As plantas do gênero Ipomoea, popularmente conhecidas como corda-de-viola, infestam a cultura da soja, normalmente apresentando destaque nos períodos finais do desenvolvimento da cultura, resultando além da matocompetição, em dificuldades na operação de colheita. Segundo Piccinini (2015), o aumento da densidade populacional dessa planta daninha em meio a soja reduz significativamente a produtividade da oleaginosa (figura 1). Avaliando a competitividade e danos de cordas-de-viola em soja, o autor observou reduções de produtividade de até 45% em função da matocompetição da planta daninha com a cultura.
Figura 1. Efeito das diferentes densidades de corda-de-viola (DP, pl m-2) na produtividade biológica (PBa, %) da soja.
Além da elevada habilidade competitiva dessa planta daninha, a dificuldade na colheita em função da presença dessa planta daninha nas áreas agrícolas é um frequente relato dos produtores agrícolas, especialmente pelas características fisiológicas da planta, resultando em “embuchamento” das colhedoras, desgaste de componentes da plataforma de corte, tombamento de plantas, entre outros.
Cabe destacar que algumas populações de Ipomoea sp. podem inclusive apresentar resistência a herbicidas, fato que dificulta ainda mais o controle efetivo dessa planta daninha. Além disso, conforme observado por Orzari et al. (2013), algumas espécies de corda-de-viola (Ipomoea grandifolia, I. nil e Merremia aegyptia) apresentam comportamento fotoblástico negativo, ou seja, germinam na ausência de luz, fato que contribui para o surgimento de fluxos de emergência dessas plantas daninhas após o fechamento da entrelinha de cultivo da soja.
Figura 2. Porcentagem de germinação de I. grandifolia, I. nil e M. aegyptia, na presença e ausência de luz.
Embora seja considerada fotoblástica negativa, fatores como temperatura e umidade ainda são essenciais para o processo de germinação da corda-de-viola. Segundo Orzari et al. (2013), as espécies apresentaram máxima germinação no intervalo de temperaturas de 20 a 25 °C. outro fator que impacta a germinação é a distribuição das sementes no perfil do solo. Conforme observado por Garcia; Giraldeli; Amorim (2022), a emergência das espécies Merremia aegyptia, Ipomoea nil e Ipomoea quamoclit é superior nas camadas mais superficiais do solo, quando comparada a sementes distribuídas em camadas mais profundas.
Isso indica que o revolvimento do solo, alterando a distribuição das sementes de corda de viola pode contribuir para o aumento dos fluxos de emergência dessas plantas daninhas.
Logo, embora consideradas fotoblásticas negativas, o sistema plantio direto com a boa cobertura do solo contribui para o manejo da corda-de-viola, uma vez que não há a redistribuição das sementes no perfil do solo pelo seu revolvimento.
Veja mais: Controle de plantas daninhas em soja – quais as etapas do manejo?
Referências:
GARCIA, V. V./ GIRALDELI, A. L.; AMORIM, E. A. EMERGÊNCIA DE CORDAS-DE-VIOLA EM DIFERENTES PROFUNDIDADES E SOB DIFERENTES QUANTIDADES DE PALHA. ANAIS DO XXXII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, p. 42, 2022. Disponível em: < https://cbcpd2022.com.br/files/anais_cbcpd.pdf >, acesso em: 27/09/2022.
ORZARI, I. et al. GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES DA FAMÍLIA CONVOLVULACEAE SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUZ, TEMPERATURA E PROFUNDIDADE DE SEMEADURA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 1, p. 53-61, 2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/xPBQJj5Mq6tq7gwrY4crLcF/?lang=pt >, acesso em: 27/09/2022.
PICCININI, F. COMPETITIVIDADE E DANOS DE CORDAS-DE-VIOLA EM SOJA. Universidade Federal de Santa Maria, Dissertação de Mestrado, 2015. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/5131/PICCININI%2C%20FERNANDO.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 27/09/2022.
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