Os danos que a mosca-branca causa nos cultivos já são conhecidos por muitos produtores.

São insetos que se alimentam das plantas, transmitem vírus e favorecem o desenvolvimento de fumagina. Ou seja, são pragas diretas, por conta de sua alimentação na planta, e também indiretas, devido a virose e fumagina desenvolvidas pela sua presença.

Todos estes danos podem levar a uma severa redução de produtividade dos cultivos. E para evitar essas perdas, você precisa manejar corretamente.

Acompanhe a seguir e conheça mais sobre o controle deste inseto-praga.

Identificação da mosca-branca

Se você deseja controlar essa praga logo que ela se instala no cultivo, é preciso que saiba identificar as fases de desenvolvimento da mosca-branca, pois desde o início do seu ciclo de vida, ela já causa danos nas plantas.

Há registros de que ela ataca mais de 500 espécies de plantas, e entre estas, diversas culturas de importância econômica, como: culturas anuais, hortaliças e plantas ornamentais.

O adulto da mosca-branca tem coloração branca/amarelo-palha e mede aproximadamente 2 mm de comprimento. Um inseto bastante pequeno que provoca danos severos.

Inseto adulto de mosca-branca. (Fonte: Agrolink)

As fêmeas colocam seus ovos no lado inferior das folhas, e a partir destes ovos, em torno de 5 a 8 dias eclodem as ninfas, que são os insetos jovens da mosca-branca.

Estes insetos jovens têm coloração amarelo-claro, são translúcidos e até atingirem a fase adulta, passam por quatro instares de desenvolvimento. No primeiro instar elas são móveis e buscam o melhor lugar na planta para se fixarem. Nos instares seguintes elas são imóveis e permanecem desta forma por 7 a 11 dias, até chegarem a fase de pupa, que pode durar de 4 a 8 dias. Em todos os estádios de desenvolvimento, as ninfas sempre estão se alimentando da planta.

Após passarem a fase de pupa, atingem o estádio adulto, e é na fase adulta que estes insetos são capazes de acasalar. Precisamente, após 12 a 48 horas de sua emergência. A longevidade dos adultos varia de uma a três semanas e cada fêmea pode colocar ao longo do seu ciclo de vida, de 100 a 300 ovos.

Na imagem, há um adulto de mosca-branca e por toda a folha estão distribuídos ovos (1) e ninfas (2) do inseto. (Fonte: Adaptado de Koppert)

Entre as mais de 1500 espécies de insetos descritas na família Aleyrodidae, a mais preocupante é Bemicia tabaci, a mosca-branca que é encontrada em praticamente todos os locais de produção.

Ocorre que, alguns indivíduos da espécie B. tabaci possuem características específicas, o que permite diferenciar indivíduos dentro da mesma espécie. Externamente, todos os insetos são iguais, e por isso tem o mesmo nome científico, mas por meio de análises moleculares é possível verificar as diferenças que alguns apresentam. Os insetos que possuem estas características distintas são denominados biótipos.

Os biótipos de mosca-branca que tem ocorrência registrada no Brasil são o biótipo B e o biótipo Q, considerados os mais nocivos entre os biótipos que já se tem identificação.

As moscas-brancas do biótipo B apresentam alta fecundidade e sua taxa de reprodução é 30% maior que a de outros biótipos. Sua grande capacidade de dispersão e polifagia, permite que encontrem vários hospedeiros para se instalarem. A alimentação destes insetos também é mais voraz e a produção de honeydew, que é a substância açucarada que excretam, é maior, o que favorece o desenvolvimento de fumagina em maior proporção.

Já o biótipo Q, é motivo de grande preocupação para os agricultores desde que seu primeiro registro no país aconteceu, no ano de 2013. Desde então, os insetos de B. tabaci biótipo Q se espalharam pelo país. Este biótipo demonstra grande facilidade de desenvolver resistência aos principais ingredientes ativos que são comumente utilizados para controle da mosca-branca. Por conta desta menor suscetibilidade aos inseticidas, o controle destes insetos pode ser dificultado e, consequentemente, ficar mais caro. Além disso, são vetores de vírus exóticos para a cultura do tomate.

Em altas densidades populacionais, estas pragas podem levar a planta a morte, então você precisa ficar atento e utilizar rigorosamente os métodos de manejo para impedir que danos irreversíveis sejam ocasionados.

Danos diretos e indiretos para as plantas

A alimentação da mosca-branca acontece por meio da sucção de seiva, e com ela, impactam negativamente o desenvolvimento da planta e reduzem a produtividade das culturas.

Durante a alimentação, injetam toxinas que provocam anomalias na planta e, em algumas culturas, pode ocorrer o amadurecimento irregular dos frutos.

Excretam uma substância, o honeydew, que favorece o desenvolvimento do fungo fumagina. Como consequência, a fumagina cresce sobre as folhas e demais partes da planta, prejudicando sua fotossíntese.

São vetores de cerca de 120 viroses, o que é considerado o dano mais sério provocado pelo inseto. Doenças como o vírus do mosaico crespo da soja, necrose-da-haste, vírus do mosaico dourado do feijoeiro, vírus do mosaico comum em algodão, geminivírus em tomate, são exemplos de viroses transmitidas pela mosca-branca.

Mosca-branca em folha de soja; B) Fumagina na folha; C) Planta de feijão com sintoma de vírus do mosaico dourado. (Fonte: Mais Soja, Embrapa e Agrolink)

Controle

O controle deste inseto pode ser feito com o uso de produtos químicos e biológicos.

No entanto, é importante associar outros métodos de manejo no seu cultivo pois isoladamente, é difícil que um método de controle seja eficiente para o controle da mosca-branca.

Como já existem populações resistentes a inseticidas, é importante que você rotacione os ingredientes ativos e modos de ação, para que consiga controlar eficientemente esta praga se ela for registrada em sua lavoura.

Saiba que a facilidade de desenvolver resistência aos inseticidas e também o hábito de permanecer na parte abaxial das folhas, são características que requerem o uso de técnicas de manejo que vão além da pulverização de um inseticida, seja ele químico ou biológico.

Portanto, utilize também na sua lavoura os métodos de controle culturais, como eliminação de hospedeiros e restos culturais; métodos físicos, como barreiras vivas que impeçam a disseminação de insetos pelo vento; e genéticos, com o uso de variedades resistentes.

Você também pode utilizar inimigos naturais para controlar a mosca-branca. Há no mercado o produto Amblymip®, que contém o ácaro predador da espécie Amblyseius tamatavensis e é registrado para controle de mosca-branca.

Além dos predadores, há os parasitoides, como a espécie Encarsia formosa, que são outros agentes de controle biológico possíveis de utilizar.

É interessante que as táticas de controle que você implementar no campo preservem os inimigos naturais presentes naturalmente no ambiente, pois eles já realizam um controle de insetos na sua lavoura. Então, procure utilizar produtos seletivos e os produtos biológicos que estão no mercado. Em ambas categorias, há uma variedade de inseticidas que você pode utilizar.

Assim, você controla a mosca-branca e não atinge de forma negativa os insetos benéficos que também realizam um controle natural.



Apesar de ser um inseto pequeno, você viu a quantidade de danos que o ataque da mosca-branca pode ocasionar nos cultivos.

Associar estratégias de controle para o combate deste inseto é de fundamental importância.

Utilize as estratégias de manejo e monitore constantemente, pois quanto mais cedo você controlar, menores serão os problemas acarretados.

 

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