de dispender um menor tempo para a aplicação de diferentes produtos. Há também menor compactação do solo, já que as máquinas circulam menos vezes na área, os equipamentos sofrem menos depreciação e outros benefícios são associados a esta prática de manejo, principalmente no que diz respeito a redução dos custos.

Estas misturas são realizadas pela necessidade de controlar problemas que acontecem nos cultivos simultaneamente, como: plantas daninhas, insetos-pragas, doenças, e também para aplicação de adubos foliares, quando é preciso suprir a demanda nutricional das plantas.

Para isso, inseticidas, herbicidas e fungicidas, podem ser combinados e aplicados no mesmo momento. O que também reduz os danos nas plantas pela passagem dos equipamentos.

Pulverização em lavoura de soja. (Fonte: Jacto)

Seja pelo estádio de desenvolvimento da cultura, que requer a aplicação do produto em um momento específico, ou devido as condições meteorológicas adequadas para pulverização, a mistura em tanque é vantajosa para o agricultor, que além de ser menos exposto aos químicos pulverizados, pode tratar mais de um problema em sua área no mesmo momento.

Mas qual o problema em misturar produtos?

Apesar de ser uma prática fundamental para o produtor no manejo de sua lavoura, é preciso ter alguns cuidados com as misturas em tanque. Se não forem realizadas de forma adequada, a eficiência dos produtos pode ser reduzida ou até anulada devido as interações entre componentes químicos que não são compatíveis.

Entre essas interações, é possível que sejam geradas incompatibilidades químicas, que tem como um dos prejuízos a redução da eficiência do produto; e incompatibilidades físicas, onde as misturas não se tornam homogêneas e apresentam flocos e grumos ou excesso de espuma, formação de pastas e separação de fases dos produtos.

Com estas incompatibilidades, além da alteração das características do produto na mistura, os efeitos dos defensivos também podem ser potencializados e resultar em danos nas plantas que forem pulverizadas.

Por isso, fique atento as informações e evite perdas de produtos devido a inutilização da mistura, ou ainda a obstrução dos filtros, que compromete o sistema de aplicação e reduz a eficiência dele, gerando gastos com produtos que não apresentarão o controle que você busca.

Fitoxicidade em lavoura de soja.

Recomendações para as misturas de tanque

É possível verificar antes mesmo da aplicação a compatibilidade entre as misturas. O ideal é que você realize um teste com os produtos antes de misturá-los no tanque, para saber se são compatíveis.

Nesse teste, chamado de Teste da Jarra, você prepara uma calda de menor volume, onde realiza a mistura dos produtos que serão aplicados em seguida.

Para isso, utilize um recipiente transparente que comporte 1 litro de calda, e adicione 2/3 do volume de água. Neste teste, use exatamente os mesmos insumos que pretende pulverizar na sua lavoura, até mesmo a água.

Com essa análise prévia, você saberá se os produtos são compatíveis fisicamente, através das características que a calda apresentará após a mistura.

Teste da Jarra. (Fonte: Embrapa)

Além disso, é preciso que algumas outras variáveis sejam avaliadas e ajustadas, se necessário, são elas:

A qualidade água – Na água, existem características que podem interagir e influenciar a calda, podendo impactar negativamente a qualidade dos produtos. O ph, a concentração de cátions, a dureza da água, turbidez e materiais em suspensão, podem comprometer a mistura. Por isso, atente-se quanto a fonte de água que você utilizará.

Temperatura – O clima influencia tanto na velocidade de dispersão dos produtos misturados, quanto na pulverização em si, e requer uma faixa ideal de temperatura para que não ocorram problemas. Temperaturas abaixo de 15°C podem induzir a formação de géis em determinadas formulações. E além disso, não é recomendado que sejam feitas pulverizações em temperaturas tão baixas. Portanto, siga também as indicações de aplicação de produtos.

Agitação – A agitação do tanque precisa ser feita a todo momento, iniciando assim que a calda começa a ser preparada. É necessário realizá-la para impedir que os produtos fiquem depositados no fundo do tanque ou não sejam dissolvidos completamente. Mas atenção, não faça agitações intensas, pois isso pode fazer com que haja a formação de espumas e aglomerados, que se formam por conta da desestabilização de componentes do produto.

Ordem de mistura dos produtos – Há uma sequência adequada para a mistura dos produtos, pois existem compatibilidades que só ocorrem se for seguida a ordem de adição na calda.

Um exemplo de incompatibilidade devido a ordem errada de mistura é a adição de produtos concentrados emulsionáveis (EC) e seguidos por pós molháveis (WP), esta ordem induz a formação de uma pasta que fica sobre a mistura e não se dissolve, impossibilitando a aplicação no campo.

Para evitar situações como essa, siga a ordem adequada de adição dos produtos, que deve ser a seguinte:

  • Encha o tanque com 2/3 do volume de água da calda, isso garante que os produtos que serão adicionados a seguir serão dissolvidos ou dispersos de forma ideal;
  • Em seguida, se for utilizar condicionadores de água, agentes redutores de deriva, antiespumante e de compatibilidade, estes devem ser misturados no tanque;
  • Após isso, os pós molháveis devem ser adicionados (WP), e posteriormente os produtos granulados (WG e SG);
  • Na sequência, são as suspensões concentradas (SC), seguidas pelos concentrados solúveis e emulsionáveis (SL e EC);
  • Se mais adjuvantes forem adicionados, será posteriormente aos produtos já misturados;
  • Neste momento, se for necessário, os produtos foliares podem ser misturados;
  • E por fim, complete com o restante da água do volume de calda.

Há outras duas orientações para você se atentar, que são: não modifique o volume de calda e a quantidade de água necessária para a mistura, pois isso pode alterar a concentração e solubilidade dos defensivos aplicados, podendo gerar incompatibilidade entre eles.

Além disso, faça a pulverização logo que terminar o preparo das misturas, pois um dos fatores relacionados a eficácia dos produtos é o tempo de armazenamento, que quando feito por um longo período antes da pulverização pode provocar a degradação e desestabilização da calda.

Saiba também que muitas vezes as incompatibilidades não são identificadas logo que você realiza a pulverização dos produtos, você só verá os resultados depois que os danos forem ocasionados nas plantas. Por isso, além de seguir as dicas, procure a orientação de um profissional para lhe orientar quanto aos produtos que precisam utilizados!

Conclusão

Espero que as recomendações lhe ajudem no preparo das misturas de tanque.

Ainda são poucas as informações que se tem divulgadas devido da recente liberação. Portanto, para ter ainda mais conhecimento, verifique também as recomendações que estão contidas nos produtos que pretende utilizar, é possível que ele já tenha sido testado quanto a incompatibilidades.

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