O azevém (Lolium multiflorum) é considerada uma das plantas daninhas mais complexas de se manejar no sistema de produção do trigo. Por se tratar de uma espécies daninha pertencente a mesma família (Poaceae), o azevém apresenta particularidades com o trigo, o que dificulta o controle seletivo dessa gramínea.
Especialmente no Sul do Brasil em que as condições edafoclimáticas são adequadas ao cultivo do azevém, essa espécie integra o sistema de produção lavoura-pecuária, como forrageira. No entanto, por apresentar elevada produção de sementes e grande viabilidade delas, é comum que áreas cultivadas com azevém apresentem a ressemeadura natural dessa espécie, assumindo papel de planta daninha em culturas produtoras de grãos como o trigo em cultivos sucessores.
É importante destacar que as sementes de azevém podem permanecer viáveis por até quatro ou cinco anos. Nesse sentido, as sementes produzidas pelo azevém e dispersas no ambiente produtivo, passam a integrar o banco de sementes do solo, resultando ciclos de emergência dessa planta daninha por anos após seu cultivo (Vargas, 2011).
Figura 1. Sementes de azevém.

Considerando que a ressemeadura natural do azevém favorece o aumento de suas populações em lavouras de trigo, é fundamental adotar estratégias de manejo que minimizem a matocompetição e preservem o potencial produtivo da cultura. Entre as abordagens mais utilizadas, destacam-se a aplicação de herbicidas pré e pós-emergentes. Embora os herbicidas pré-emergentes contribuam para reduzir as infestações iniciais, é comum que, em áreas com alta infestação, o azevém escape ao controle inicial e emerja junto ao trigo. Nesses casos, torna-se necessário complementar o manejo com herbicidas pós-emergentes.
Figura 2. Azevém em meio a cultura do trigo.
É importante destacar que, além da limitada disponibilidade de produtos registrados para o controle químico do azevém em pós-emergência do trigo, há relatos de casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas, inclusive àqueles seletivos utilizados nesse período, como o Iodosulfurom-metílico e o Piroxsulam, ambos inibidores da ALS.
Atualmente, há relatos de casos de resistência do azevém no Brasil a herbicidas inibidores da EPSPs (glifosato, 2003); inibidores da ALS (iodosulfurom-metílico, 2010); resistência múltipla a inibidores da ACCase e EPSPs (cletodim e glifosato, 2010); resistência múltipla a inibidores da ALS e ACCase (iodosulfurom-metílico e cletodim, 2016) e resistência múltipla aos herbicidas inibidores da ALS e EPSPs (iodosulfurom-metílico, piroxsulam e glifosato, 2017) (Heap, 2025).
Com esses casos de resistência a herbicidas, restringe-se as opções de herbicidas pós-emergentes para o controle de azevém na cultura do trigo. Com uma limitada gama de opções, são recomendados para o controle do azevém na pós-emergência do trigo Clodinafope (inibidor da ACCase), Iodosulfurom-metílico (Inibidora da ALS), Piroxsulam (Inibidor da ALS), Imazamoxi (Inibidor da ALS) e mais recentemente o Pinoxaden (inibidor da ACCase).
O Imazamoxi é indicado somente para uso em cultivares de trigo tolerantes CL (ClearField® ). Esses herbicidas, usados em pós-emergência, têm a sua eficácia dependente do estádio de desenvolvimento da planta daninha, sendo os melhores resultados obtidos quando aplicado em plantas jovens, com 2 a 4 folhas (Rizzardi).
Além disso, vale destacar que é necessário conhecer as populações de azevém presentes das áreas de cultivo, uma vez que o emprego de herbicidas como o iodosulfurom-metílico em populações resistentes, resulta em um controle ineficaz. Doses e estádios de desenvolvimento do trigo para a aplicação desses herbicidas podem variar de acordo com o herbicida, devendo-se portanto, atentar para recomendações presentes na bula. Consulta um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).
Veja mais: Características, casos de resistência e estratégias de manejo do Azevém (Lolium multiflorum)
Referências:
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponível em: < www.weedscience.org >, acesso em: 24/07/2025.
RIZZARDI, M. A. COMO CONTROLAR O AZEVÉM NO TRIGO? Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/como-controlar-o-azevem-no-trigo >, acesso em: 24/07/2025.
VARGAS, L. et al. AZEVÉM RESISTENTE AO GLIFSATO: CARACTERÍSTICAS DE MANEJO E CONTROLE. Embrapa, comunicado técnico, 298. Passo Fundo – RS, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/62590/1/2011comunicadotecnicoonline298.pdf >, acesso em: 24/07/2025.