No cultivo de soja em áreas de terras baixas em rotação com arroz irrigado há fatores que limitam as produtividades diferentes das áreas de soja de terras altas, sendo comum a presença de camada subsuperficial compactada, baixa condutividade hidráulica, baixa capacidade de armazenamento de água e baixo pH do solo

Fonte: Equipe FieldCrops.

Figura 1. Fatores para construção de lavouras de alta produtividade de soja em ambientes de terras baixas ou no sistema de produção de arroz irrigado.

Os ambientes de terras baixas são mais propícios à ocorrência de excesso hídrico no solo e, para minimizar os efeitos negativos do excesso hídrico sobre a produtividade da soja, são necessárias estratégias de drenagem das áreas. Essas estratégias visam reduzir a ocorrência ou a intensidade do excesso hídrico, dentre elas, citamos a construção de drenos principais e secundários para escoar rapidamente a água das chuvas, escarificação visando romper a camada subsuperficial compactada (Figura 2), semeadura da soja em microcamalhão ou utilização de mecanismos rompedores de camadas superficiais compactadas do solo, acoplados à semeadora.

Figura 2. Perfil do solo em área de terras baixas com camada compactada de 15 a 30 cm de profundidade em Cacequi, Rio Grande do Sul, Brasil. Lavoura do Campeonato Soybean Money Maker.

No cultivo de soja em terras baixas, além de ocorrer excesso hídrico (anos mais chuvosos), pode ocorrer o déficit hídrico (anos mais secos), devido a baixa capacidade de armazenamento de água do solo e baixa profundidade efetiva das raízes. A suplementação de água para a soja em terras baixas normalmente ocorre por meio da irrigação por sulcos ou por “banho” (inundação da área). Porém, durante o preparo do solo e a implementação dos sulcos de irrigação, há a necessidade de fazê-los no sentido de declividade da área, de forma que a drenagem da água ocorra de forma rápida (não perdurar por período superior a 24 horas) para evitar excesso hídrico no solo.

Os solos de terras baixas mais comumente encontrados no sistema de terras baixas são classificados como planossolos, neossolos, organossolo, gleissolos, chernossolo, vertissolo, plintossolos e espodossolo. Nesses tipos de solos, a ocorrência de excesso hídrico, o encrostamento superficial e a ocorrência de doenças de solo são fatores que impedem a emergência de plântulas e causam a morte de sementes e plantas adultas, resultando em ‘furos’ na lavoura, afetando o terceiro princípio para uma lavoura lucrativa de soja em terras baixas que é a plantabilidade e determinará a densidade de plantas. A drenagem naturalmente deficiente, decorrente de densidade elevada, baixa porosidade total, presença de camada subsuperficial com baixa permeabilidade e do relevo plano a suave ondulado originam um ambiente anaeróbico para a germinação das sementes.

Os processos para uma boa plantabilidade envolvem o preparo do solo antecipado (drenagem, descompactação e nivelamento), a dessecação para a semeadura no limpo, qualidade da semente, umidade do solo no momento da semeadura e as condições ambientais posterior à semeadura. É imprescindível que o produtor faça o diagnóstico do histórico da área prevendo uma possível correção na densidade de sementes em função da mortalidade de plantas durante a estação de cultivo ocasionado principalmente pela ocorrência de doenças de solo, como Rhizoctonia solani, Fusarium solani e Phytophtora sojae.

Para a escolha da cultivar (quarto princípio) para ambientes de terras baixas deve-se levar em consideração algumas características como: i) tolerância ao excesso hídrico no solo; ii) tolerância às doenças de solo, citados anteriormente; iii) agressividade radicular e capacidade de ramificar; iv) cultivares com ciclo superior a 130 dias.

Em lavouras de terras baixas já consolidadas, com drenagem eficiente, irrigação e pH corrigido, pode-se optar pela escolha de cultivares com ciclo maior que 120 dias. Diferentemente de terras altas, a época de semeadura perde relevância em terras baixas em função do risco climático em semeaduras no início do mês de outubro (mês com maior precipitação no Sul do Brasil). Porém, desde que se consiga um bom estabelecimento de plantas, as maiores produtividades em experimentos foram obtidas em semeaduras realizadas na segunda quinzena de outubro e primeira quinzena de novembro (Figura 3).

Fonte: Equipe FieldCrops.

Figura 3. Relação entre a produtividade da soja (ton ha-1) e a data de semeadura (dias após 20 de setembro) para experimentos de soja em rotação com arroz em terras baixas no Rio Grande do Sul, Brasil. Círculos azuis representam experimentos com irrigação suplementar e círculos amarelos experimentos sem irrigação suplementar. A linha sólida mostra a função limite superior. 

A nutrição de plantas é o sexto princípio para uma lavoura lucrativa em terras baixas. Para a cultura da soja, para que se tenha um bom desenvolvimento e crescimento das plantas, os solos devem apresentar pH entre 5,5 a 6,5, pois possibilitam a melhor disponibilidade e quantidade de nutrientes requeridos pela soja.

A compactação do solo também é um fator limitante das lavouras de terras baixas. As atividades sequenciais de vários anos de mobilização e preparo de solo com grades para a semeadura do arroz promovem uma camada compactada logo abaixo da superfície do solo entre 10 a 15 cm, conhecido como “pé de grade”. Essa barreira física limita o crescimento das raízes das plantas de soja, o armazenamento e drenagem da água. O menor crescimento radicular proporcionado pela compactação do solo pode favorecer a ocorrência de doenças radiculares.

Para mitigar os efeitos da compactação ações de subsolagem para quebrar essa camada são recomendadas, na impossibilidade dessa prática recomenda-se a utilização de hastes sulcadoras na semeadura em profundidade entre 15 a 20 cm. Nesse sentido, a semeadura em sulco-camalhão também é uma estratégia para melhorar a aeração do solo e proporcionar o aprofundamento radicular das plantas.

Dentre os manejos fitossanitários, o controle de plantas daninhas em áreas de terras baixas deve receber atenção. A soja entrou no ambiente de terras baixas em rotação com o arroz como alternativa de rentabilidade e para auxiliar no manejo integrado de plantas daninhas do arroz.

A dessecação pré plantio e uso de herbicida pré-emergente seletivos são práticas para eliminar a vegetação presente na lavoura antes da semeadura. Esse controle inicial pode ser feito com a aplicação de um ou mais produtos que tenham ação nas plantas a serem controladas

Referências Bibliográficas

ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET



 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.